Há certa tensão no ar e na mídia acerca dos 50 anos da Revolução de 31 de
Março de 1964. Pelas redes sociais, circulam convocações para comemorações
abertas em praças públicas, e pela mídia, em especial a imprensa escrita, se
promovem debates para interpretação dos fatos que levaram à deposição do
Presidente João Goulart e à instauração do regime militar, que durou 21 anos.
O único ex-presidente a falar
sobre o assunto, em entrevista à “ Folha de S.Paulo”, foi Fernando Henrique
Cardoso, que na época se exilou no exterior. FHC ainda vê resquícios do regime
de 64 nas atuais relações tensas entre o Poder Executivo, da Presidente Dilma
Rousseff, do Partido dos Trabalhadores, e o Congresso Nacional, dominado pelo
Partido do Movimento Democrático Brasileiro – PMDB. O PMDB que apareceu e se
consolidou durante a vigência do regime de exceção, liderado por Tancredo Neves
e Ulysses Guimarães.
Para FHC, não há clima para
nenhum golpe. Obviamente, fala em causa própria do Partido da Social Democracia
Brasileira - PSDB-, o seu partido, que terá como candidato à presidência o
senador Aécio Neves, do Estado de Minas Gerais, que tenta firmar-se como
principal voz da oposição brasileira.
O PSDB usa um discurso de
desgaste da Presidente Dilma Rousseff, com base nas operações desastrosas
efetuadas pela Petrobrás, que fizeram a empresa cair do 25º lugar, no ranking
das empresas multinacionais do setor, para a 125º colocação. Mas, curiosamente,
evita atacar a pessoa do ex-Presidente Lula da Silva, responsável pelo
descalabro na empresa, através de dirigentes prepostos, entre os quais Sérgio
Gabrielli
Acredito que falar em golpe, de
que lado seja, em período de Copa do Mundo e eleições presidenciais, não deixa
de ter sua razão de ser, pois a mistura Copa/Eleições é explosiva, ainda mais
diante das manifestações de rua contrárias aos gastos com a construção de
estádios de futebol, quando há setores carentes de recursos, como a saúde,
educação e transporte.
Conversando com um motorista de
táxi, à saída do aeroporto de Brasília, ele afirmou que não acredita que o
Brasil ganhará a Copa e na reeleição da Presidente Dilma Rousseff. “Aliás –frisou-
não acredito na eleição de nenhum dos candidatos que se apresentam, e torço
para que os militares reassumam o governo.”
É assim a democracia brasileira,
uma democracia mitigada e desmobilizante, que funciona precariamente, sem que
apareça uma oposição de verdade para alterar o status quo vigente. Uma democracia
sem diversidade de idéias, embora o Brasil tenha um mercado automotivo
fantasticamente diversificado em termos de marcas e modelos de automóveis,
ônibus, caminhões e máquinas agrícolas. Observando o trânsito nas capitais,
raramente se vêem duas ou três marcas iguais rodando próximas entre si.
Voltando às comemorações da
Revolução de 31 de março de 1964, os militares da ativa, sujeitos ao regulamento
disciplinar, estão proibidos de se manifestarem, mas os militares da reserva ,
também em parte sujeitos às normas disciplinares específicas do segmento, ensaiam
mobilizações nos clubes e nas ruas que
podem ganhar proporções desafiadoras ao governo.
Os militares inquietos com os rumos tomados pela Comissão da Verdade, criada pelo governo para apurar eventuais abusos praticados contra os direitos humanos durante o regime militar, acreditam que se trata de manobra revanchista e contrária ao espírito da Lei da Anistia promulgada durante o Governo Figueiredo. Acreditam que, nesse sectarismo ideológico, caberia também o enquadramento dos que participaram da luta armada contra o regime, matando e sequestrando pessoas e assaltando bancos. Entre os participantes, várias personalidades do PT e a própria Presidente Dilma Rousseff.
Os militares inquietos com os rumos tomados pela Comissão da Verdade, criada pelo governo para apurar eventuais abusos praticados contra os direitos humanos durante o regime militar, acreditam que se trata de manobra revanchista e contrária ao espírito da Lei da Anistia promulgada durante o Governo Figueiredo. Acreditam que, nesse sectarismo ideológico, caberia também o enquadramento dos que participaram da luta armada contra o regime, matando e sequestrando pessoas e assaltando bancos. Entre os participantes, várias personalidades do PT e a própria Presidente Dilma Rousseff.
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