sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

Pílulas do Vicente Limongi Netto


 

Briga de gigantes
Dilma versus Cunha é briga de gigantes.  As agressões começaram cedo. Seria bom, embora julgue difícil, quase impossível, os dois lados trocarem a paixão e a emoção pelo equilíbrio e bom senso.
Todo esse clima feroz e tumultuado seria evitado se Dilma, logo que assumiu o segundo mandato, tivesse mantido uma porta do bom e saudável diálogo com Eduardo Cunha. Postura que adotou com Renan Calheiros.
Caso contrário o abismo institucional entre Executivo e Legislativo seria ainda mais grave e acentuado. A meu ver, os aliados de Dilma erram feio quando insistem em transformar a Chefe da Nação em vítima e Eduardo Cunha em criminoso e satanás.  Cunha empurrou com a barriga e com inteligência por bom tempo os pedidos de impeachment de Dilma.
Jamais quis criar problemas para o governo. Apenas não abre mão de agir com independência. Trabalhou nos bastidores de olhos bem abertos, visando sua sobrevivência política. Deu o devido troco quando se sentiu escorraçado. Nada de errado. 
Não vejo razão para o Palácio de o Planalto vociferar. Creio que Dilma vai escapar do impeachment e Eduardo Cunha da cassação. Ambos continuarão vivendo, felizes para sempre. O jogo é jogado, o lambari é pescado.
Julgamento
Não está escrito em lugar nenhum que a justiça dos Estados Unidos é dona do mundo. Os promotores norte-americanos não podem, não devem nem têm autoridade de ostentar com arrogância e prepotência o manto de justiceiros do universo. Muito menos de donos do monopólio da verdade.
Agem movidos pelo sentimento da vingança, da retaliação, da torpeza e da indignidade, porque perderam para a Rússia o direito de sediar a copa do mundo de 2018. Registre-se e afixe-se. A imprensa brasileira, lamentavelmente , segue a linha covarde dos pseudos justiceiros norte-americanos e numa penada só,   baseados apenas em ilações e frases feitas e de cócoras para o que foi publicado pela imprensa de Nova Iorque, também decidiram que Marco Polo Del Nero é culpado.
É incrível como a desinformação, a má-fé, a burrice e o açodamento, atropelam o bom senso, o equilíbrio e a lucidez. Os levianos então passam a prejulgar e atirar pedras nos envolvidos. Nenhum país tem o direito de condenar ninguém sem culpa comprovada. A inteligência e a imparcialidade ensinam que pelo menos se tome conhecimento dos argumentos da defesa do presidente da CBF, Marco Polo Del Nero. O ódio, o ressentimento, a mentira, a hipocrisia e a covardia não merecem vencer todas as batalhas.
Pintura
Joana Limongi fará exposição de pinturas no próximo dia 10, prolongando-se até o dia 12, das 14 às 22 horas, na Galeria do Ateliê Lourenço de Bem, à SMLN MI 08 Conjunto 02, casa 18 –(Lago Norte). Confirmação de presença pode ser feita pelo email projoanalimongi@gmail.com.
80 anos do Boni
Beleza, Boni firme e forte chega aos 80! Rodeado de amigos de fé. Maravilha. Entre eles, Anísio Abrahão. Acho digno de aplausos quem sabe preservar os amigos. Mesmo banqueiros de bicho. Qual o problema? Os cretinos do timeco dos politicamente corretos não vão cair de pau no Boni? Entre eles, incluo, claro, parte da imprensa que se acha intocável e mais pura do que os santos das igrejas.
71 anos do Limongi, por Said Dib.
“Vicente Limongi Netto chega altaneiro e forte nos 71 anos. Com as características dos legítimos escorpianos, amigo dedicado e inimigo implacável. Polêmico por natureza, por gosto e por prazer, Limongi não deixa nada sem resposta. Nem mesmo sandices de covardões escondidos atrás de pseudônimos. "Canalhas que lamentavelmente estão dominando as redes sociais", salienta.
Feliz e agradecido pelas centenas de mensagens recebidas, Limongi ostenta todas elas no coração. Porém, uma especialmente emocionou e marcou o jornalista. A do historiador, professor e analista político Said Dib, também pai de Manuela, neta do Limongi:
"É muito difícil imaginar um pai tão amoroso, um marido tão dedicado, um amigo tão fiel, um jornalista tão fidedigno e competente como o guerreiro Vicente Limongi Netto. Meu melhor amigo. Vozão dedicado e carinhoso, nunca abandona um amigo. Tenho orgulho em conviver com você, amigo! Seus pais maravilhosos estão lá no céu, do lado de Jesus, comemorando o seu dia. Parabéns, Limongi!".

 

O Brasil tem de reviver como Nação

 Adriano Benayon * -
 Ao longo da 1ª metade do Século XX, o Brasil fez notáveis progressos através da industrializado fortalecimento das instituições financeiras públicas. Também, na área social, com a decretação do salário mínimo (1930) e da legislação trabalhista (1932, consolidada em 1943). Economia e relações sociais são interdependentes.
2. Entretanto, esses avanços -  interrompidos de 1946 a 1950, quando a  política do País se submeteu facilmente ao império angloamericano e à polarização ideológica da Guerra Fria – não foram suficientemente retomados e atualizados,  sequer com a volta de Getúlio Vargas à presidência da República em 1950, pelo voto direto do povo.
 3.Isso porque, diante disso, a intervenção do poder mundial tornou-se maciça e sustentada por abundante corrupção, que penetrou em todos os campos estratégicos, com o objetivo de fazer abortar o surgimento de uma potência industrial no Hemisfério Sul.
4.Essa intervenção logrou derrubar o presidente e inaugurou uma era, que completou 61 anos, de sucessivas renúncias à autonomia econômica e política do Brasil.
5.A desnacionalização da indústria, política oficial desde janeiro de 1955, conduziu à desindustrialização e causou déficits externos, originadores da dívida externa e depois da dívida pública interna.
6.A política de destruição da Nação foi grandemente radicalizada por meio das três primeiras eleições diretas, sob a Constituição de 1988, regime de aparente democracia: a de Collor em 1989 e as duas de FHC,  1994 e 1998, que desencadearam verdadeiros tsunamis de entreguismo e institucionalizaram a devastação socioeconômica do País.
7.A corrupção, em todas suas acepções, já havia formado maioria folgada dos constituintes, para inserir na Lei Básica normas estratégicas contrárias aos interesses nacionais.
8.Os analistas viciados no engano de qualificar tudo sob o prisma ideológico esquerda/direita, definiram como “Centrão” os constituintes “centro-direita” favoráveis a essas normas, que poucos da “esquerda” combateram.
9.Nem um só parlamentar denunciou a aprovação do art. 164, nem a inserção no texto constitucional, por meio de fraude, de cláusula no inciso II, parágrafo 3º do art. 166, que elimina limites à aprovação de verbas para o serviço da dívida. O art. 164 põe o Tesouro Nacional à mercê dos bancos.
10. O peso do dinheiro concentrado e da mídia antibrasileira nas eleições continuou a eleger Congressos cada vez mais alheios aos interesses do País, a ponto de terem aprovado dezenas de emendas à Constituição, favoráveis aos concentradores financeiros estrangeiros e locais.
11.Ora, o processo de degradação econômica, política e cultural teve início nos anos 50, quando o Brasil não havia construído  infraestruturas econômica e social de país desenvolvido.
12.Pior:  a maioria das que se implantaram, após 1955, foi planejada em favor dos carteis transnacionais aqui instalados para obter lucros ilimitados da extração dos abundantes recursos naturais e do controle do mercado consumidor.
13. A de transportes já era deficiente e não foi corrigida, ficando ainda mais lastimável, considerado o crescimento  econômico, ainda expressivo até o final dos anos 70, graças a estes fatores:    inércia da industrialização anterior;  crescimento demográfico; os fabulosos recursos naturais do País; haver, até então, recursos de monta para investimentos públicos, pois as finanças do Estado ainda estavam em processo de serem arruinadas pelo modelo dependente, causador das exações referentes ao serviço da dívida.
14.Como lembrou o professor de tecnologia Weber Figueiredo,  o presidente Vargas, em 1950, dada a insuficiência de trens em face da demanda de passageiros, mandara ampliar o sistema ferroviário. Havia 676 trens e transportavam-se mais de 500 mil passageiros/dia. Hoje  são 450 mil e pouco mais de 100 trens, muitos daquela longínqua época. Numerosas conexões no interior foram suprimidas em São  Paulo e outros Estados.
15.Os transportes no Brasil retratam a situação de um país ao qual foi negada permissão para desenvolver-se. Tudo serve aos carteis transnacionais do petróleo/indústria automotiva. Predominam as rodovias. Não há linhas de metrô que  atendam minimamente a demanda das regiões metropolitanas. As principais ferrovias são de natureza colonial:  transportam aos portos colossais quantidades de minérios: Belo Horizonte/Vitória; Carajás/Itaqui.
16.Onde  houve desenvolvimento, houve uso intenso das aquavias, como os cinco grandes lagos que ligam, nos EUA,   Meio Oeste, Costa Leste e Canadá. Inglaterra, França, Alemanha construíram densas malhas de rios navegáveis e canais. Em 1900, já tinham boas ferrovias e ainda as estendem e aperfeiçoam. A China constrói ótimas ferrovias e trens de alta velocidade em todo seu extenso e acidentado território.
17.As ferrovias para transportar matérias-primas minerais e agrárias remetem ao modelo econômico que não valoriza os recursos naturais do País nem os processa em indústrias de capital nacional, porque acabou com elas, ao entregar o mercado às transnacionais.
18.Esse modelo causa mega-catástrofes irreparáveis, como a do rompimento das barragens de dejetos das minas, em Mariana, MG, operadas pela Samarco, controlada pela transnacional anglo-australiana Billiton, com participação da Vale.
19.Dada a corrupção e a obtusa mentalidade entreguista, nenhum dos poderes - a nível federal, estadual e local - exige reais controles de segurança, nem se mostra inclinado a acabar com os intoleráveis abusos.  Chegam ao ridículo de participar de entrevistas midiáticas junto com executivos da transnacional transgressora.
20.O desastre econômico e ambiental remete, por sua vez, à privatização da portentosa Vale Rio Doce, em 1997, no esquema que entregou patrimônio de dezenas de trilhões de dólares, por 3 bilhões, “pagos” com títulos podres e compensados por créditos fiscais e outras benesses.
21.Da Serra de Carajás transportam-se diariamente 576 mil toneladas do melhor minério de ferro do mundo, com o que ela tende a acabar em 80 anos.
22.O saqueio mineral é subsidiado pela isenção tributária na exportação (Lei Kandir, LC 87, 13.09.1996, aplicável também ao agronegócio) e premiado por taxação ínfima na extração.
23. CFEM (Compensação Financeira pela Extração Mineral) -  calculada sobre o líquido (a ETN arranja e superfatura despesas minimizar o faturamento  bruto) -  cobra estas alíquotas:  alumínio, manganês, sal-gema e potássio: 3%; ferro, fertilizantes e carvão: 2%; ouro: 1%; pedras preciosas,  carbonados e metais nobres: 0,2%. 
24.Foram extraídas, em 2013, das “nossas” minas de ferro 370 milhões de toneladas, 90% para exportação  e 10% para o mercado interno. Com a acelerada desindustrialização, a dependência do exterior continua crescendo, e, mesmo com preços em queda,  os minérios metalúrgicos respondem por 13% do valor total das exportações.
25.Na agricultura o quadro é semelhante: 55%  das terras são usados para cultivar soja - metade da qual se destina à exportação - causando pauperização dos solos – e contaminação de aquíferos -  decorrente do intenso uso de fertilizantes químicos, sementes transgênicas e pesticidas altamente tóxicos.
26.As exportações agrárias somaram, em 2014,  US$ 96,7 bilhões = 43% das exportações totais do País, de  US$ 225,1 bilhões, que equivalem a míseros 10% das exportações da  China!
27.O caos agrário liga-se à miséria da energia, via setor sucroalcooleiro, formado por enormes usinas e plantations, a maioria já desnacionalizada, a exportar açúcar e álcool (6,1% das exportações totais), segundo o interesse dos patrões transnacionais.
28.Esse esquema prevalece contra a correta ideia original do programa do álcool (1974), que incluía agricultura familiar, descentralização, culturas alimentares combinadas e aproveitamento de óleos vegetais - como dendê, macaúba, pinhão manso etc. -  para substituir o diesel do petróleo, além do erguimento da química do álcool e dos óleos vegetais.
29.Além de se fazer tudo errado no biodiesel, engodo para ocultar a mão pesada das transnacionais - governantes das poluidoras fontes fósseis -  as “alternativas” preferidas têm sido as dependentes de tecnologia e equipamentos importados, como a eólica.
30.Ainda sobre a infraestrutura de energia, não é de omitir a devastação em curso, desde Collor e FHC, a qual desnacionalizou o grosso da geração e distribuição da hidroeletricidade, e instituiu um sistema de precificação, impossível de entender, para propiciar indecentes lucros aos beneficiários, que já elevou as tarifas, em 150% acima da inflação.  No processo, sugaram-se as estatais, a ponto de pôr a Eletrobrás em situação falimentar.
* -Adriano Benayon é doutor em economia pela Universidade de Hamburgo, Alemanha e autor do livro Globalização versus Desenvolvimento.

Política caminha para o Parlamentarismo

O mandato da Presidenta Dilma Rousseff pode ser comparado a uma embarcação em alto-mar com diversas avarias e ameaçando adernar a boreste e a bombordo, em águas infestadas de tubarões famintos.
O rombo maior já foi provocado pelo presidente da Câmara dos Deputados, deputado Eduardo Cunha, quando aceitou, na última quarta-feira, o pedido para abertura do processo de impeachment contra Dilma formulado pelos juristas Hélio Bicudo, Miguel Reale Júnior e Janaína Paschoal.
Contribuiu para esse fato a prisão do senador Delcídio Amaral, que rompeu o equilíbrio instável do presidencialismo de coalizão, criando clima procelário em Brasília e minando qualquer possível entendimento entre Dilma e Cunha para  abafar os processos que os afligem.
Esse pedido de impeachment, o 28º de um total de 34 apresentados à Câmara dos Deputados pela Oposição, é baseado em descumprimento da Constituição pelo Governo Dilma, incorrendo em crime de responsabilidade pela prática das denominadas “pedaladas fiscais”, que são manobras contábeis e orçamentárias para gastos além dos limites legais em 2014 e 2015.
Uma guerra entre a Presidente Dilma Rousseff e o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, terceiro na linha sucessória e suspeito da prática de atos de corrupção que o tornam alvo de avaliação da Comissão de Ética da Câmara, é o clima dominante em Brasília,
A Oposição não quer convocação extraordinária do Congresso Nacional, que se encontra às vésperas do recesso parlamentar, enquanto o Palácio do Planalto, que deseja uma tramitação rápida do processo de impeachment, antes que haja mobilização nacional dos oposicionistas, tenta forçar a prorrogação dos trabalhos parlamentares.
É um jogo de braço que não mostra até agora nenhum vencedor, mas que pode ser crucial para o desfecho da crise política que se alastra no Brasil e contamina a economia – a pior crise vivida pelo maior país da América Latina, desde a Revolução de 1930, conforme bem sintetizou em recente matéria o jornal  “Financial Times”, de Londres.
Com a economia brasileira encolhendo cerca de 3% em 2015 e 2% em 2016, taxa atual de inflação estimada em quase 10% e déficit orçamentário de 30,5 bilhões de reais para o próximo ano, o anúncio da autorização de abertura do processo de impeachment de Dilma fez baixar a cotação do dólar e subir a bolsa de valores, numa reação do mercado sintomática e favorável à mudança de governo.
A leitura do documento  que justifica o  pedido de impeachment, feita pelo primeiro-secretário da Câmara dos Deputados, deputado Beto Mansur, do Partido Republicano Brasileiro –PRB- pelo Estado de São Paulo, demorou mais de duas horas.
Trata-se de longo e apurado texto relatando todas as manobras efetuadas pelo Poder Executivo durante o Governo Dilma (repetindo artimanhas dos seus antecessores Luiz Inácio Lula da Silva e Fernando Henrique Cardoso) para dominar o processo legislativo a seu interesse, sem levar em consideração o princípio da tripartição de poderes.
O principal instrumento que vem sendo utilizado pelo Poder Executivo, para manter sua hegemonia, desde a promulgação da Constituição de 1988, é a medida provisória, na qual são inseridos, costumeiramente, dispositivos estranhos ao teor principal (caput) da matéria, criando normas que legalizam, justificam e até legitimam decisões presidenciais que escapam à fiscalização dos demais poderes. Há mais de 70 mil normas no Brasil e a consolidação das mesmas se torna matéria desafiadora e complexa por causa das edições de medidas provisórias.
O documento extenso é um perfeito roteiro das artimanhas empregadas pelo Poder Executivo no Brasil para burlar a vigilância dos Poderes Legislativo e Judiciário e da própria sociedade na produção de leis para garantia da governabilidade. Expõe as entranhas do Presidencialismo brasileiro e as suas táticas de sobrevivência, razão pela qual, além de servir de estudo para países de todos os continentes interessados num modelo de estado normativo altamente cartorial e burocrático, abre caminho para um novo sistema de governo: O Parlamentarismo.
Sim, com o desnudamento do Poder Executivo, numa verdadeira radiografia das suas mutretas e do seu furor legiferante, em detrimento do Poder Legislativo, esse documento de múltipla autoria abre caminho para implantação do Parlamentarismo, ainda que como solução temporária e terapêutica para a crise atual.