quarta-feira, 18 de abril de 2012

Repsol e Chevron em rotas opostas


A petrolífera Repsol vai muito bem no Brasil e outros países latino-americanos, mas a Argentina encampou suas ações na YPF alegando prejuízos pela falta de investimentos da empresa. A Chevron vai mal no Brasil e no México por causa do vazamento em poços perfurados pela empresa.

Os argentinos pressionam para que a Petrobrás aumente seus investimentos no seu país, enquanto a Repsol, associada com a chinesa Sinopec, é a empresa estrangeira que mais investiu na exploração em águas profundas no Brasil (33 bilhões de euros), onde atua com sucesso nos litorais de São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo.

A decisão do governo argentino deixa investidores de orelha-em-pé e desloca as atenções agora para o Brasil, onde 17 executivos da Chevron podem ser processados pelo vazamento ocorrido em Campos, cujas dimensões são bem maiores do que revela a empresa. As ações da empresa podem continuar em queda na bolsa de Nova York.

Falta de investimentos e incompetência técnica para exploração de águas profundas se transformam no pesadelo das grandes empresas que disputam o pré-sal e outros mananciais de petróleo e gás não apenas no Brasil, mas em toda a América Latina, onde as questões ecológicas, resultantes do setor energético ( o mesmo com as hidrelétricas) despertam movimentos de protesto.

Esses contrastes revelam que há uma disputa ferrenha entre as empresas petrolíferas na região e que a nacionalização promovida pela argentina esconde muitas informações que os governos escamoteiam da população, pois, sem dúvida alguma, os argentinos não dispõe de dinheiro e tecnologia para explorar o setor.

Compara-se o investidor a um coelho, que, ao menor estalido de um graveto na mata, levanta as orelhas e dispara assustado. Mas, os chineses e os russos continuam chegando para investir no petróleo brasileiro. As empresas norte-americanas e européias não abrirão muito espaço, principalmente em relação ao pré-sal, cujo potencial é estimado em 50 a 80 bilhões de barris de petróleo.

Com esses contrastes e confrontos (parodiando Euclides da Cunha), considero covardia do governo argentino fazer mobilização popular contra a Repsol para legitimar sua decisão e o calote que pretender dar de 10 bilhões de dólares na empresa espanhola - valor da indenização que ela pede. O povo, aqui e alhures, não tem a menor idéia do que se passa nesse mundo de cifras astronômicas e jogadas mirabolantes.


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