quarta-feira, 18 de junho de 2014

Tripolarização eleitoral com direito a rapsódia petista


Em pleno desenrolar da Copa do Mundo, os principais partidos políticos envolvidos na disputa e manutenção do poder começam a marcar seus territórios para as eleições presidenciais e parlamentares de outubro.

O Partido do Movimento Democrático Brasileiro - PMDB-, líder da coalizão com o Partido dos Trabalhadores - PT-, que governa o Brasil, firma sua posição como governo e não como “partido do governo”, segundo palavras do vice-presidente da República, Michel Temer, uma das principais lideranças da agremiação. Para bom entendedor, o PMDB não abre mão de ser protagonista, como já vem sendo controlando o Congresso Nacional, mas deseja mais ministérios caso seja reeleita a chapa Dilma/Temer.

O PT, por sua vez, se movimenta em busca de autonomia no poder, embora tendo sua imagem associada à Presidente Dilma Rousseff, que disputa a reeleição com apoio do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Dilma depende do PT e foi eleita com apoio do partido, mas é considerada como, ideologicamente, vinculada ao Partido Democrático Trabalhista - PDT-, outrora agremiação do legendário Leonel Brizola. Essa falta de vínculo histórico com o PT gera ranço de algumas lideranças petistas contra a atual presidente, algo com efeito de águas que não se misturam e ideias que não se sintonizam.

A relação de Dilma Rousseff com o PT, à exceção de sua linha direta com Lula (linha às vezes curto-circuitada) mais parece uma rapsódia política, com variadas melodias populares em torno do tema principal da permanência do partido no poder, ainda que completamente desfigurado de sua fisionomia original.

O mais importante fato político-eleitoral dos últimos dias  é essa demarcação territorial que vem sendo feita pelos partidos. O PMDB, o PT e o Partido da Social Democracia Brasileira –PSDB- trocam farpas, estabelecendo uma tripolarização da disputa em outubro. O candidato do PSDB, Aécio Neves, propôs um “tsunami” para varrer esse governo que considera contaminado pela corrupção. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, figura de maior destaque do partido, corrobora a proposta de Aécio Neves, causando irritação e resposta imediata do seu êmulo, o ex-presidente Lula, que acusou Fernando Henrique de comprar no Congresso Nacional votos para sua reeleição.

O Partido Socialista Brasileiro –PSB- que tem o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, como candidato presidencial, compondo chapa com a ex-senadora Marina da Silva, não aceita ficar como mero espectador dessa partilha territorial eleitoral, e começa  a criticar o Governo Dilma Rousseff, embora mantendo-se distante dos ataques pessoais trocados entre Fernando Henrique e Lula.

Assim, fica bem clara a distribuição espacial dos territórios eleitorais em outubro, no day after da Copa do Mundo, com ou sem vitória da Seleção Brasileira: PMDB ,PT  e alguns outros menores partidos de esquerda, juntos , apoiando Dilma, enfrentam PSDB, DEM (Democratas) e PSB, restando ainda a incógnita sobre o lado para o qual   penderá o Partido Social Democrático –PSD-, uma agremiação mais propensa a se definir pelo voto útil, conforme o desempenho dos candidatos em primeiro turno.

 

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