quinta-feira, 6 de junho de 2013

Povo e elite na magistratura


Aproveito a quase unânime aprovação, pelo Senado Federal (e pela imprensa brasileira), do nome do jurista Luís Roberto Barroso para o Supremo Tribunal Federal –STF – para observar como a figura de um jurista, dentro da doutrina do “Direito como fato social”, se sujeita a formidáveis adaptações.
Não sinto e não vejo em Joaquim Barbosa, ministro e atual presidente do STF, algum interesse em disputar qualquer cargo eletivo. Pelo que diz e pensa, publicamente, demonstra até certa abulia para a política. Mas... Ninguém pode negar a assombrosa notoriedade adquirida por esse jurista, no Brasil e no exterior.

Num país, onde a escravidão negra atingiu uma das escalas mais vergonhosas, na história moderna, desponta um negro, de origem humilde, de Paracatu, cidade do Estado de Minas Gerais, que revela invulgares talentos e formação para as lides jurídicas.

Joaquim é o terceiro negro nomeado para integrar o STFl( antecederam-no Hermenegildo de Barros(1919-1937) e Pedro Lessa(1907-1921), também contribuindo,  talvez, para resgatar  do esquecimento a que foi relegado o sergipano Tobias Barreto(1839-1889), também negro e um dos maiores juristas e i intelectuais brasileiros de todos os tempos.
É expressiva a popularidade de Joaquim Barbosa, junto à classe média e na Internet, embora os institutos de pesquisas, assim como a mídia em geral no Brasil, dominados pelos brancos (como já foi dito pelo próprio ministro) evitem divulgar dados a respeito.

Obviamente, essa notoriedade veio da sua nomeação para o STF e sua participação como relator no processo do “Mensalão”, a compra de votos parlamentares durante o Governo Lula, cujos condenados são parlamentares famosos, dentre os quais os petistas José Dirceu, que foi ministro, o ex-presidente da Câmara dos Deputados, deputado João Cunha,  e o deputado José Genoino.
Relativamente novo, com 58 anos de idade, Joaquim Barbosa só não seguirá a carreira política, se não tiver mesmo interesse, porque votos (e muitos) não lhe faltarão para nenhum cargo eletivo, inclusive o de Presidente da República.

Vi uma foto recente do ministro numa revista, durante um show do cantor Djavan, no Rio de Janeiro, em que Joaquim Barbosa, de roupa esporte, está abraçado com um grupo de tietes do cantor – Martinália, Glória Maria e o próprio Djavan. Foto que, creio, tão cedo se repetirá com um Presidente do STF, pois, normalmente, os juízes são avessos a aparições públicas dessa natureza.

 

 

 

 

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