A Câmara dos Deputados aprovou a criação da “Comissão Nacional da Verdade”, para esclarecer casos de violação dos direitos humanos ocorridos entre 1946 e 1988.A matéria foi enviada ao Senado.
Curiosamente, o período a ser investigado pela Comissão vai de 1946, quando governava o Marechal Eurico Gaspar Dutra, um governo marcado pela “guerra-fria” e pela promulgação de uma constituição liberal, e 1988, Governo José Sarney, quando foi promulgada a “Constituição Cidadã”,atualmente em vigor.
Todo mundo sabe que o objetivo principal dos articuladores da instalação dessa Comissão Nacional da Verdade é o regime militar de 1964 a 1985, mas a reação de militares da ativa,da reserva e reformados, que consideram tal comissão afrontosa à própria Lei da Anistia,promulgada pelo Presidente João Figueiredo, em 1979,recomenda ao governo prudência, e ao Legislativo a adoção de mecanismos para que os trabalhos não fujam ao controle dos Três Poderes. 1
Uma comissão dessa natureza é muito parecida com uma Comissão Parlamentar de Inquérito: Todo mundo sabe como começa, mas ninguém sabe como termina... Ademais, há membros do governo, a própria Presidenta Dilma Roussef, que atuaram em movimentos clandestinos, de arma em punho, combatendo a repressão militar, numa guerra que fez vítimas dos dois lados.
A sociedade brasileira quer (dizem os articuladores), os tribunais internacionais reforçam a necessidade de apuração de possíveis violações de direitos humanos, mas há não só expressivo número de militares influentes, mas também de empresários, religiosos e políticos, que tiveram participação em ambos os lados, e que estarão atentos aos rumos da Comissão, que, certamente, produzirá fogo inimigo, mas não deixará também de produzir fogo amigo...
Esse pomposo nome dado à Comissão deve estar mexendo com os brios do filósofo Nietzsche, em seu túmulo, pois, para ele a verdade não passa de um ponto de vista e também de um phatos, cujo maior inimigo não é a mentira, que essa se dissipa com o tempo, mas a convicção oriunda da alienação fundamentada nos dogmas.
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