Gélio Fregapani (membro da Academia Brasileira de Defesa)
A guerra pela
conquista das matérias primas alheias se desenvolve em vários estágios. Em
algumas situações, a pressão é exercida pela manipulação da opinião pública, por
ONGs, sugestões, oferta de alianças, ameaças veladas e mesmo ultimatos, que podem
evoluir para o conflito armado com todos seus desdobramentos e conseqüências.
Como regra geral, é
fundamental que os cobiçosos evitem a todo custo o desenvolvimento dos países
detentores desses materiais, pois isso levaria a que eles utilizassem essas
reservas em benefício próprio.
É necessário também
evitar que eles os vendam a terceiros, indesejáveis. Finalmente, em caso de risco,
de que os recursos sejam apoderados militarmente por outras potências, intervir
primeiro ou pactuar previamente a partilha do butim com os demais agressores,
mas, enquanto os riscos permanecerem latentes, é importante que os recursos
permaneçam intocados, protegidos por reservas ambientais ou indígenas. Quando
chegar a hora, serão tomados, com o emprego dos meios que forem necessários,
justificados pelo pretexto mais adequado(span).
Neste quadro, os
Estados Unidos têm demonstrado desejo de uma maior aproximação, econômica e
militar, com o Brasil. Nada de anormal, uma característica das potências
globais é a busca de alianças, em parte a fim de gerenciarem seus interesses de
forma pacífica e também por razões militares. Existe sempre a conveniência de
forças adicionais aliadas, bases militares e recursos de todos os tipos, tanto
que a necessidade de alianças aumenta no período de pré-guerra.
No caso da
aproximação econômica, os interesses atuais são antagônicos – basicamente
serviria para que abríssemos totalmente nossos mercados sem termos nada para
lhes vender, exceto talvez frutas tropicais. Isto pode mudar com o fornecimento
de nióbio e do petróleo do pré-sal, mas não há vantagem na abertura irrestrita
do mercado, que só agravaria a nossa desindustrialização.
No caso da
aproximação militar, o objetivo aparentemente consiste em aceitar que o Brasil
expanda seu poderio bélico – o que acontecerá de qualquer forma, até para
fornecer material, mas nos manteria de alguma maneira subordinados e sob
controle.
Já vivemos essa
experiência: Até o rompimento do acordo militar recebíamos material
norte-americano – a munição mais essencial somente de exercício. Isto
significava que poderíamos treinar, mas combater, somente se eles concordassem
e fornecessem a munição de guerra.
Se o nosso País não
concordar com determinada política? Ficará apenas sem munição e sem peças de
reposição ou mesmo correrá o risco de ser considerado inimigo.
Se quisermos ter uma política independente é
melhor buscarmos o máximo de autonomia em material militar. Felizmente o
nosso Brasil está despertando. Só falta o governo também despertar e agir, mas
já esteve pior.
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