Este
é um libelo a favor do Estado brasileiro e contra a virulenta investida que vem
sofrendo da parte do neoliberalismo globalizante invejoso, rapace e empenhado
em conter o desenvolvimento do Brasil, hoje a sexta economia mundial.
Globalização que é a nova forma de colonização, onde poucos são os
globalizantes – o Grupo dos Sete – e muitos os globalizados.
Comparo
o Brasil a um trem, onde o Estado é a locomotiva e a Sociedade os vagões. O
Estado é determinante, a Sociedade coadjuvante. O núcleo pensante do estatismo
brasileiro – não vou aqui identificá-lo para os inimigos internos e externos –
vem negligenciando no monitoramento dos governos que se instalaram no Brasil,
nas últimas décadas - Collor, Fernando Henrique, Lula e Dilma -.
Sequazes
do sistema colonizador, esses dirigentes cumpriram e cumprem os ditames dos centros de
poder como Organização das Nações Unidas -|ONU-, Fundo Monetário Internacional-FMI-,
Banco Mundial, Banco Interamericano do Desenvolvimento - BID -, Organização dos
Estados Americanos - OEA-, Organização Mundial do Comércio - OMC-, etc.,
Cumpriram
e cumprem o mesmo papel de Herodes em relação a Roma, promovendo a desestatização,
a privatização entreguista de setores estratégicos e o desmonte do serviço
público, que é a espinha dorsal do Estado brasileiro, em especial pelo
aviltamento da política de cargos e remuneração.
O Estado antecedeu à Sociedade, na formação do Brasil,
como salientam Afonso Arinos de Mello Franco e outros autores, observando que a
vinda e instalação da Família Real no Rio de Janeiro com Dom João VI, entre
1808 e 1820, marcaram a construção da ordem antes mesmo que houvesse um mercado
significativo. Leia-se "A Construção da Ordem", de José Murilo de Carvalho.)
O
protagonismo estatista tivera início, então, com importantes medidas adotadas
por Dom João VI, tais como a fundação do Banco do Brasil, a criação da Imprensa
Régia, a criação da Academia Real Militar, a instalação de Faculdades de
Medicina no Rio e em Salvador, a fundação de uma fábrica de pólvora e de
metalúrgicas em Minas Gerais e São Paulo, a fundação da Academia de Belas
Artes, da Biblioteca Real, do Jardim Botânico, do Museu Real e Museu Nacional,
etc.
A
cultura do Brasil é estatista e o processo de privatização da economia e demais
setores, nas últimas décadas, notadamente após o Governo Fernando Henrique
Cardoso, não passa de investidas dos neoliberais, à frente o FMI, o Banco
Mundial e os demais centros de poder globalizantes, para quebrar a espinha
dorsal do Brasil e transformá-lo em repasto das potências tradicionalmente
aliadas no empreendimento colonialista ocidental, como Estados Unidos e
Grã-Bretanha.
Além
da privatização, a estratégia colonialista procura contaminar a eficiência e a
eficácia do Estado brasileiro por meio da desvalorização dos serviços públicos,
em todos os poderes e níveis territoriais, estimulando a mídia a questionar de
forma permanente a sua qualidade e desencadear campanhas em favor da redução de
cargos e vencimentos dos servidores, além de implantar, nos diversos escalões
de direção da administração pública, nova geração de funcionários de nível
médio inocentes úteis e capazes de fazer o jogo da submissão sem
questionamento. Ortega y Gasset explica, em sua "Rebelião das Massas", o tipo de homem ideal para servir de massa de manobra.
É
o que vem ocorrendo desde o Governo Fernando Henrique Cardoso, com movimento
crescente nos governos petistas, quando milhares (mais de 40 mil funcionários) foram
nomeados, muitos despreparados para o exercício virtuoso das funções que lhe
são confiadas. Carecem de formação, treinamento e aperfeiçoamento para o
desempenho de suas atribuições, o que resulta em gastos maiores, prejuízos à
qualidade dos serviços e deterioração da imagem do serviço público.
Brasília
é o locus
da política nacional, abrigando as sedes dos três poderes-Legislativo,
Executivo e Judiciário –, dos ministérios e de quase todas as empresas
componentes do aparato estatal. Irradiando para todo o Brasil as diretrizes de
funcionamento do Estado, em todas as expressões do Poder Nacional, todas as
sedes de órgãos têm a sua pujança arquitetônica, objeto de críticas
sistemáticas como obras faraônicas. Mas, fica a indagação: Teriam que ser obras
medíocres, com funcionários medíocres e mal remunerados?
A
capital é alvo de sistemática campanha da imprensa qualificando-a de” paraíso
dos marajás”, mas é o Estado que a mantem, com seu aparato funcional, porque é
a sede nacional do governo e não dispõe
das mesmas condições que o Rio de
Janeiro e São Paulo para manter sua economia. Não há cabimento em se querer nivelar a remuneração dos servidores
públicos federais, sem a diferenciação dos residentes em Brasília.
Na
visão neoliberal, com apoio dos governos do PSDB e do PT, sim, mas os
empresários que alimentam esse novo processo colonialista dentro do Brasil, por
meio da mídia cúmplice, omitem os gastos nababescos para a construção das sedes
de suas empresas (bancos em especial) e a imensa cornucópia de incentivos
auferidos junto ao governo. Só o que é estatal no Brasil é exagerado,
corrompido e inútil, para esses críticos.
A
culpa desse crescente desgaste do Estado é do núcleo pensante do estatismo
brasileiro, que tem se omitido e permitido que a influência estrangeira
paralise cada vez mais o Estado no desempenho dos seus projetos de interesse
nacional em todas as expressões do poder nacional.
Quando
a Presidente Dilma Rousseff afirma, como nesta semana, que não permitirá que os
empresários influenciem as decisões do Estado, fá-lo por ingenuidade ou
malícia, porque os empresários e agentes do neoliberalismo no mundo inteiro se
encontram em franca investida para captura do Estado brasileiro, por meio de investimentos externos ou parcerias vantajosas em setores estratégicos da economia.
Desde
os seus primórdios, o Partido dos Trabalhadores lançou seu programa em defesa
do trabalhador em seu discurso geral, e conseguiu estendê-lo ao funcionalismo
público, mas a verdade é que sempre defendeu apenas os trabalhadores da
iniciativa privada, acionando os seus sindicatos para reduzir a margem de
remuneração do servidor estatal e permitir que os patrões aumentassem seus lucros
com menor concorrência do Estado nas planilhas salariais. É um engodo que foi
engolido pelo núcleo estatista e pela sociedade. O PT é contra o servidor
público e, como tal, tem colaborado para a desmoralização da categoria.
Nas
denominadas “carreiras de Estado” – diplomacia, receita federal, polícia
federal e forças armadas-, há uma sistemática tentativa colonialista de
contaminação, com políticas de baixa remuneração, escassez orçamentária e
controle político interno e externo. A própria criação do Ministério da Defesa
e da Força Nacional de Segurança Pública fazem parte do plano colonialista de
enfraquecimento do Estado brasileiro. Na Polícia Federal, aumenta o número de
casos de suicídio entre os funcionários. Na diplomacia, há muitos insatisfeitos
com a interferência de “especialistas” de fora da carreira, e na receita
federal os fiscais começam a se preocupar com o ônus familiar e social das suas
atribuições no cumprimento das metas de arrecadação.
Vamos a casos políticos
emblemáticos. Os tribunais superiores vêm adotando decisões ao sabor dos
interesses do Executivo monitorado pelo FMI e ao arrepio de direitos adquiridos
e da segurança jurídica dos trabalhadores públicos e privados brasileiros. A fixação
de contribuição previdenciária dos aposentados e pensionistas durante o Governo
Lula ,a criação da previdência complementar dos servidores, o aumento de
impostos e da carga tributária e o corte abrupto dos vencimentos dos servidores
ativos, aposentados e pensionistas, ocorrido recentemente, proposto pelo
Tribunal de Contas da União –TCU-, mediante acórdão referendado pelo Supremo
Tribunal Federal -STF-.
No caso específico do recente
corte dos vencimentos dos servidores do Legislativo e ajuste ao teto
constitucional, ao arrepio da segurança jurídica e dos direitos adquiridos por
aposentados e pensionistas, constata-se uma curiosa relação de poder, em que o
TCU, órgão auxiliar do Poder Legislativo e presidido pelo ex-deputado federal Augusto
Nardes – teve prontamente seu acórdão cumprido pelos presidentes da Câmara,
deputado Henrique Alves, e do Senado Federal, senador Renam Calheiros. Um órgão
auxiliar dita a um Poder o que fazer. . Algo comparável a um rabo balançando o
cachorro...
Agora, até ex-ministros
do TCU correm o risco de sofrer cortes em seus vencimentos e proventos, como é
o caso dos ex-deputados Adylson Motta, Humberto Souto e Ubiratam Aguiar, além
dos atuais ministros Augusto Nardes, José Múcio Monteiro e José Jorge, que se aposentaram
como parlamentares.
Que força tão poderosa
impeliu o presidente do TCU, Augusto Nardes, a decidir pela imolação própria e
dos seus colegas de tribunal, quando há uma corrente política no Brasil
favorável ao fim da limitação constitucional da remuneração dos servidores?
Essa excrescência – o teto - só interessa ao Poder Executivo visando economizar
para a composição do superávit primário e fazer o jogo dos interesses
neoliberais na fantástica dívida externa brasileira. ABAIXO O TETO SALARIAL E
INDEPENDÊNCIA AOS PODERES!
O Processo Legislativo,
a produção de leis, é caro em qualquer país, pois constitui o eixo do
equilíbrio político-institucional. Trata-se do maior desafio da Política, desde
os tempos da Grécia e de Roma Antigas. Não se faz Processo Legislativo sem
funcionários qualificados no Legislativo, Executivo e Judiciário, em todos os
níveis (federal, estadual e municipal). A própria Constituição Federal, como
Lei Maior, reflete a necessidade de se traduzir no processo normativo a alma
nacional, dentro da máxima fidelidade possível.
O sistema político
brasileiro, no tocante ao Processo Legislativo, vem sofrendo rupturas que vão
desde a representação política –com sabotagens e corrupções no subsistema
eleitoral e partidário- até o sistema de governo - onde impera o Poder Executivo
- e a forma de estado, com esgares separatistas que ameaçam quebrar a unidade
nacional em seus valores éticos, morais e culturais (em especial a política indigenista
e do meio-ambiente). Muita coisa orquestrada do exterior e executada pelos “quadros
herodianos”.
Encerrando
esse libelo em defesa do Estado, o Brasil chegou ao atual patamar de desenvolvimento
tendo o Estado como protagonista e a Sociedade como coadjuvante. Ajustes são necessários ao
enfrentamento dos desafios apresentados pela globalização – nova forma de
colonialismo -, mas não escorrerão pelo ralo da história os esforços realizados
por Dom João VI, pelo Patriarca José Bonifácio de Andrada e Silva, Dom Pedro I,
Dom Pedro II, José Maria da Silva Paranhos( o Barão do Rio Branco), Luís Alves
de Lima e Silva ( o Duque de Caxias), Irineu Evangelista de Sousa (o Barão de
Mauá),Getúlio Vargas, Juscelino Kubitschek, entre outras admiráveis figuras de
estadistas e empreendedores.
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