O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, em entrevista ao
blog de Guilherme Barros, prevê que o Brasil só retomará seu crescimento nos
próximos dois anos, em decorrência da atual situação internacional. Previsão
feita ao retornar de viagens a vários países da Europa, Ásia e América.
Os estímulos feitos à economia pelo Governo da presidente
Dilma Roussef, até agora paliativos, mostram a necessidade urgente de revisão
dos quatro pilares da política macroeconômica: Política Comercial, Política Fiscal,
Política Monetária e Política Cambial.
Realista, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, reduziu a
expectativa de crescimento do Produto Interno Bruto para 2,5% e agora empreende
esforços junto aos empresários para elaboração de uma agenda condizente com os
desafios da conjuntura internacional, mas, também, acoplada aos interesses da
coalizão governamental pelas eleições municipais.
A deposição legítima e democrática do Presidente Lugo, do Paraguai,
e a sua substituição por Federico Franco, que ainda vem produzindo
verborrágicas manifestações de alguns chefes de Governo da América Latina, no
contexto da reunião de cúpula do MERCOSUL, aberta em Mendoza, é um sinal de
alerta não só aos países com agenda econômica vulnerável, mas ao próprio
Brasil.
Os regimes de esquerda solidários ao ex-presidente Lugo
perceberam o silêncio do povo paraguaio concordante com a troca de governo,
pois governabilidade é soma de legitimidade mais eficácia, e o governo Lugo não
vinha sendo eficaz nem na política interna e nem na economia, que
apresentou nos últimos anos algumas
melhoras, mas ainda dependente da informalidade (60%) e das atividades
agropastoris(21%), com apenas 19% de participação industrial.
Apesar da posição punitiva contra o Paraguai, defendida por
vários países da UNASUL, como a Venezuela e Equador, outros expressivos, como Brasil,
Uruguai e Argentina, adotam posição mais branda e favorável à permanência do
Paraguai no Mercosul, com eventuais restrições do país ao processo decisório.
A Presidente da Argentina, Cristina Kirchner, foi objetiva e
sintetizou a atitude de prudência que os três países devem adotar, observando
que sanções econômicas nada resolvem, pois quem acaba pagando a conta final é o
povo. Há ainda o receio de que, com suas riquezas estratégicas, o Paraguai abra
espaço para parcerias políticas e
econômicas estratégicas com países como os Estados Unidos e a China.
Mas, esta é a lição que o processo de destituição de Lugo dá
a todos os chefes de governo da América Latina: Ninguém está politicamente seguro,
nesse “tsunami” global em que se transformou a economia internacional, com sua bolha
financeira de quase 700 trilhões de dólares.
Se até cúpula da União Européia resolveu agora abrandar as
medidas de austeridade contra Grécia, Portugal, Espanha, Itália, Reino Unido e
demais países deficitários, evitando colocar os bancos no garrote vil, é porque
o preço político seria muito alto. Perde-se capital financeiro, mas ninguém
quer perder capital político, nem mesmo a altiva Alemanha.
Brasil, Argentina e Uruguai estariam dispostos a perder o
capital político amealhado pelo MERCOSUL, com a participação pioneira do
Paraguai, colocando o garrote vil no pescoço da vizinha nação? Nem com 5% de crescimento da economia, e muito menos com 2,5%...
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