O colunismo social se transformou no maior vício e no maior modismo da imprensa brasileira, tomando conta de todos os meios de comunicação social impressos e eletrônicos: jornal, revista, rádio, televisão e internet.
No interior ou na grande cidade, os antigos “mexericos da Candinha” se tornaram o espaço da imprensa mais visado pela classe média. Não há programa de rádio ou jornal e rede de televisão que não tenha seus especialistas em falar da vida alheia, fotografar e comentar grandes festas da sociedade. A internet então... Tornou-se por excelência a vitrine das fofocas.
Até a grande imprensa aderiu ao colunismo social. As revistas “Veja”, “Caras”, ”Contigo”; os jornais “O Globo”, a “Folha de São Paulo”, “O Estado de S.Paulo”, ”Jornal da Tarde”; quase todas as emissoras de televisão e quase todos os sites o comprovam.
A classe média em geral e uma pequena fatia da classe mais tradicional adoram saber quem faz o que, quem está namorando quem, quem se casou ou se separou, como é a residência de fulano ou beltrano, como andam as personalidades na vida real (os políticos de modo especial), qual a raça da cadela de certa senhora, quais são os novos milionários e falidos, como foi o casamento ou as bodas de um casal milionário ou artistas famosos, qual a nova moda nos salões, que tipo de roteiro turístico nacional e internacional é a nova atração,etc.
Não quero citar muitos colunistas de renome, do Centro-Sul, mas alguns que conheci pessoalmente, como colegas de jornalismo e do meu tempo de profissional ativo no “Correio Braziliense” e em “O Estado de S.Paulo”: Ibrahim Sued (O Globo), Zózimo Barroso do Amaral (JB), Talita de Abreu, a “Katucha”, e Gilberto Amaral (Correio Braziliense), Hildegard Angel (O Globo), César Giobbi (O Estado de S.Paulo), Giba Um (Diário do Comércio), Tavares de Miranda e Joyce Pascowitch (Folha de São Paulo), Amaury Júnior (Rede TV), Hélio Fraga (O Estado de Minas), etc. Sei que outros nomes faziam muito sucesso nas demais regiões, mas esses li com freqüência, como repórter, até por dever de ofício, para elaborar e cumprir pautas jornalísticas.
Confesso que hoje raramente leio uma coluna social, mas elas continuam “bombando” em todos os meios de comunicação, ainda mais com o surgimento dos denominados “promoters” - pessoas responsáveis por organizar e promover um determinado evento, recepção, festas, seminários, etc.-, que confeccionam disputadíssimas listas de convidados com gente famosa ou rica e que garantem a divulgação de fotografias e comentários nas colunas sociais.
Colunistas e “promoters” atuam numa espécie de simbiose, ajudando-se mutuamente em seus objetivos - captação de notícias e promoção de negócios, ambos interessantes aos órgãos de comunicação.
Não vejo no horizonte algum sinal de crise para esse segmento jornalístico, mas, ao contrário, acho que ele vai navegando de vento-em-popa, inclusive no interior do País, onde os colunistas sociais são temidos, odiados e ao mesmo tempo idolatrados, dependendo da notícia que escrevem.
Uma boa teoria de sustentação das colunas sociais é a de que as pessoas são mais importantes do que os fatos. Assim, não há notícias velhas e nem requentadas, porque o importante é o evento e as pessoas que dele participaram sem a necessidade do imediatismo e da atualidade que antes orientavam o denominado “furo”, no jargão jornalístico.
É claro que um bom repórter, assim como um bom redator ou colunista, não dispensa uma notícia de primeira mão, “quentinha”, mas aquele pesadelo de ser furado, que antes dominava os jornalistas, parece ter diminuído, depois que os “pools” jornalísticos foram institucionalizados com base nas agências noticiosas.
Carlos Castelo Branco, em sua “Coluna do Castelo”, e Carlos Chagas, em “O Estado de São Paulo”, foram mestres do “furo” analítico, aquele que driblava os próprios censores e repassava informação relevante ao leitor atento. Ambos não deixavam de ler as colunas sociais.
Jornalista hoje parece ter medo de “furar” os colegas e sofrer represálias não só dos mesmos, mas das próprias fontes, muitas das quais governamentais, quase sempre com acesso direto às chefias e direções dos órgãos jornalísticos.
Na minha dissertação de Mestrado em Ciência Política, pela Universidade de Brasília, cujo tema é “Comunicação Política no Brasil Moderno”, abordo a prevalência do Estado sobre a Sociedade no controle da comunicação política no País, a partir da década dos 30, por meio das vertentes política, jurídica e econômica. Se fosse atualizar esse meu trabalho, não deixaria de realçar a importância crescente da coluna social.
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