Matéria divulgada pela Folha de
S.Paulo revela que Dilma Rousseff foi monitorada durante o Governo Sarney (1985-90)
pelo então Serviço Nacional de Informação - SNI-. Hoje ela é presidente da
República e José Sarney senador e presidente do Congresso Nacional.
O jornal pesquisou o “Acervo da
Ditadura” do Arquivo Nacional e encontrou 181 documentos referentes a Dilma,
dos quais 17 produzidos pelo Governo
Sarney, todos eles sobre a participação e ligação de Dilma, desde 1968, com
movimentos revolucionários de esquerda e
luta armada. Em 1985, Dilma era secretaria da prefeitura de Porto Alegre.
O tempo e os fatos mudam os cenários,
e, naturalmente, nem Dilma e nem Sarney pretendem desenterrar defuntos, além
daqueles que a Comissão da Verdade insiste em desenterrar, mesmo que rasgando de fato a Lei da Anistia.
Sarney deu sustentação ao Governo
Lula e, atualmente, é um dos pilares do Governo Dilma, não só pela sua condição
de presidente do Congresso, mas, principalmente, pela sua influência dentro do
Partido do Movimento Democrático Brasileiro -PMDB -, que tem o vice-presidente Michel
Temer.
A assessoria de Sarney deu uma
cândida resposta à matéria da Folha de S.Paulo: O então Presidente da República
não autorizara o SNI a pesquisar a vida de nenhum cidadão, e ele ( o Chefe de Estado e de Governo) não tinha
conhecimento das ações do órgão.
O aparato de informações serve ao
Estado, e não ao Governo, segundo orientações internas sempre repassadas aos
seus agentes, mas, é óbvio que qualquer presidente, na busca de governabilidade
e de manutenção do poder, não abre mão de seus serviços.
Esse descolamento da figura
presidencial(na condição de Chefe de Governo,porque na de Chefe de Estado é impossível) do aparato de informações ou inteligência é assunto que sempre
gera polêmica, porque, na prática, é uma linha tênue entre o virtual e o real,
principalmente quando envolve a disputa ideológica do poder.
O “socialismo secular” (como diria
Frei Betto), que se confunde hoje com o
socialismo democrático, desde o revisionismo da esquerda desencadeado pela falência do
modelo soviético e a queda do Muro de Berlim, não prescinde dos serviços de
inteligência, sem os quais nenhum grupo consegue conquistar e manter o poder.Assim,
governantes de ontem,de hoje e de amanhã sempre procuram
adotar o “low profile”.
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