Percorrendo alguns municípios do Sul de Minas Gerais,
conversei com políticos locais sobre as suas expectativas em relação às
próximas eleições municipais, e pude sentir que elas não são as melhores, em
razão do que consideram um “certo caos” político geral.
Três candidatos a vereador, um deles ex-prefeito e outro
ex-deputado federal, se queixaram do clima pré-eleitoral marcado por
indefinições partidárias, falta de recursos financeiros e, sobretudo, pelo
descrédito dos políticos perante o eleitorado, diante de tantas denúncias de
corrupção envolvendo figuras proeminentes do País.
Indefinições partidárias que se traduzem pelos acordos das
lideranças nacionais dos vários partidos interessados em manter o status quo, em que os partidos fechados
com o governo e de olho nas verbas destinadas à Copa do Mundo e às Olimpíadas demonstram
interesse em promover a mínima renovação dos quadros nas suas bases, enquanto a
oposição, verdadeiramente, se resume no Democratas em crise de identidade, no
PSDB dividido e no PP acomodado.
Os recursos financeiros, oriundos das verbas federais, do
fundo partidário e das doações empresariais, afunilam-se de acordo com os
interesses dos atuais detentores do poder, no jogo das barganhas políticas.
Quanto ao descrédito da classe política, parece enraizar-se
nas denúncias de corrupção e na impunidade decorrente da crise institucional
que se esboça em conseqüência da fragilização dos poderes Legislativo e
Judiciário diante do rolo compressor do Executivo. Os novos candidatos e o
próprio eleitorado parecem perplexos com a onda de denúncias que circulam pela
internet e os desafios para enfrentar uma campanha nebulosa.
Fazer política atualmente é como “surfar no tsunami” -
resumiu um ex-vereador pouco entusiasmado com a sua situação, enquanto o
empregado de uma pizzaria, sem o menor constrangimento, deixou escapar sua
intenção de tentar ingressar na política para ver se consegue ganhar dinheiro “o
mais rápido possível, como tantos estão fazendo”.
Esse é o clima que captei numa região desenvolvida de Minas
Gerais, um estado considerado dos mais politizados do País, onde o senador
Aécio Neves, ex-governador, ainda desfruta de muito prestígio.
Lembro-me do deputado Zézinho Bonifácio (já falecido), um
dos próceres da antiga Arena e com reduto em Barbacena, dizendo que na política
é preciso ficar bem claro quem é oposição e quem é situação, porque, se não for
assim, o eleitor pensa que tanto faz votar num quanto noutro partido. Com o
fisiologismo partidário de hoje, dificilmente Bonifácio aplicaria essa
filosofia.
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