Leio que o Partido dos
Trabalhadores –PT- estaria preparando núcleos de militância em ambientes
virtuais - MAVs- para exercer atividades de patrulhamento virtual e táticas de
propaganda e guerrilha na internet, segundo admite o coordenador do núcleo, Adolfo
Pinheiro.
O comando petista e, de modo especial, o ex-presidente Lula, tem sido constantemente atacados, pelas redes sociais, blogs e sites de adversários políticos, que escapam ao controle exercido pelo governo sobre a denominada “grande imprensa” (jornais e emissoras de rádio e televisão).
Recentemente, a ex-petista, ex-ministra do Governo Lula e ex-candidata à Presidência da República, Marina Silva, apresentou queixas, através de artigo publicado por um jornal de grande circulação, contra o que considera calúnias contra sua pessoa propagadas pela internet e alertou sobre o crescimento desse tipo de atividade pelas redes virtuais.
A atual secretária de comunicação do Governo Dilma Rousseff, jornalista Helena Chagas, propôs o exame de proposta de regulamentação da mídia com base em projeto do jornalista Franklin Martins, que assessorou o Governo Lula na área de comunicação, em entrevista concedida à revista “Meio & Mensagem”.
Helena afirma: ”Não se pode ter controle de conteúdo. Isso não existe. Mas, temos de regulamentar e elaborar uma legislação de proteção ao cidadão que se sentir atingido em sua honra e dignidade por acusação da mídia.”.
Filha do jornalista Carlos Chagas, assessor de imprensa do Governo do general Costa e Silva e um dos ícones ainda restantes da imprensa livre no Brasil, que acaba de perder os jornalistas Ruy Mesquita, proprietário do jornal “O Estado de S. Paulo” , e Victor Civita, proprietário da Editora Abril, da Revista “Veja”, ambos recentemente falecidos, Helena Chagas alimenta a idéia de controle, ainda que de forma comedida, embora dentro do próprio governo haja fortes setores resistentes à proposta de Franklin Martins.
Qualquer manual de comunicação ensina, com base nas idéias de McLuhan, que “o meio é a mensagem”. Por conseguinte, não existe essa possibilidade de se regulamentar a mídia virtual sem interferência no conteúdo. Operacionalmente, a internet é um campo de liberdade de expressão sobre o qual nenhum governo, mesmo nos países mais fechados, como a China, consegue resultados práticos desejáveis pelo governo em suas tentativas de censura por meio de softwares ou técnicas sofisticadas de filtragem.
O problema é que uma censura
feita on line poderia se transferir para o campo real, onde os métodos são
mais eficientes e já consolidados pelas leis de cada país, livre ou submetido a
regras autoritárias. No caso do Brasil, o controle sutil exercido sobre a
imprensa, pelas vias econômica, jurídica e política, dificilmente teria sucesso
na web.
A estratégia de guerrilha pela internet planejada não apenas pelo PT, mas também por outros partidos políticos, é legítima e consentânea com a natureza da “float information” do mundo global.
Esse assunto é tão vasto, que só o tempo, muito debate e o conhecimento científico e tecnológico permitirão decantar as tendências não apenas dos governos mas, também, dos internautas, que ainda se encontram em processo de descoberta do poder real que lhes confere sua participação política pela internet.
Eu poderia mencionar aqui alguns nomes expressivos da comunicação política atual, no Brasil e mundo inteiro, cujas idéias enriqueceriam o debate sobre os rumos da internet, mas ouso dizer o que penso a respeito dessa questão:
Nenhum sistema constituído pelo homem tem autonomia para gerar resultados diferentes daqueles para o qual foi implantado, a menos que escape ao seu controle. Sendo a internet um instrumento de dominação global, com base numa tecnologia peculiar e inovadora e na liberdade de expressão (forma e conteúdo interdependentes), ela tem no momento uma incipiente deontologia própria, cujo aperfeiçoamento tem longo caminho a percorrer. Mas, o resultado desse processo será determinante de novas definições morais e éticas sobre conceitos como liberdade e opressão.
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