segunda-feira, 16 de abril de 2012

Hilary Clinton, missionária do petróleo


O caleidoscópio político internacional começa a girar por conta do petróleo em disputa pelas grandes empresas mundiais do setor, registrando a nacionalização da YPF da Argentina, a retenção dos executivos da Chevron no Brasil e o golpe de Estado militar na Guiné-Bissau, em menos de quatro dias.

A secretária de Estado Hilary Clinton se encontra no Brasil para uma agenda cooperativa, pouco depois da fria recepção à Presidenta Dilma nos Estados Unidos, mas suas declarações e sua agenda revelam que vem como verdadeira missionária do petróleo.

A Secretária de Estado fez restrições à decisão argentina de encampar as ações da Repsol e deixa transparecer que o real interesse de sua visita é evitar que o fogo nacionalista se alastre a partir do vizinho brasileiro.

O golpe na Guiné-Bissau, onde as prospecções indicam a existência de reservas petrolíferas e contam com a participação de empresas norte-americanas, já foi condenado pelo Brasil, que integra a Comunidade de Países de Língua Portuguesa e teve importante participação no processo de independência da ex-colônia portuguesa.

Hilary admitiu as dificuldades da Chevron para exploração do petróleo em águas profundas, no momento em que se registra um novo vazamento de óleo no Campo de Frade, em Campos, e a Justiça Federal, por liminar judicial, concedida no último sábado, retém os passaportes de 17 executivos da empresa, entre os quais o presidente da Chevron Brasil Petróleo, George Raymond Buck III.

Visitando a presidente da Petrobrás, Maria das Graças Foster, Hilary pode avaliar as perspectivas de contornar o problema com a Chevron e garantir a parceria entre os dois países na exploração do pré-sal.

Ao sinalizar que, mesmo com as dificuldades da Chevron, Brasil e Estados Unidos devem aprofundar sua parceria e que a tecnologia norte-americana é importante para a Petrobrás, Hilary tira poderosa carta de sua manga declarando sua simpatia pela presença do Brasil no Conselho Permanente de Segurança da ONU.

O jogo parece claro: Acepipes e aperitivos diplomáticos, com intercâmbio turístico e cultural, abertura de mais dois consulados no Brasil e tratamento de primeira aos brasileiros que viajam para os Estados Unidos, mas a peça de resistência é mesmo o petróleo brasileiro.  

Perguntar não ofende: Quem vai ocupar o lugar da Repsol na Argentina, que alega incompetência dessa empresa para garantir o suprimento das necessidades energéticas do País? Talvez Hilary já tenha a resposta ou a procure em sua visita ao Brasil.


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