Dizer que o deputado Eduardo Cunha,
do Partido do Movimento Democrático Brasileiro, PMDB- do estado do Rio de
Janeiro, impôs uma vitória acachapante à Presidenta Dilma Rousseff, ao vencer
as eleições para a presidência da Câmara dos Deputados, contra o candidato do
Partido dos Trabalhadores - PT-, Arlindo Chinaglia, é incorrer num equívoco
palmar, daqueles do tipo em que as
aparências enganam.
O deputado Eduardo Cunha pode ter
suas características de rebelde e altivo, mas não é um candidato eleito pela
Oposição. Afinal, é um deputado pertencente ao mesmo partido do vice-presidente
da República, Michel Temer, que cumpre segundo mandato com a Presidenta Dilma
Rousseff nesta coalizão governamental que tem enfrentado fortes tempestades
políticas.
Eduardo Cunha, como terceiro
homem da cadeia de sucessão presidencial, não pode ir além das posições do PMDB
e nem muito aquém dos interesses dos partidos que o ajudaram a se eleger e que
compõem a base de sustentação do Governo no Congresso Nacional. São partidos
que pleiteiam cargos no Executivo e nas empresas estatais que rendem votos e
que ainda dispõe de alguns membros já atuando na equipe ministerial.
Eduardo Cunha é um especialista
em Orçamento Federal e sabe onde repousam os interesses dos parlamentares que
lhe deram voto: Nas verbas para obras nos estados e municípios, onde o deputado
tem seus redutos eleitorais. Esse mapeamento de interesses ele vem fazendo
desde que anunciou sua disposição de disputar a Presidência da Câmara, na
legislatura passada.
É natural que haja certa aresta
entre o Palácio do Planalto e o novo Presidente da Câmara dos Deputados, no
tocante à elaboração de uma pauta de votações onde o Governo manifeste suas
prioridades e os interesses dos governos estaduais e dos municípios, num
momento de dificuldades econômicas e financeiras enfrentadas pelo Brasil, mas,
no final, pelo bem da coalizão, Eduardo Cunha terá que dialogar com o Planalto,
pois não é candidato da Oposição, mas, sim, do PMDB da coalizão governamental.
Essa interpretação dada pela mídia,
após a proclamação da vitória de Eduardo Cunha, de que a desmoralizada foi a
Presidente Dilma Rousseff, não deixa de ser em boa parte equivocada. Sim, o
ideal para Dilma é que não tivesse que depender de Eduardo Cunha para a
aprovação de importantes matérias do governo, mas, já que o candidato Chinaglia
foi derrotado, que a coalizão governamental trate de se ajustar ao novo cenário.
A política, afinal, é uma espécie de caleidoscópio, pois muda a todo instante.
Sim, mais negociações e jogo de
cintura serão exigidos ao Planalto, mas a estrutura de apoio ao governo
permanece intacta. O PMDB, numa jogada profissional, mantem o controle das duas
casas do Congresso Nacional, com Renan Calheiros no Senado e Eduardo Cunha na
Câmara. É como dizia Deng Xiaoping, o grande estadista moderno chinês, em sua
ode ao pragmatismo: “Não importa a cor
do gato, desde que ele apanhe o rato.”
Nenhum comentário:
Postar um comentário