segunda-feira, 12 de outubro de 2015

Militares apóiam democracia, e não partido


As declarações de apoio ao novo ministro da Defesa, Aldo Rebelo, durante sua posse, feita com veemência pelos Comandantes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica, extensivas à Presidenta Dilma Rousseff, como comandante-em-chefe das Forças Armadas, podem ser observadas como institucionais, e não partidárias.

Não foram declarações de apoio ao governo do Partido dos Trabalhadores - PT-, e nem mesmo incondicionais, mas, sim, adstritas à preservação do regime democrático, cabendo às Forças Armadas  o cumprimento da sua missão constitucional, qual seja, a manutenção dos poderes constituídos, da lei e da ordem.

Assim como há um movimento visando ao impeachment da Presidenta Dilma, há forças contrárias que preconizam um golpe de esquerda no País, com estímulo dos regimes bolivarianos vizinhos. Portanto, preservar a estabilidade democrática é o objetivo dos pronunciamentos dos três comandantes, que, em hipótese alguma, coonestarão processos de qualquer natureza, inclusos desmandos administrativos,  corrupção e agitações que afetem a ordem e o progresso do País.

Em sua última manifestação, no dia 5 de outubro, o presidente do Clube Militar, general Gilberto Pimentel, fez ácidas críticas afirmando que “governabilidade não se compra, é conquistada”, acentuando que  o novo ministério  do “toma-lá-dá-cá” é pior do que o anterior.

Pimentel concluiu: ”O governo está terminado. Não tem legitimidade. O melhor a fazer para não prolongar a agonia seria que a presidente se afastasse livrando-nos de suas trapalhadas e permitindo um recomeço que, de qualquer forma, não será fácil”.

Um pronunciamento como este do Presidente do Clube Militar é mais do que suficientes para deixar intranquilo o Palácio do Planalto, que, não faz muito tempo, mandou punir 150 militares da reserva que tinham feito críticas ao Governo, na gestão do ministro da Defesa Celso Amorim.

O próprio decreto da Presidenta Dilma, induzida pelo ex-ministro Jacques Wagner e sua assessoria, retirando dos comandantes militares a autoridade para promoção de oficiais, gerou pruridos e insatisfações ainda não debeladas dentro das Forças Armadas.

Há um silêncio quase obsequioso do Planalto a respeito, mas a química desse processo continua corroendo a autoridade presidencial, apesar da empatia entre o novo ministro Aldo Rebelo e os comandantes.

Ainda não houve a revogação explícita do decreto, como querem os militares para os quais é inaceitável qualquer manobra jurídica ou publicação de errata para encobrir a essência do decreto; mas, o provável é que Rebelo, com sua perspicácia, consiga essa revogação. Caso contrário, o decreto continuará fermentando insatisfações.

Há muitos equívocos nas análises sobre o posicionamento das Forças Armadas no Brasil. Com seu protagonismo histórico da modernidade brasileira, os militares continuam compondo o grande partido mudo, mas atento e presente nas decisões nacionais. Para as Forças Armadas, os matizes ideológicos não se sobrepõem aos Objetivos Nacionais Permanentes: Democracia, Justiça Social, Progresso, Paz Social, Soberania, Integridade do Patrimônio Nacional e Integração Nacional.

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