Nesses 72 dias de substituição da
presidenta afastada Dilma Rousseff, o vice-presidente em exercício Michel Temer
vem restabelecendo a confiança dos empresários, investidores e até consumidores
na recuperação da economia do Brasil, graças a um engenhoso esquema de governo
que compõe o que resta da herança de Getúlio Vargas combinada com a filosofia
positivista de Augusto Comte, que foi a espinha dorsal da proclamação da
República do Brasil, em 1889.
No próximo dia 2 de agosto, o
Plenário do Senado decidirá se o processo de impeachment da Presidenta Dilma Rousseff irá a julgamento final
votando relatório a ser elaborado com base nesta fase de pronúncia em que se
apresentam a produção de provas e oitivas de testemunhas. A tendência é que
ocorra o julgamento final até meados de agosto e a Presidenta seja afastada
definitivamente, pois nem mesmo o Partido dos Trabalhadores – PT-deseja ou
acredita em sua volta.
Debeladas pelo Palácio do
Planalto as arestas que poderiam atrapalhar o impeachment de Dilma Rousseff, o tecelão e timoneiro Michel Temer
governa compondo-se com as lideranças herdeiras do Getulismo: No Rio de Janeiro
(vice-governador em exercício Francisco Dornelles, ministro Moreira Franco
(genro do genro de Getúlio, almirante Amaral Peixoto), e o novo presidente da
Câmara dos Deputados, deputado Rodrigo Maia, genro de Moreira Franco (“genro do
genro do genro” de Getúlio); em Minas Gerais (o ex-governador e senador tucano
Aécio Neves, neto do expresidente Tancredo Neves, que foi ministro da Justiça
de Getúlio) e no Rio Grande do Sul (seu ministro Chefe do Gabinete Civil, Eliseu
Padilha, que é advogado, empresário e político
especialista em Política e Estratégia de governo, com vasto currículo acadêmico
e parlamentar na área de transportes e profundo conhecedor do Getulismo, a
ponto de ter presidido a Fundação Ulysses Guimarães, cérebro do Partido do Movimento Democrático
Brasileiro –PMDB-, que guarda a memória daquele que foi ministro da Indústria e
Comércio de Getúlio Vargas.) O leitor me perdoe esse longo parágrafo cheio de
parênteses, mas o Getulismo no Brasil é assim mesmo, cheio de parentes e
herdeiros entre parênteses...
Quanto ao Positivismo de Augusto
Comte, sob o dístico “Ordem e Progresso”
estampado na Bandeira do Brasil, ele inspirou os que proclamaram a república, em
1889, militares e civis maçons, liderados pelo marechal Deodoro da Fonseca e
por Benjamim Constant Botelho de Magalhães, primeiro ministro da Guerra.
Essa influência da Maçonaria nos
destinos da forma de governo do Brasil continua até hoje, e as Forças Armadas,
em especial o Exército, cultuam muitos valores da filosofia comteana, que nem a
Modernidade ou as correntes marxistas conseguiram extirpar. A emulação entre monarquistas
e republicanos permanece no mundo inteiro, mas agora com a preocupação das duas
vertentes com o surgimento de inimigo comum hodierno : A anarquia como
candidata a se instalar em vários países sob a égide do terrorismo e do
fundamentalismo religioso. A anarquia de
Sorel, Bakunin, Sartre... legitimada pela violência operária, social ou
ideológica.
A “Operação Lava Jato”, conduzida
pelo juiz Aldo Moro, veio para resgatar os valores republicanos corroídos pela
corrupção e falta de ética e patriotismo na política e na administração pública,
que levaram o Brasil à situação política e econômica atual, onde quase toda a
cadeia sucessória dos três poderes se encontra contaminada por denúncias de práticas
que colocam em cheque o funcionamento das instituições e ameaçam a democracia,
agravada pelo déficit orçamentário de 170 bilhões de reais e pelo índice de 11,4
milhões de desempregados.
Anunciando que assumia sob a
égide da “Ordem e Progresso”, com apoio das forças militares e civis republicanas
e dos combatentes da anarquia no mundo inteiro, Michel Temer, jurista e
constitucionalista conhecedor dos meandros do Judiciário e do Processo
Legislativo, se prepara para consolidar, a partir de outubro, a chegada de
investimentos internacionais que recolocarão o Brasil nos trilhos da
normalidade. Conta para isso com a larga experiência internacional do seu ministro da Fazenda,
Francisco Meirelles.
O capital externo virá associado
aos interesses da retomada do desenvolvimento do Brasil com sua inserção mais
competitiva no mercado internacional, abrindo espaços para o capital externo em
áreas estratégicas, a principal delas a do petróleo. A diplomacia sob a
regência de José Serra trabalha nesse sentido.
Em resumo: Michel Temer governa
com apoio dos herdeiros de Getúlio Vargas, do Positivismo de Augusto Comte e do
ideário republicano que a Maçonaria no mundo inteiro procura resguardar (com
certa cumplicidade da Monarquia) contra as investidas cada vez mais perigosas
da Anarquia, estimuladas pelo Marxismo-Leninismo. Tudo de acordo com a situação
do equilíbrio de poder na América...
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