“Joseph Fouché – Retrato de um Homem Político” (Editora Record,1999) é uma obra-prima do biógrafo, poeta e escritor austríaco Stefan Zweig, que veio para o Brasil e radicou-se em Petrópolis, em 1941, onde escreveu outra obra conhecida, “Brasil, País do Futuro”.
Para os estudiosos da política, a biografia do estadista Fouché é o que de melhor foi escrito sobre essa figura considerada por Balzac um dos personagens mais interessantes da história da França.
Chefe de Polícia, político, diplomata, Fouché é uma personalidade controversa, tendo sido classificado de desertor, traidor e amoral, adjetivos que não o impediram de sobreviver desde a Revolução Francesa até a queda de Napoleão Bonaparte e a restauração com Luiz XVIII. Uma trajetória política iniciada em 1759 e encerrada em 1820.
Em termos de literatura política, considero esse livro de Zweig (a principal biografia existente sobre Joseph Fouché), uma verdadeira aula de poder, comparável, talvez, a outras do porte de “O Testamento Político”, de Richelieu, ”Breviário dos Políticos”, do cardeal Mazarin, “O Líder”, de Napoleão Bonaparte, “Saber Envelhecer e Amizade”, de Cícero, etc.
É preciso ler Zweig com lupa, nessa extraordinária biografia de um “profissional” da política, e creio que muitos políticos e estudiosos leram. E, lendo, não tem o leitor atento como escapar da tentação de procurar na história política brasileira um Fouché...
A política (estou me referindo à politics) é um campo minado, onde a sobrevivência como fato temporal já é difícil; muito mais conseguiu Fouché, que congelou o tempo e o transformou em duração, numa exemplar aplicação da filosofia de Bérgson.
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