A programação da Jornada de Seminários da sétima
Feira Internacional da Amazônia (VII FIAM) contou com a discussão do tema
“Reservas Minerais e de Óleo e Gás Natural na Amazônia Ocidental”. O evento,
realizado pela Superintendência da Zona Franca de Manaus (SUFRAMA) em parceria
com diversas instituições, ocorreu na Sala 4 do Studio 5 Centro de Convenções e
teve por objetivo apresentar uma visão geral dos principais arranjos produtivos
de base mineral e de óleo e gás na região, considerados os aspectos de inovação
tecnológica, logística, do desenvolvimento de novos clusters industriais de gás
químicos e de fertilizantes e do uso do gás natural pelas indústrias do Polo
Industrial de Manaus (PIM).
O seminário contou com a participação do secretário
de Estado de Mineração, Geodiversidade e Recursos Hídricos (SEMGRH-AM), Daniel
Nava, o superintendente de Refino, Processamento de Gás Natural e Produção de
Biocombustíveis da Agência Nacional do Petróleo (ANP), Alexandre Camacho, o
coordenador-geral do Complexo Químico e da Saúde do Ministério do
Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Marcus Simões, além de
representantes de empresas e outras instituições afins ao tema.
O uso industrial e o polo gás químico foram
alguns dos pontos discutidos pelos especialistas, que abordaram a participação
da região amazônica, em especial do Amazonas, na produção de óleo e,
principalmente, gás natural. Segundo Alexandre Camacho, da ANP, “a Amazônia
responde por 1% da produção nacional de petróleo, mas chega a 10% do total de
gás natural produzido, o que demonstra o potencial energético da região”.
O diretor técnico-comercial da Companhia de
Gás do Amazonas (Cigás), Clóvis Júnior, informou que a produção local diária de
gás natural chega a 6,85 milhões de metros cúbicos (m³) por dia, suficiente
para atender às regiões de Manaus que hoje já são cobertas pelo gasoduto
instalado pela empresa. “Temos uma rede de distribuição atual de 48 quilômetros
e estamos trabalhando para ampliá-la ainda mais. Fizemos um acordo com a
Secretaria de Estado de Infraestrutura, responsável pelas obras nas vias do
Distrito Industrial, para efetuarmos a expansão do gasoduto nesta região
durante as ações de revitalização da área, o que beneficiará mais empresas
instaladas no Polo Industrial de Manaus”, afirmou Júnior.
Benefícios imediatos
A mudança do perfil energético na sociedade foi
ressaltada como o futuro da utilização do gás natural. “Por ser considerada uma
fonte limpa de energia, sua utilização reflete em benefícios financeiros e ambientais
diretos”, disse Clóvis Júnior. “Temos estudos que comprovam que as empresas que
adotaram o gás natural como matriz energética em suas atividades reduziram
custos em diversas frentes. Além disso, o gás natural eleva o padrão de
qualidade e segurança nas indústrias”, completou. Júnior ressaltou que o
público residencial deve receber atenção especial em curto prazo, devido à
expansão do gasoduto que já está em andamento.
Durante sessão de debate, Marcus Simões, do
MDIC, informou que a importação de gás natural é uma realidade no País, mas a
produção na Amazônia pode contribuir para mudar essa realidade. Daniel Nava, da
SEMGRH, destacou a importância da discussão do tema dentro da Feira
Internacional da Amazônia, reconhecida pela excelência e confiabilidade. “É
importante o painel porque mostra o cenário atual que vive o Amazonas neste
‘Passe para o Futuro’, tema da FIAM”, finalizou Nava.
Representantes de países que vivenciam
problemas, desafios e possibilidades similares por integrarem a mais
estratégica região do Planeta trocaram experiências e análises no Seminário
“Desafios para o Uso Sustentável da Biodiversidade na Pan Amazônia”. O evento,
que faz parte da programação da Feira Internacional da Amazônia (FIAM)
2013, no Studio 5, e contou com oito palestrantes, sendo cinco
estrangeiros, que destacaram pesquisas sobre o açaí, o camu-camu, bem como a
descoberta de uma nova espécie de perereca e o sexo do pirarucu.
A palestra de abertura foi ministrada pelo
embaixador do Suriname e secretário-geral da Organização
do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA), Robby
Ramlakhan. O diplomata discorreu sobre o histórico e as atividades da OTCA,
organismo intergovernamental formado por Brasil, Bolívia, Colômbia,
Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela. “A OTCA foi criada para ser um
fórum permanente para promover ações de cooperação e integração regional que
resultem na melhora da qualidade de vida dos habitantes da Amazônia”, resumiu o
embaixador, salientando que a região panamazônica representa mais de 8,2
milhões de quilômetros quadrados e soma uma população de quase 400
milhões de pessoas.
Em seguida, o coordenador de biodiversidade do
Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), Cláudio Ruy Vasconcelos da
Fonseca, abordou a contribuição do instituto para a pesquisa científica na
Amazônia. Em 40 anos de atividade, o Inpa já titulou 1876 pesquisadores, sendo
1489 mestres e 387 doutores. Outra contribuição destacada foi o fato de 378
novas espécies na Amazônia terem sido descobertas pelos cientistas do instituto
em pesquisas realizadas de 1973 a 2013. Delas, 600 são insetos (tipos
primários); 70 peixes; 11 mamíferos, e 57 são holótipos da botânica.
“Uso sustentável da biodiversidade amazônica
colombiana: Perspectivas” foi o tema da representante do Instituto
Amazónico de Investigaciones Científicas (SINCHI), da Colômbia, Marcela Carrillo.
A pesquisadora enfatizou os estudos desenvolvidos para agregar valor aos
produtos oriundos do açaí e o camu-camu como solução de geração de renda para
comunidades localizadas na floresta colombiana, “a segunda com maior
biodiversidade no mundo, atrás apenas do Brasil”.
Sexo do pirarucu
O presidente do Instituto de
Investigaciones de la Amazonía Peruana (IIAP), Keneth Reátegui, ressaltou que
em 30 anos de atividades o IIAP, cuja criação está no artigo 2 da constituição
peruana, recebeu o acumulado de US$ 80 milhões em financiamento. “Devolvemos
como retorno, US$ 150 milhões de lucros como resultado efetivo das pesquisas
desenvolvidas. Isso é uma resposta para os que sempre questionam o investimento
em ciência”, frisou.
Uma das pesquisas ressaltadas pelo cientista
foi o estudo sobre a reprodução e identificação sexual do pirarucu, que pela
dificuldade de determinação já foi considerado como hermafrodita. O instituto
peruano desenvolveu um kit para definir o sexo do pirarucu. “Também
descobrimos que o peixe macho dessa espécie age igual aos homens
brasileiros. São monógamos e têm apenas uma fêmea durante toda a vida”, disse
Reátegui, arrancando risos da parte feminina do público.
O pesquisador defendeu uma maior integração da
Pan Amazônia e deu seu exemplo pessoal para ressaltar a urgência do tema. “O
Peru fica aqui do lado de Manaus, mas para chegar aqui, fiquei mais de dez
horas no avião porque antes o voo teve de passar por São Paulo”, frisou.
Outras palestras internacionais foram
ministradas por Kenneth Goenopawiro, da Anton de Kom University of Suriname e
Raquel Thomas, Diretora do Iwokrama International Centre for Rain Forest
Conservation and Development, da Guiana.
Goenopawiro falou sobre o projeto Guiana
Shield e destacou os desafios da sustentabilidade no Suriname, país de 500 mil
habitantes e com 20 idiomas oficiais. O cientista sublinhou que o país vive
principalmente da exploração do ouro (inclusive com a presença de garimpeiros
brasileiros) e que por causa do alto preço internacional do metal ainda não
percebeu as vantagens econômicas de se investir em produtos da floresta.
Raquel Thomas contou detalhes do funcionamento
da floresta tropical internacional de Iwokrama, um projeto científico ambicioso
em gerenciamento sustentável dos recursos de floresta tropical para o benefício
de índios de etnias como o macuxi. Na reserva internacional, que já
funcionou como local de caça do príncipe Charles foi descoberta uma nova
espécie de rã.
Bolsa floresta
O superintendente geral da Fundação Amazônia
Sustentável, Virgílio Viana, falou sobre os resultados de projetos como o
bolsa-floresta, que remunera comunidades ribeirinhas para preservarem a mata
nativa. “São R$ 1453,00 por família/ano”. Viana ressaltou ainda a criação de um
curso técnico em produção sustentável para estudantes que moram na região do
Juruá. No lugar de monografia, os formandos deverão apresentar um plano de
negócios para institutos de fomento da região, o que já poderá significar um
financiamento certo para um negócio de empreendedorismo que irá gerar renda sem
afetar o equilíbrio ambiental.
O superintendente adjunto de Planejamento e
Desenvolvimento Regional da SUFRAMA, José Nagib, discorreu sobre os resultados
socioambientais e econômicos da Zona Franca de Manaus (ZFM), diretamente
responsável pela preservação de 98% da floresta no Amazonas. Nagib, que
também atua como coordenador do projeto de implantação do Centro de
Biotecnologia da Amazônia (CBA) também abordou os desafios e potencialidades do
centro de pesquisa.
Arthur Virgílio lamenta morte de Marcelo Deda
“É com profundo pesar que recebo a notícia da morte
prematura de Marcelo Deda, governador do Estado de Sergipe, aos 53 anos.
Infelizmente, ele perdeu a batalha que vinha travando contra o câncer. O Brasil
perde um bom político, que se destacou em seu estado como prefeito, deputado e
governador. Minha solidariedade à esposa dona Eliane, e aos filhos Marcella, Yasmim, Luísa, João Marcelo e Mateus,
extensivo a todos os familiares e amigos.” (Arthur Virgílio Neto, Prefeito de Manaus)
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