O volver à direita dado pelo povo espanhol, com a vitória nas eleições legislativas, por ampla maioria, do conservador Mariano Rajoy, do Partido Popular, é um cala-boca nas correntes socialistas, que, representados na Espanha por José Luiz Rodríguez Zapatero, estão se mantendo na Europa incapazes de cumprir os planos de estabilização financeira.
Zapatero, secretário-geral do Partido Socialista Operário Espanhol-PSOE-, é o décimo governante europeu a cair por conta a crise no mercado financeiro e dos baixos índices de crescimento da região, tendo o mesmo destino que os seus colegas socialistas, Ferenc Gyurcsany, da Hungria, José Sócrates, de Portugal, e George Papandreou da Grécia.
Até o Reino Unido, que não aderiu ao euro como moeda, 13 anos após eleger Tony Blair, com a fleuma típica dos ingleses, trocou o trabalhista Gordon Brown pelo conservador James Cameron, corroborando uma frase atribuída à dama-de-ferro britânica Margareth Thatcher, do Partido Conservador. “O Socialismo dura até acabar o dinheiro dos outros”.
O fato concreto é que, enquanto a “primavera árabe” derruba os déspostas e conservadores, os europeus fazem o oposto: Derrubam os socialistas supostamente progressistas e elegem os conservadores, valendo serem observadas as nuances que distinguem o conservadorismo e o progressismo europeus. Os liberais situam-se numa linha intermediária, oscilando entre os dois pólos, como ocorre na Inglaterra, mas avessos à presença estatal.
Em resumo, os ventos conservadores sopram na Europa em crise e a brisa progressista sopra nos países árabes em abertura política, enquanto na América do Sul ainda permanece o progressismo-positivista, como no Brasil atual, envolvendo em confusa e contraditória aliança, partidos de esquerda, centro-esquerda e centro-direita (o PP também vota com o governo), enquanto os liberais apenas encolhem.
Giovanni Sartori, o grande estudioso dos sistemas partidários de fora da Europa, teria dificuldades hoje em rotular as verdadeiras correntes ideológicas que se ocultam atrás dos partidos em atuação no Brasil, pois a prática política de vários deles contradiz suas linhas programáticas e ideológicas, numa espécie de “aideologização” (peço perdão por usar esse bizarro neologismo!), que tem por típico exemplo o Partido Social Democrático –PSD-, criado pelo prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab.
Nenhum comentário:
Postar um comentário