O general-de-exército Augusto Heleno, já na reserva remunerada, resolveu “tuitar” sobre política, tornando-se a principal voz ativa militar nas críticas ao governo e, potencialmente, um nome para disputar as eleições presidenciais em 2014. Foi chefe da força de paz no Haiti e, recentemente, exerceu o comando militar da Amazônia.
Por razões óbvias, manteve silêncio quando estava na ativa, em respeito ao Regulamento Disciplinar do Exército e ao Estatuto dos Militares, mas, seu silêncio, em alguns momentos, foi loquaz, quando,em depoimentos nas comissões do Congresso Nacional e em declarações à imprensa, criticou a política indigenista do governo Lula e defendeu a soberania brasileira, com enfoque especial na Amazônia. Agora aponta sua verve ferina para a corrupção.
Sim, o general Heleno tem verve ferina... Usa boutades como esta, para suas críticas: ”Sugiro que aumentem o número de ministros. 48 é o número ideal. Dá para programar a queda de um por mês, ao longo de um mandato de quatro anos. kkk” Alguém de porte no país, inclusive na Oposição, fez tão contundente crítica à faxina ministerial executada pela Presidente Dilma?
Em outros tempos, a UDN era acusada de ser uma “vivandeira de quartéis”, o mesmo acontecendo depois com uma ala da ARENA, durante o regime militar. Hoje, a expressão ganhou emprego não somente para políticos, mas também para artistas e empresários suspeitos de saudosismo e interesses golpistas.
Não se aplica tal expressão ao general Heleno, muito elogiado pelos internautas, que deixa claro aos civis mais entusiastas de sua candidatura o desinteresse das Forças Armadas pela tomada do poder: ”Querem apenas estar em condições de defender a Pátria.”
Heleno adverte, em suas “tuitadas”, que é fácil ser popular quando a economia vai bem, por fatores conjunturais, e se tem uma oposição submissa e solidária “às maracutaias”. Nada de golpe, deixa bem claro. Mas – é bom lembrar-, Napoleão empolgou o poder na França diante da conjunção explosiva de dois fatores: O recrudescimento da corrupção e da indignação popular...
O general internauta já é um retrato pronto para as eleições presidenciais de 2014, mas ainda falta sua moldura: Filiação partidária e uma plataforma eleitoral. Como a farda não abafa no peito o cidadão, e ele já se encontra na reserva, pode reunir as condições para subir aos palanques em 2014, como todo cidadão brasileiro “ficha-limpa” perante a justiça eleitoral.
Resta saber como o "sistema" acompanha a sua desenvoltura, porque há,pelo menos, uns 10 dispositivos do Anexo I do Regulamento Disciplinar do Exército que dão margem à imposição de restrições ou punições ao envolvimento de militares com a política partidária. Os generais Euler Bentes Monteiro,Andrada Serpa e Newton Cruz , mesmo na reserva,enfrentaram sutis pressões desse tipo, mesmo na vigência do regime militar.
Os militares de carreira, tem acesso à melhor educação do país. Aqueles que chegam ao generalato são excelentes estrategistas. É uma batalha difícil, mas não impossível. A história política brasileira também foi escrita por fenômenos.
ResponderExcluirConcordo plenamente com sua arguta observação...
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