quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

O poder do dinheiro na política

Fiz enquete aqui indagando qual a percepção do leitor em relação à expressão política do poder nacional em 2011, e o resultado, apesar de poucos votantes, foi 25% ótimo, 25% ruim e 25% péssimo. Nenhum voto para o meio termo “bom”.
O ano político de 2011 foi marcado pela posse da Presidente Dilma Roussef, pela demissão de sete ministros, seis deles por corrupção, pela prevalência quase que absoluta do Poder Executivo sobre os poderes Legislativo e Judiciário e por denúncias de corrupção envolvendo políticos e empresários.
As mais recentes apurações da Polícia Federal, segundo o jornal “Folha de S. Paulo”, indicam desvios da ordem de 3,2 bilhões de reais.  O advogado da Advocacia Geral da União, Tércio Tokano, considera como principal causa desses desvios a má administração, pelos prefeitos municipais, dos repasses recebidos mediante convênios com o governo federal.
Agora circula pela Internet entrevista de Ildo Sauer, diretor do Instituto de Eletrotécnica e Energia da Universidade de São Paulo, denunciando lobby feito pelo ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu, com apoio do então presidente Lula e da ministra das Minas e Energia Dilma Roussef, que garante ao empresário Eike Batista, da OGX, 10 bilhões de barris do pré-sal, com produção diária de 1,4 milhão de barris/dia, a mesma produção da Líbia. “O ato mais entreguista do Brasil em sua história econômica”, segundo Sauer.
Tais fatos mostram a contaminação da política pelo dinheiro, no Brasil, com a corrupção envolvendo políticos, empresários e funcionários públicos, processo semelhante ao que ocorre nos Estados Unidos, conforme observa o economista e historiador norte-americano Jeffrey David Sachs, em entrevistas sobre o seu mais recente livro “O Preço da Civilização”, onde qualifica como inexorável a decadência dos Estados Unidos, a menos que reduzam sua mentalidade consumista, aumentem os impostos e adotem uma política de justiça sócia parecida com a da Suécia.
É impossível analisar a política hoje sem a economia, que lhe dita o rumo; não tem como falar em corrupção sem considerar como atores desse processo empresários, políticos e funcionários públicos dos três poderes, nos níveis federal, estadual e municipal.
 É falaciosa a idéia de que há corruptores num polo, intermediários e corrompidos no outro. Todos envolvidos no processo são corruptos. Generalizações também devem ser evitadas: É óbvio que a corrupção e aqueles que a abominam e combatem existem em todas as profissões e atividades.
O Brasil recebeu em 2011 investimentos externos da ordem de 65 bilhões de dólares, em grande parte por causa da Copa do Mundo, das Olimpíadas e do pré-sal. É. O caso de se refletir, pelas palavras de Tércio Tokano, Ildo Sauer e Jeffrey Sachs (e ainda pelo alerta já dado pelo ex-jogador e deputado federal Romário, em relação aos gastos preparativos da Copa do Mundo, segundo o qual a festa apenas está começando), se o país está preparado para gerir tanto dinheiro sem maior risco de elevação do índice de contaminação da expressão política em 2012.
Penso que o dinheiro, tão maltratado como vilão, merece alguma defesa contundente, pois, ao mesmo tempo em que pode ser fonte  de poder e  corrupção do homem , é a melhor ferramenta de análise da natureza e do caráter humanos. Dê dinheiro e poder à pessoa, e saberá o quanto ela tem de nobreza ou mediocridade.




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