“Você pode fazer tudo com as
baionetas, menos sentar-se nelas”. Esta antiga frase, dita pelo conselheiro Talleyrand a Napoleão
Bonaparte, se aplica ao momento político brasileiro. A Presidenta Dilma
Rousseff fez exatamente o que não deveria ter feito, sentando-se nas baionetas
e expondo-se agora ao risco de engolfar as Forças Armadas na crise
político-institucional que começa a se tornar cada vez mais iminente no Brasil.
Dilma assinou decreto, o de
número 8.515/2015, retirando dos comandantes das Forças Armadas importantes
atribuições, entre as quais a de promoção de oficiais superiores, atribuição
esta agora delegada ao ministro da Defesa, o civil Jacques Wagner. Esse decreto
contraria dispositivos do decreto 6.703/2008, referente à Estratégia Nacional
de Defesa.
O ministro Jacques Wagner, que
estava no exterior, disse que não sabia do decreto, e o ministro interino da
Defesa, o comandante da Marinha, almirante Eduardo Bacellar Leal Ferreira,
alega também que desconhecia o decreto, publicado com a sua assinatura.
Há indignação no seio das Forças
Armadas e, por mais explicações que o Planalto apresente - uma delas a de que a
iniciativa de mandar o decreto à assinatura presidencial foi da petista Eva
Maria Chiavon, secretária-geral do Ministério da Defesa- não se acomodarão as
camadas agitadas do estamento militar.
Não são poucos os que interpretam
como de dupla face esse lance político da seguinte forma: A primeira é de que foi
intencional esse desgaste dos comandantes militares pela cúpula petista dentro
de uma estratégia de cooptação e controle das baionetas para eventual mobilização
golpista de manutenção do poder, ao estilo da Venezuela. É patente, para alguns
analistas, que o Partido dos Trabalhadores e seus aliados não aceitarão a perda
do poder sem luta, e para isto empregarão todos os meios políticos, econômicos,
sociais, militares e tecnológicos possíveis, inclusa a solicitação de apoio
externo.
A segunda face é a do “balão de
ensaio” para avaliar o índice de percepção e aceitação da ideologia socialista
dentro das Forças Armadas, com vistas ao desencadeamento dos objetivos de
socialização da América Latina estabelecidos pelo Fórum de São Paulo. “O Socialismo
só entrará no Brasil se for assimilado pelas Forças Armadas”, segundo reflexão
de um experiente militar.
Pelas reações ao decreto, não há
clima para socialização do País nos termos desejados pelo PT, mas é clara a
convicção de militares tradicionalistas que essa ousadia do PT significa sua disposição
de lutar para se manter no Poder ainda que empunhando armas.
Dilma terá que
recuar imediatamente, para evitar contra si a contaminação de uma área que, até
aqui, vinha se portando com relativa satisfação em função do volume de recursos
financeiros e investimentos gerados, com a participação de grandes empreiteiras
que hoje são alvos da “Operação Lava Jato”, debaixo do guarda-chuva da Empresa
Brasileira de Aeronáutica –Embraer-.
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