A Presidente Dilma Roussef está fornecendo à oposição, com sua “faxina ministerial”, que já defenestrou sete ministros, em menos de um ano de mandato presidencial, uma excelente munição, que poderá ser utilizada contra sua imagem, na próxima campanha presidencial, caso ela venha a disputar a reeleição.
Se eu fosse um senador ou deputado da oposição, colocaria essa “faxina” na minha metralhadora “Browning” ponto 50 e acionaria o gatilho para aniquilar qualquer candidato do governo que tomasse como bandeira eleitoral a austeridade de Dilma e a sua disposição de combater a corrupção.
Diria que um governante competente começa na escolha de sua equipe, o ponto crítico da governabilidade com base no planejamento estratégico e nas regras republicanas do estadismo, fincadas na transparência, impessoalidade, legalidade, legitimidade, etc. Não saber formar uma equipe à altura das responsabilidades de governar um país tão imenso como o Brasil constitui pecado capital.
Qual o critério que norteou a Presidente Dilma Roussef na escolha de sua equipe? Mesmo que tenha sido o do “spoil system” (a divisão do espólio eleitoral entre os partidos vencedores, para formação da base parlamentar de apoio ao governo), não se justifica que tantos ministros sem credenciais técnicas, morais ou éticas tenham sido alçados ao poder para administração da res pública.
Comenta-se que a maior parte do ministério foi imposta pelo ex-presidente Lula e o PT. Caso seja verdade, Dilma aceitou cumprir papel secundário, apesar da força dos votos que recebeu de milhões de brasileiros e brasileiros, ávidos por definir uma concepção nova de poder de natureza matriarcal, concepção esta que agora se revela fantasiosa...
Jogo de cintura formidável de Dilma nessa dança dos ministros? Não vejo, pois até os passistas carnavalescos têm o molejo na dosagem compatível com a harmonia e o ritmo do samba, para não atravessarem... Vejo Dilma estática nesse quesito governamental, e o pior é que já está em curso a articulação da reforma ministerial para o início do ano, pelo que tudo indica uma espécie de novo loteamento do poder com vistas às eleições municipais vindouras.
Terá Dilma condição de portar seu tamanco, do alto dos seus milhões de eleitores, bater na mesa (como fez Nikita Krutchev, com seu sapato, na tribuna da ONU) com seu tacape (ou cacife) eleitoral e escolher uma nova equipe à altura dos mais relevantes interesses e aspirações da Nação e do Estado? Não acredito, a menos que lhe dê coceira no pé, como aconteceu com o pitoresco e astuto líder ucraniano...
Tal é a posição de um estadista: Encarar de frente o poder, domá-lo e tomar as decisões a ferro-e-fogo, sem se deixar influenciar por picuinhas partidárias. Ou se usa, ou não se usa o poder conferido pelas urnas ou mesmo pelo cano de um fuzil - como era do gosto de Mao-tsé-Tung.
Sem um estadista enérgico, dentro de mais dois governos, o Brasil voltará a patinar na instabilidade política e econômica, perdendo essa excelente oportunidade oferecida pela alta do valor das commodities diante da crise econômica européia.
Antigo general chinês, daqueles samurais, disse que “é na vitória que precisamos apertar nossos capacetes”. Dilma venceu e afrouxou seu capacete e agora necessita do elmo de Odin. Nesse caso da “faxina ministerial”, contrariou o que recomendava o grande Napoleão Bonaparte:
“É preciso administrar para as massas, sem se preocupar se isso agrada a tal senhor ou cidadão. Se nos comportarmos de maneira a não melindrar nenhuma facção, nos mantemos num equilíbrio absurdo, descontentamos a universalidade, os indivíduos entre os quais sempre se encontra o senso do direito; é o consentimento da massa que torna a opinião pública soberana.” (Manual do Líder, L&PM Pocket, 2010, pg.74).
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