O câncer na laringe do Presidente Lula, diagnosticado como de agressividade média, já está recebendo tratamento por quimioterapia, no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, mas a previsão dos médicos é de que o ex-presidente ficará por conta do tratamento até fevereiro do próximo ano, se tudo correr como esperam, ou seja, sem algum tipo de agravamento da doença.
Tanto o internamento de Lula quanto a doença em si - temível por sua natureza invasiva, não obstante a evolução da medicina no seu combate – alteram os cenários políticos para o governo Dilma Roussef, as eleições municipais do próximo ano, a sucessão presidencial e a expectativa do PT se manter hegemônico no poder.
Dilma Roussef teria, em companhia do ministro Guido Mantega, visitado Lula no hospital para falar da próxima reunião do G-20. Uma versão para a imprensa que bem caracteriza a presença marcante de Lula como espécie de “sapador” de Dilma, um consultor especial que orienta sobre o caminho das decisões seguras e os desvios das minas explosivas de constituição homogênea ou mista da política.
Sem Lula percorrendo o país e utilizando seu potencial de liderança popular, o PT poderia perder o seu melhor cabo eleitoral e articulador de alianças que, na visão do partido, ajudarão na conquista de maior número de prefeituras. Atualmente, detém 559 prefeituras, com 29 milhões de pessoas e um orçamento de 32 bilhões de reais, situando-se atrás do PSDB, que detém 786 prefeituras, com 25 milhões de pessoas e um orçamento de 28 bilhões de reais, e do PMDB, com 1202 prefeituras, 41 milhões de pessoas e 47 bilhões de reais. Dados de 2008, da Confederação Nacional dos Municípios.
Rui Falcão, presidente do PT, já disse que, com cacife eleitoral maior nos municípios, o partido terá condições de reeleger Dilma para a Presidência da República. Será? E porque não preparar o terreno para o retorno do próprio Lula, azeitado em sua popularidade pelas suas andanças, ficando Dilma em stand by e na dependência dos resultados de seu governo? Afinal, o instituto da reelegibilidade não significa reeleição garantida, mas, sim, possibilidade de reeleição.
Com saúde e mobilidade, Lula continua sendo o maior galvanizador das massas populares no Brasil e um dos maiores da América Latina, mas, sem esses dois elementos, haveria um inevitável vácuo de liderança carismática no País, o que poderia comprometer até mesmo uma reeleição de uma presidente Dilma bem sucedida.
Sem Lula, sem Dilma e sem mais prefeituras, o PMDB e O PSDB voltam a dar as cartas em condições mais estratégicas do que o PT com todo seu arco de alianças... E, sendo assim, a perspectiva de hegemonia do poder petista por mais uma década ou mais se dissipará nas brumas do imponderável da política, que é considerada como fenômeno, exatamente porque o nômeno só Deus conhece.
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