Enquete realizada neste blog, sobre os problemas prioritários dos municípios que merecem atenção de um prefeito, revela preferência absoluta dos leitores pela saúde e educação, itens que, freqüentemente, vêm prevalecendo em qualquer consulta de opinião pública que se realiza no Brasil, seja dentro ou fora de períodos eleitorais.
Saúde e educação, ou educação e saúde, por mais que se situem no topo das pesquisas como necessidades prementes, seguidas de segurança, não têm pautado a agenda das políticas públicas dos últimos governos, pois são itens que exigem vultosos investimentos e que se consolidam em longo prazo.
Em outras palavras, não dão o retorno eleitoral na proporção de outros itens assistencialistas e clientelísticos e de obras gigantes e rodovias impostas pelas empreiteiras, que dominam a agenda política há mais de 60 anos. As obras da Copa do Mundo vão bem: O custo previsto de 42 bilhões de reais já está atingindo 72 bilhões de reais, segundo estimativa feita pelo ex- jogador e deputado federal Romário, do Rio de Janeiro, em recente entrevista.
Como os governos capengam no atendimento à saúde e educação, se consolida na classe média o pensamento recorrente segundo o qual não interessa às elites brasileiras que o povo tenha uma cidadania concreta, uma educação política que o torne mais participativo e consciente das decisões políticas.
No tocante à saúde, esta é esmagada pelo mito da abundância de alimentos no Brasil e pela fantasia do fácil acesso do brasileiro aos recursos da farmacopéia natural. Pela internete, milhares de “médicos” internautas aviam receitas de alimentos e ervas medicinais, numa verdadeira “clínica geral”. Mas, atendimento hospitalar ,quando necessário,é precário, e os remédios custam muito acima da capacidade aquisitiva do assalariado.
Um item que sempre vem entre os primeiros, em qualquer enquete, é a segurança pública, onde tem havido investimentos, mas nem sempre capazes de conter a onda cultural da globalização, que associa o tripé sexo/droga/crime aos três mitos hodiernos- o hedonismo, o egoísmo e o narcisismo. O que torna impossível a supressão da violência potencialmente disruptiva no campo e na cidade.
Um item instigante que coloquei na enquete e que não obteve nenhum voto é o lazer, tão necessário e, ao mesmo tempo, tão menosprezado pelas políticas públicas brasileiras, que ignoram solenemente os estatutos do idoso e da criança. Esses dois segmentos etários continuam à margem do lazer, hoje acessível apenas aos jovens e às pessoas dotadas de energia e disposição física para viagens, jogos e aventuras. Falta ao Brasil uma política oficial de lazer, e não há no horizonte político nenhuma iniciativa de envergadura nessa área.
Os candidatos a prefeito e vereador, nas eleições do próximo ano, se defrontarão com a crise da representação política atual, quando os detentores de mandato eletivo estão sendo atropelados pelo fatos sociais e por novos atores em cena, à margem do espectro partidário.Atores sem partido, que pressionam os políticos, em todos os níveis de representação, e enfraquecem o poder de controle dos partidos políticos sobre seus afiliados.
Eis porque a identificação concreta das reivindicações da população se transforma a cada dia num fator estratégico para qualquer candidato a cargo eletivo.Percepção crítica é o desafio maior para os políticos municipais,com fortes reflexos nas esferas estaduais e federais.
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