A lendária figura de
Rodrigo Diaz de Bivar, o militar castelhano “El Cid”, que viveu no século XI e
que teve seu corpo amarrado à sela de um cavalo para liderar o exército valenciano
em vitória contra os mouros, tem inspirado transições governamentais nos tempos
modernos.
No cinema, em 1961,“El
Cid” foi interpretado por Charlton Heston, e sua mulher, Ximena, teve por
intérprete Sofia Loren, que ordena aos valencianos que o corpo do marido, falecido
em sua cama, em sua residência, em Valência, fosse usado para amedrontar os
adversários.
No Brasil, o presidente
eleito Tancredo Neves, que não chegou a tomar posse, teve sua imagem moribunda
transmitida diretamente do hospital pela televisão, em 14 de março de 1985,
deixando o País em transe, enquanto, nos bastidores políticos, se desencadeava
disputa pelo poder entre o deputado Ulysses Guimarães, que queria nova eleição,
e o vice de Tancredo, José Sarney, que teve sua posse assegurada pelos
militares.
Em 2011, na Coréia do
Norte, o férreo regime, imposto pelo líder e ditador Kim Jong-il ,protelou para
o mundo, pelo tempo que pode, o real estado
de saúde terminal do ditador, e mesmo o ditador cubano Fidel Castro, por diversas
vezes dado como morto, em 2012, teve sua
sucessão administrada pelo grupo palaciano, liderado por seu irmão Raul Castro,
atual dirigente de fato.
E o presidente da
Venezuela, Hugo Chàvez, eleito, mas ainda não empossado constitucionalmente, por se encontrar ausente
do País e em tratamento contra um câncer mortal, há vários meses, em Havana,
começa a despertar suspeitas sobre sua morte, nos meios políticos,
diplomáticos, militares e jornalísticos.
O vice-presidente
Nicolás Maduro nega veementemente, mas o mínimo que se diz de Chàvez é que
estaria em coma induzido. Os chavistas administram febrilmente a imagem do
líder na disputa interna pela sua sucessão, enquanto o Itamaraty, inteiramente
a par da verdadeira situação, mantém-se calado e agindo na surdina para que a
sucessão não venha a desestabilizar as relações entre Brasília e Caracas.
O mistério é o
artifício para se ganhar tempo no jogo das sucessões de poder, e até a “resignação”
do Papa Bento XVI é revestida desse elemento fundamental da política, não importa
se em dimensão micro ou macro.
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