terça-feira, 16 de julho de 2013

Fim da reelegibilidade virou darma político


Com a popularidade do governo da Presidente Dilma Rousseff desabando de 54,2%, em junho, para 31,3%, em julho, segundo pesquisa realizada pela Confederação Nacional dos Transportes –CNT- e divulgada nesta terça-feira, torna-se evidente que o barco de sua reeleição em 2014 começa a fazer água, obrigando a atual coalizão governamental, liderada pelo Partido dos Trabalhadores –PT- e pelo Partido do Movimento Democrático Brasileiro –PMDB- a providenciar imediatamente botes salva-vidas.

As manifestações de junho, a vaia recebida recentemente pela Presidente Dilma, durante encontro com prefeitos de todo o País, as dificuldades econômicas e financeiras internas, atingindo o setor industrial, e a pressão dos preços dos alimentos em geral, aqui e no mundo inteiro, elevando a taxa inflacionária para 10%, nos últimos 12 meses, além do persistente quadro de recessão da economia internacional, apontam para uma real dificuldade de reeleição da Presidente, embora as pesquisas ainda confiram sua vitória sobre os prováveis adversários listados.

Como botes salva-vidas, o PT ainda aposta numa reforma política via plebiscito para ser aplicada em 2014, enquanto o PMDB, mais prático, pensa numa reforma elaborada pelo próprio Congresso Nacional e submetida a referendo. À esta altura, apenas uma questão se impõe como urgente: A manutenção ou não do instituto da reelegibilidade, que se transformou num estorvo para os atuais detentores do poder. Delenda a reelegibilidade para os cargos executivos! É a palavra de ordem do momento político brasileiro.

Via plebiscito ou referendo, a tendência é que a reelegibilidade seja derrubada, e isto ensejaria uma saída honrosa para a Presidente Dilma, o PMDB - que controla a Câmara dos Deputados e o Senado Federal, principais redutos de uma safra de políticos que vem sendo repudiada - e o PT, que vem sendo execrado como partido que frustrou um amplo espectro da sociedade, por conta de fisiologismos, desmandos administrativos e violações de princípios éticos e morais, dos quais o “Mensalão”, do Governo Lula, se transformou em símbolo, embora a compra de votos parlamentares tenha sido inicialmente engendrada durante o governo Eduardo Azeredo, do Partido da Social Democracia Brasileira - PSDB-, no Estado de Minas Gerais.

O tempo urge e o Governo e os políticos, de olhos nas ruas, apesar do aparente quadro de calmaria, se esforçam para arranjar darma que os proteja de alguma recaída dos internautas, durante a visita do Papa e a realização da Copa do Mundo, ou de uma nova demonstração de força dos, supostamente, libertários “Anonymous”, que já mostraram sua capacidade não apenas de derrubar sites oficiais, mas também de derrubar governos...

Hanna Arendt, em seu estudo “As Origens do Totalitarismo” (1951), adverte sobre a banalização do terror e a manipulação das massas como condições que viabilizaram o Nazismo e o Stalinismo, mas, em determinado trecho, se não me falha a memória, observa que, quando a convulsão sociopolítica ocorre, impõe-se a voz que grita mais alto no meio da turba...

Mas, a proposta brasileira é de liberdade, preferencialmente com democracia. Isto pressupõe que, finda a reelegibilidade, o sistema eleitoral-partidário brasileiro se reajuste para uma recriação da representação política  em geral, com novos candidatos e novas ideias para um Brasil melhor.

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