terça-feira, 19 de junho de 2012

Lula e Maluf: A ética de resultados


A aliança entre o Partido Progressista, de Paulo Maluf, e o Partido dos Trabalhadores, de Lula, em favor da candidatura de Fernando Haddad à prefeitura de São Paulo, é um típico caso de pragmatismo político ou de aplicação da ética de resultados.

O ex-prefeito e deputado federal, prócer do PP, ainda é um fenômeno de votos na capital e em muitas cidades do interior paulista, onde construiu uma reputação de político ao estilo de Adhemar de Barros: “Rouba, mas faz.”

Não é de se admirar essa aliança, selada com fotografias na casa de Maluf, onde aparece de mãos dadas com Haddad e Lula, para desconforto da ex-prefeita Luiz Erundina, que saiu do PT, depois de administrar São Paulo, exatamente por discordâncias à época com o comando do partido e acabou aceitando o cargo de ministra da Administração do governo do presidente Itamar Franco.

O candidato Haddad garante que conseguirá “consolar” Luíza Erundina (PSB), mas os eleitores petistas, convertidos ao pragmatismo pelo ex-presidente Lula, terão que engolir a seco esse conluio, para muitos promíscuo, que, certamente, pode significar a oportunidade de alavancar a candidatura do ex-ministro da Educação, que, nas pesquisas de opinião, se encontra bem abaixo do tucano José Serra (30%) e de Victor Russomano (PRB), que tem 21%. Com seus 8%, Haddad estaria fora do segundo turno.

No quadro da “geléia geral” em que se transformou o espectro ideológico dos  partidos brasileiros, o Presidente Lula e seu antigo adversário Paulo Maluf parecem estar à vontade para conectar os pólos da esquerda e da direita no jogo de “cerca Lourenço” da disputa à prefeitura mais rica da América Latina.

Esquerda, hoje, para os ideólogos brasileiros, na prática, é poder, e na ideologia em si é mera referência, enquanto direita é estrutura menor, embora arraigada à tradição política oligarca. Basta que se examine o quadro nacional, onde líderes de um e outro lado convergem para interesses comuns e a colocam a oposição como prática circunstancial ao sabor dos fisiologismos regionais.

Sem dúvida, a pedra noventa dessa eleição em São Paulo será o candidato Victor Russomano, que desfralda a bandeira de defesa dos consumidores, conforme indicam as pesquisas atuais, mas Paulo Maluf garante que Haddad irá para segundo turno, desprezando a enorme diferença que existe entre Haddad e o segundo colocado.

Que razões teriam determinado apoio tão ostensivo de Maluf ao candidato petista, a ponto de irritar Luiza Erundina? Não se sabe se Maluf deve favores a Lula, pois o ex-prefeito foi preso durante o governo Lula, quando o Supremo Tribunal Federal julgou a prisão ilegal.

De qualquer forma, essa aliança define claramente a ética de resultados da política brasileira atual, onde o eleitor vai se acostumando a ver elefantes voando e bananeiras produzindo cachos de abacaxis.Mas, fica uma pergunta: Será que esta aliança se limita às eleições de São Paulo ou se estende às manobras na CPI do Cachoeira e ao julgamento do "Mensalão"?

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