“O mundo em desajuste”, obra do escritor
franco-libanês Amin Maalouf, tem servido de referência para que o Itamarati
incentive debates sobre o papel das diásporas de origem judaica e árabe na
busca de construção da paz,mas os interesses das potências pelo imenso manancial de petróleo,além das disputas pela água, é o maior obstáculo para o apaziguamento do Oriente Médio.
Depois de promover a discussão do tema, com apoio
da Fundação Alexandre de Gusmão, o Ministério das Relações Exteriores enviou à
Câmara dos Deputados seu embaixador para Assuntos do Oriente Médio, Cesário
Melantonio Neto, que afirmou, durante debate na Comissão de Relações Exteriores
e de Defesa Nacional, que a paz entre israelenses e palestinos é o objetivo
fundamental do Brasil em relação ao Oriente Médio.O debate foi conduzido pela deputada Perpétua Almeida( PC do B- AC),presidente da Comissão.
Como um dos grandes detentores mundiais de softpower, afirmou Melantonio Neto, o
Brasil algum dia poderá ser mediador de conflitos, mas,por enquanto,já pode ser um facilitador da
paz junto com outros países,mas fez uma advertência:
“O monopólio da segurança e paz mundiais, exercido
hoje por cinco ou seis países membros do Conselho de Segurança da Organização
das Nações Unidas, precisa acabar”. Uma alusão às pretensões do Brasil de
integrar o referido conselho.
Participando dos debates, o secretário de Relações
Internacionais do Superior Tribunal de Justiça, Hussein Ali Kalout, afirmou que
pode haver intenção dos Estados Unidos em que o presidente Bashar al-Assad, da
Síria, seja tirado do poder, mas não que ocorra mudanças na espinha dorsal do stablishment, pois isto recriaria com a
Rússia a questão da bipolaridade.
Descrente da possibilidade de um acordo de paz entre
palestinos e israelenses, por faltar ao primeiro-ministro de Israel, Benjamin
Netanyahu vontade e maioria no governo de coalizão, Ali Khalout resumiu que “os
ocidentais não querem o mundo árabe unido e o Islamismo unificado”.
A questão do Oriente Médio, a seu ver, se resume no
interesse internacional pelo petróleo: ”Cerca de 60% do petróleo mundial se
encontra na região, centralizado na Arábia Saudita, no Irã e no Iraque, o que explica o interesse
de Washington pelo Irã. Cerca de 30% das
importações de petróleo feitas pela China vem daquela região, das quais 20%
destinadas à sua produção industrial.Seria uma forma de controlar o
desenvolvimento da China.”
Khalout considera que a “primavera árabe” acabou e
que nem mesmo uma estabilização da Síria recomporia o processo que levou vários
países à abertura política. Menos pessimista, o consultor de empresas Thiago de
Aragão vê enorme espaço para atuação das empresas brasileiras no Oriente Médio,
em virtude da aceitação do Brasil pelo seu softpower,
mas ,entende que é preciso melhor planejamento e envolvimento da sociedade civil e a descaracterização do Brasil como "país doméstico".
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