sábado, 23 de março de 2013

O dilema shakespeariano de Campos


O governador do estado de Pernambuco, Eduardo Campos, do Partido Socialista Brasileiro – PSB-, está sendo estimulado a se posicionar como candidato à Presidência da República em 2014,antes mesmo que o senador Aécio Neves, do Partido da Social Democracia Brasileira –PSDB-, do Estado de Minas Gerais, se consolide como presidente da sigla e potencial candidato a desbancar a reeleição de Dilma Rousseff e do vice Michel Temer.

Aécio Neves vem enfrentando resistências em São Paulo (leia-se o ex-candidato à Presidência e ex-ministro e ex-governador José Serra), que postula seu nome para presidir o PSDB e voltar ao topo do cenário político, deixando o ostracismo a que foi relegado no principal estado do País.

Ainda com a bancada do PSB apoiando o Governo Dilma no Congresso, Eduardo Campos se empenhou muito em viabilizar os contatos dos governadores que estiveram recentemente em Brasília reclamando verbas e condições para um novo pacto federativo entre União, Estados e Municípios, como desdobramento da aprovação da nova lei de distribuição dos “royalties” do petróleo beneficiando os estados não produtores.

O pacto em estudo, cujas negociações têm como um dos coordenadores o ex-Presidente José Sarney, apresenta como seus principais temas  a descentralização das ações que, antes do Governo Lula, eram da competência dos estados e municípios e que foram usurpadas pela União, e uma ampla reforma fiscal e tributária.

Com essa nova ofensiva política do governador Eduardo Campos, o senador Aécio Neves se caracteriza cada vez mais como voz da Oposição, mas esta se enfraquece como um todo, na medida em que o próprio PSDB se encontra dividido e o Democratas se mantém impotente para exercer papel mais ofensivo.

Conversando com o ex-ministro Henrique Hargreaves, um dos homens fortes do Governo Itamar Franco, ele observou que a oposição no Brasil praticamente inexiste e que a situação de um governo sem oposição não é saudável para a democracia.

Quanto ao futuro de Eduardo Campos, continua uma incógnita. Se continuar apoiando o governo, mesmo mais fortalecido em seu vôo solo, não poderá disputar a Presidência com chances reais de sucesso. Se descambar para a oposição, terá que se compor com Aécio Neves, que tem primazia para ser cabeça de chapa com qualquer nome. Se Campos ficar estacionário entre o Governo e a Oposição, poderá ser atropelado pelos dois lados. O dilema shakespeariano, “ser ou não ser”, é a questão que afeta o Governador.

 

 

 

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