O caleidoscópio político internacional começa a girar por
conta do petróleo em disputa pelas grandes empresas mundiais do setor,
registrando a nacionalização da YPF da Argentina, a retenção dos executivos da
Chevron no Brasil e o golpe de Estado militar na Guiné-Bissau, em menos de
quatro dias.
A secretária de Estado Hilary Clinton se encontra no Brasil para
uma agenda cooperativa, pouco depois da fria recepção à Presidenta Dilma nos
Estados Unidos, mas suas declarações e sua agenda revelam que vem como
verdadeira missionária do petróleo.
A Secretária de Estado fez restrições à decisão argentina de
encampar as ações da Repsol e deixa transparecer que o real interesse de sua
visita é evitar que o fogo nacionalista se alastre a partir do vizinho
brasileiro.
O golpe na Guiné-Bissau, onde as prospecções indicam a
existência de reservas petrolíferas e contam com a participação de empresas
norte-americanas, já foi condenado pelo Brasil, que integra a Comunidade de
Países de Língua Portuguesa e teve importante participação no processo de
independência da ex-colônia portuguesa.
Hilary admitiu as dificuldades da Chevron para exploração do
petróleo em águas profundas, no momento em que se registra um novo vazamento de
óleo no Campo de Frade, em Campos, e a Justiça Federal, por liminar judicial, concedida
no último sábado, retém os passaportes de 17 executivos da empresa, entre os quais
o presidente da Chevron Brasil Petróleo, George Raymond Buck III.
Visitando a presidente da Petrobrás, Maria das Graças
Foster, Hilary pode avaliar as perspectivas de contornar o problema com a
Chevron e garantir a parceria entre os dois países na exploração do pré-sal.
Ao sinalizar que, mesmo com as dificuldades da Chevron,
Brasil e Estados Unidos devem aprofundar sua parceria e que a tecnologia
norte-americana é importante para a Petrobrás, Hilary tira poderosa carta de
sua manga declarando sua simpatia pela presença do Brasil no Conselho Permanente
de Segurança da ONU.
O jogo parece claro: Acepipes e aperitivos diplomáticos, com
intercâmbio turístico e cultural, abertura de mais dois consulados no Brasil e tratamento
de primeira aos brasileiros que viajam para os Estados Unidos, mas a peça de
resistência é mesmo o petróleo brasileiro.
Perguntar não ofende: Quem vai ocupar o lugar da Repsol na
Argentina, que alega incompetência dessa empresa para garantir o suprimento das
necessidades energéticas do País? Talvez Hilary já tenha a resposta ou a
procure em sua visita ao Brasil.
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