Adriano Benayon *
01. Estamos diante de mudança qualitativa na situação mundial, tanto no
plano econômico como no político.
02. Depressão, desemprego crescente, concentração e financeirização
absurdamente elevadas - incompatíveis sequer com o pouco que restava do
estado de direito - têm levado ao Estado totalitário, cujas instituições
aplicam meios e armas tecnológicas, nunca dantes vistas, para desinformar,
espionar e reprimir as pessoas.
03. Poucos países, como Rússia, China e Irã, não se comportam como
capachos do império anglo-americano, sofrendo, por isso, pressões militares,
políticas e constante campanha denegridora, apesar de com ele colaborarem em
muitos terrenos e questões . Nem esses se desvencilharam plenamente da
oligarquia financeira anglo-americana, absoluta em numerosas nações subjugadas,
de todos os continentes.
04. Isso, inclusive, porque o império logra manter seu sistema financeiro
fraudulento, inclusive o dólar e o euro no grosso das transações mundiais
e constituindo mais de 90% das reservas de divisas (só o dólar, mais de 60%).
05. Sem a ameaça do poder militar e sem as incríveis manipulações
nos “mercados financeiros” pelos bancos da oligarquia, o dólar teria, de há
muito, perdido toda credibilidade.
06. Essa moeda é emitida em quantidades colossais, mais de vinte
trilhões tendo sido passados aos bancos da oligarquia financeira anglo-americana
e a alguns europeus a ela vinculados, para livrá-los do colapso criado por
esses próprios bancos, com a orgia dos derivativos.
07.A injeção de dinheiro no sistema financeiro oligárquico, por parte
dos tesouros nacionais e dos bancos centrais, através da criação de moeda,
levou os tesouros a se superendividar, e os bancos centrais a exceder os
limites toleráveis de emissões.
08. Por isso, não haverá como usar o mesmo “remédio” no próximo colapso,
que terá consequências ainda piores que as do anterior, de 2007/2008, inclusive,
como já aconteceu em Chipre, o confisco de haveres dos depositantes.
09. Desde o anterior, com as empresas produtivas e as pessoas em
dificuldades, os bancos quase não emprestaram aos que produzem, e geraram a
bolha do dólar e as dos mercados de títulos e de ações.
10. De fato, os governos títeres fizeram o contrário do que recomenda a
ciência econômica não pautada pela submissão ideológica à oligarquia:
deixar falir os grandes bancos e aplicar recursos financeiros na produção em
bases saudáveis, desmontando carteis e oligopólios e fomentando pequenas e
médias empresas, bem como fortalecendo as estatais e investindo na
infraestrutura.
11. O montante dos derivativos não registrados em bolsas (over the
counter), que havia ultrapassado 600 trilhões de dólares no auge da
“crise” em 2008, voltou a fazê-lo em 2011 (dados do Bank for Internacional
Settlements – BIS).
12. Grande, se não a maior, parte dos derivativos revelou-se
podre, por serem pacotes de obrigações securitizadas, em cuja base estavam
instrumentos de crédito-débito sem condições de serem adimplidos.
13. Os vultosos prejuízos resultantes desencadearam o colapso e deveriam
ter causado a falência dos grandes bancos, cujos controladores, executivos e
acionistas haviam obtido ganhos bilionários com as fraudes.
14. A sequela do colapso financeiro foi a depressão e o desemprego nos
EUA, Inglaterra, Japão e na quase totalidade da Europa, com reflexos em todo o
Mundo.
15. Aí entra a desinformação. Nos EUA, os órgãos oficiais falseiam
as estatísticas de diversas formas, inclusive superestimando a produção,
ao aplicar aos preços deflatores muito inferiores à inflação verdadeira, e
subestimando o desemprego.
16. Mas as pessoas sentem a deterioração de suas condições de vida e
protestam. Diante disso, a oligarquia recorre à repressão policial, reforçando
cada vez mais a natureza totalitária do poder público que controla. É o
inelutável reverso político da medalha econômica e social.
17. O Estado policial, a serviço da oligarquia, já estava
consolidado antes da implosão das Torres Gêmeas, em Nova York, e do
míssil disparado contra o Pentágono, em Washington, em 11.09.2001, pois praticar
um golpe dessa magnitude, conseguir ocultá-lo na “investigação”, reprimir os
que demonstraram a verdade e impor à mídia a difusão da mentira oficial, são
façanhas só possíveis sob instituições totalitárias.
18. Esse golpe - vale recordar – foi perpetrado para
aterrorizar a população, obter do Congresso mais leis repressoras e
“justificar” ações de guerra de grande envergadura, no Oriente Próximo e no
Norte e Leste da África, no Afeganistão, Iraque, Líbia, e mais
recentemente Síria.
19. Muita gente imagina que a oligarquia não tem como evitar a
depressão e crê que ela não entende como a política econômica a poderia
suprimir. 20. Entretanto, a recorrência das depressões e a continuidade
das guerras demonstram que elas não são catástrofes naturais, mas, sim,
deliberadamente cultivadas, além de consequência da concentração extrema do
poder econômico, causada pelas políticas públicas comandadas pela oligarquia.
21. A oligarquia tem por objetivo central aprofundar e tornar absoluto
seu poder econômico e político. Para isso, nada melhor que tornar pobre a grande
maioria dos razoavelmente prósperos e a totalidade dos trabalhadores, que, em
situação de vida menos desfavorável, contariam com recursos financeiros e
tempo para organizar-se e resistir à concentração do poder e aos desmandos da
repressão totalitária.
22. Um exemplo disso ocorre com os brasileiros, que, se empregados, têm
de desperdiçar cinco horas diárias estressando-se no trânsito. Além disso, o
lazer é arruinado pela anticultura, e pela promoção de vícios e pela
destruição de valores inculcadas pelos meios de comunicação e de
entretenimento.
23. Os moderníssimos e cada vez mais poderosos instrumentos da
eletrônica e da informática são intensamente empregados a serviço disso,
como também da espionagem industrial e a repressiva, causando danos às
economias nacionais e à privacidade e à segurança de cada
indivíduo.
24. O Brasil, transformado em zona passiva da exploração e da
opressão imperiais, tem o “privilégio” de votar na urna eletrônica menos
confiável do Mundo, e agora seus eleitores vão ser submetidos pela “Justiça” ao
cadastramento biométrico, ficando, assim, expostos a mais abusos contra seus
direitos.
25. Por mais absurdo que pareça às mentes sadias, infere-se o objetivo
de dizimar a população mundial, por parte da oligarquia instituidora da
“nova ordem mundial”. Basta, para isso, ver o que ocorre, há decênios.
26. Percebe-se mais um “sentido” da depressão econômica: favorecer o
aumento da subnutrição, da má nutrição e das doenças, inclusive através do
estresse, fonte da intoxicação endógena e da perda da imunidade.
27. O fomento das doenças, além de fonte de lucros das indústrias
da “saúde”, faz “controle demográfico”, complementando o controle da
natalidade. Para tanto, estão aí os transgênicos, agrotóxicos, o
lançamento de rastros químicos por aviões, a gigantesca poluição de produtos
como petróleo e seus derivados, carvão, xisto, os da indústria
química e n outros.
28. Na mesma direção, refrigerantes, fumo, drogas, antibióticos,
quimioterapia, radioterapia e os hormônios, inclusive administrados ao gado e
aves. Ademais, a medicina orientada pelos interesses financeiros da indústria
farmacêutica e da de equipamentos médicos.
(1) O caso emblemático do analista Snowden provocou a fúria dos agentes
imperiais, tendo o presidente Putin agido com exemplar firmeza, ao lhe conceder
asilo, em contraste com a atitude dúbia da China, que rapidamente o despachou
para a Rússia.
* - Adriano Benayon é doutor em economia e autor do
livro Globalização versus Desenvolvimento.
Nenhum comentário:
Postar um comentário