A foto acima, tirada durante
recente apresentação de armas ao ministro da Defesa do Brasil, Celso Amorim, pelas tropas da Escola de Sargentos do
Exército, na cidade de Três Corações, no Estado de Minas Gerais, causou
irritação no âmbito militar.
Acompanhado do comandante do Exército,
general-de-exército Enzo Peri, o ministro Celso Amorim apresenta-se desprovido
de terno e gravata, atitude que, para muitos oficiais, revela seu desprezo ao
cerimonial militar.
Ministro das Relações Exteriores
durante os dois mandatos do Presidente Lula, o diplomata Celso Amorim foi
nomeado para a pasta da Defesa em substituição a outro civil, o jurista e
político Nelson Jobim, que também conseguiu desagradar aos militares, quando
trajava farda em sua visita aos quartéis e em solenidades militares.
Durante o Governo Fernando
Henrique Cardoso, foi criado o Ministério da Defesa, congregando os comandos do
Exército, da Marinha e da Aeronáutica e entregue a civis, uma decisão que até
hoje gera contestações no âmbito castrense.
Ainda há uma forte corrente militar, que
defende, com nostalgia, a estrutura tradicional de três ministérios – Exército,
Marinha e Aeronáutica – e um Estado-Maior das Forças Armadas - EMFA, além da
Escola Superior de Guerra –ESG-,criada em 1949, como núcleo de altos estudos de política e estratégia, congregando civis e
militares brasileiros e estrangeiros, funcionando, com sede no Rio de Janeiro, como
órgão vinculado à Presidência da República.
Hoje subordinada ao Ministério da
Defesa, como Instituto de Altos Estudos de Política, Estratégia e Defesa, a ESG,
sob comando de um general quatro estrelas em rodízio das três forças singulares
(atualmente, é o almirante Leal Ferreira), dispõe de campus avançado em Brasília e não desempenha função de formulação
ou execução da política do País, mas “destina-se
a desenvolver e consolidar os conhecimentos necessários ao exercício de funções
de direção e assessoramento superior para o planejamento da Defesa Nacional,
nela incluídos os aspectos fundamentais da Segurança e do Desenvolvimento. Seus
trabalhos são de natureza exclusivamente acadêmica, sendo um foro democrático e
aberto ao livre debate”, segundo afirma o site da escola.
As transformações promovidas,
contudo, não apagam o histórico protagonismo da ESG como laboratório refinado
de planejamento político-estratégico e maior banco de dados sobre o Brasil, com
repercussões no pensamento de lideranças civis e militares brasileiros, entre as
quais se destacam figuras como as dos ex-presidentes Castello Branco, Ernesto
Geisel e Tancredo Neves e do ex-vice-presidente Marco Maciel.
O atual ministro da Educação, senador
Aluízio Mercadante Oliva, fundador do Partido dos Trabalhadores, é filho de um
ex-comandante da ESG, general-de-exército Moniz Oliva. A escola consegue se
adaptar ao jogo ideológico do poder, desde a sua criação, como notável centro
de cratologia.
Atualmente, há um grande esforço do governo brasileiro em transformar o Ministério da Defesa em centro catalizador das exportações de armas para muitos países, juntamente com os Ministérios das Relações Exteriores e da Indústria e Comércio, tornando-se a Empresa Brasileira de Aeronáutica -Embraer- espécie de guarda-chuva do setor de produção e exportação com a participação de grupos empresariais , em especial megaempresas da construção civil com projetos internacionais.
O Brasil, em decorrência dessa ofensiva, se transformou num dos maiores produtores e exportadores de armas (em especial as leves), equipamentos militares, serviços e obras estratégicas, em parcerias com grupos internacionais. Um dos principais mercados e parceiros são os Estados Unidos.
Gerando empregos e divisas, esse projeto é um dos principais trunfos da Presidente Dilma Rousseff para sua reeleição em 2014,além de fator de composição com os militares, que, tradicionalmente, atuam na vanguarda do desenvolvimento brasileiro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário