O Corporativismo é uma
instituição sólida, que rege o poder no Brasil, tanto no âmbito estatal quanto na esfera
societária. Ele garantiu a absolvição do deputado Natan Donadon, que pertenceu
ao Partido do Movimento Democrático Brasileiro do Estado de Rondônia.
Condenado pelo Supremo Tribunal
Federal e preso, desde junho, na penitenciária da Papuda, em Brasília, sob
acusação de corrupção, o parlamentar teve seu mandato mantido pelos seus
colegas em votação realizada na Câmara dos Deputados.
Agora um
parlamentar-presidiário, Donadon é o símbolo das contradições existentes no
controle da constitucionalidade, onde o Poder Executivo, mais uma vez,
desequilibra a balança manobrando para que muitos parlamentares da sua base de
apoio se ausentassem da sessão negando o quórum de dois terços para a cassação
do mandato.
Prevalecendo a primazia do
Legislativo na cassação de mandatos parlamentares, conforme estabelece a
Constituição Federal, há o risco de que os deputados condenados pelo STF no
rumoroso processo do “Mensalão”, mas no exercício do mandato (casos dos
petistas João Cunha e José Genoíno e de Waldemar Costa Neto, do Partido Liberal,
e Pedro Henry, do Partido Progressista), recebam da Câmara o mesmo procedimento corporativista.
A bancada do governo dificilmente
deixará de manobrar para inviabilizar a cassação do mandato dos referidos
deputados já condenados e com suas penas confirmadas pelo STF, presidido pelo
ministro Joaquim Cardoso, o homem que conduziu com mão-de-ferro, como relator,
o julgamento dos 25 acusados de envolvimento na compra de votos parlamentares durante o Governo Lula e que tem seu nome citado como "candidatável" à Presidência da República, nas eleições de 2014.
O que se tem, por conseguinte, no
Brasil é um STF que reclama para si o controle da constitucionalidade, como
Corte Suprema; um Poder Legislativo que reclama a constitucionalidade, quando
se trata da defesa de seus membros, e um Poder Executivo com poder de fato
sobre a constitucionalidade, pois o Presidente da República é o Supremo
Magistrado e chega até a influenciar na indicação dos membros do STF e fazer o
que quer num Parlamento sem oposição expressiva.
Em resumo, manda quem pode e
obedece quem tem juízo – como afirma o adágio recorrente nos meandros da
expressão do poder político. E o corporativismo impera também na sociedade,
onde siglas como a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), ABI (Associação
Brasileira de Imprensa), AMB (Associação Médica Brasileira), a FIESP (Federação
das Indústrias do Estado de São Paulo), etc. impõem seus rituais em defesa dos
afiliados, em detrimento dos direitos do cidadão.
A teoria do Corporativismo é
ampla, iniciando-se nas corporações de ofício, na Idade Média, mas é comum a
associação dessa instituição milenar com os regimes fascistas e com a história
da própria Igreja Católica. Corporativismo é, por essência, antidemocrático.
Feichas, concordo inteiramente com seu artigo. Entendo que se a intenção de setores do PT era favorecer os mensaleiros, o tiro saiu pela culatra. A revolta com a "tragédia cívica" da manutenção do mandato do presidiário Natan Donadon pode ser o estopim para reacender as ruas. As manifestações do 7 de setembro deverão ser intensas. Acredito que isso interessa ao Planalto. A imagem da Presidente tende a melhorar, com o maior desgaste do Congresso. Além disso, legitima o Planalto a arguir a ADI contra a PEC do orçamento impositivo. Em resumo, Donadon "foi um tiro nos 2 pés".
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