O artigo “Bancos Apossam-se da Europa”, de autoria do professor Adriano Benayon, da Universidade de Brasília, que este blog publica, merece ser lido com lupa, tantas são as observações percucientes do autor sobre o quadro no Velho Continente.
Quando fala em “oligarquia financeira” tentando capturar os estados europeus, sob a liderança do banco Goldman Sachs, de Nova Iorque, observa que os bancos não querem saber de consultas populares - plebiscito e referendo-, depois de suas propostas serem rejeitadas em duas consultas realizadas na pequena Islândia. Não posso deixar de conjecturar que tais mecanismos da democracia direta contrariam o poder financeiro também no Brasil.
O resultado do plebiscito no Pará é um exemplo. Contraria a estratégia das oligarquias no sentido de dominar o País, via redivisão territorial, centralizando as principais decisões no Senado Federal e jogando a Câmara dos Deputados, que representa o povo, para escanteio.
A retaliação já começa a ser feita, com os “separatistas” paraenses pleiteando a mudança da capital do Pará, de Belém para outra cidade. Os mudancistas não vão descansar, e, talvez, isso explique a liberação da “ficha-suja” Jader Barbalho, pelo Tribunal Superior Eleitoral, para assumir cadeira no Senado Federal - mais um lance no sentido de se promover a criação do Estado de Carajás, em virtude das riquezas minerais existentes na região.
Jader Barbalho ainda tem muito poder e liderança naquele estado, remanescente de sua gestão no Ministério de Assuntos Fundiários. Independentemente de fatores morais e éticos, é um político talentoso e que sabe jogar pesado. Pode vir a ser a liderança que os separatistas não tiveram no último plebiscito. Em resumo, soltaram o leão da jaula, e ele está faminto...
Outra observação de Benayon é que a periferia européia está entrando no Terceiro Mundo, e com ela outros países sujeitos à receita prescrita pelo FMI, e a atual depressão “se desenha como a mais profunda e longa da História, se não for interrompida pela terceira guerra mundial, planejada pelo complexo financeiro-militar dos EUA”.
A propósito, a Câmara dos Representantes dos Estados Unidos aprovou ontem o projeto de lei para o orçamento de Defesa, no valor de 662 bilhões de dólares para o ano 2012, e o Senado ratificará a decisão.É um orçamento pouco menor do que o de 2011, mas é bem indicativo do clima armamentista mundial, pois os EUA já estão reduzindo sua presença no Afeganistão e no Iraque.
Depressões profundas na Europa, historicamente, redundam em grandes conflitos mundiais, e a própria Rússia, com a nova composição de sua Duma, parece articular com certa ansiedade a recondução de Vladimir Putin à Presidência, em março,aproveitando a sua experiência de enfrentamento dos Estados Unidos na “guerra-fria”.
O ano escatológico de 2012, regido pelo “signo da serpente”, já está se desenhando...
Nenhum comentário:
Postar um comentário