Juacy da Silva*
Estamos a menos de um ano das eleições de 2014,
quando serão escolhidos deputados federais, senadores, Presidente da República,
Governadores e deputados estaduais, enfim, toda a cúpula política nacional e
estadual. Com certeza, ao longo deste tempo, o povo brasileiro terá
oportunidade de ouvir e conhecer as propostas dos candidatos, seus
partidos e alianças.
O quadro partidário no Brasil é uma verdadeira
mixórdia, onde as coligações estaduais e locais não guardam a mínima coerência
programática, ideológica ou doutrinária em relação ao plano nacional.
Sob o manto das coligações que sustentam a
base parlamentar do governo federal, por exemplo, estão vários partidos e
candidatos que não se “bicam” nos estados e municípios. Tais alianças
representam o que foi idealizado pelo General Golbery, quando foram instituídas
as sublegendas, tanto no partido do governo quanto da oposição consentida na
época.
Muita gente se recorda ainda das figuras da ARENA
1, Arena 2, MDB 1, MDB 2, e assim por diante. Outra figura surgida naquela
época foi a do senador biônico, além dos governadores “escolhidos”
pelas assembleias legislativas, depois que o candidato
tivesse, sido ungidos pelo poder central, idem quanto a “escolha” dos prefeitos
das capitais e das cidades de fronteira ou de áreas de segurança nacional.
Várias dessas figuras políticas que estavam ao lado
dos governos militares ainda estão presentes na atualidade política nacional,
posando de democratas convictos, todos ou a grande maioria em partidos
que apoiam o governo federal desde a eleição de Lula e Dilma. Muitos desses
também apoiaram os Governos Sarney, Collor/Itamar e Fernando Henrique
Cardoso, verdadeiros camaleões políticos.
Desta forma, apesar do discurso ainda um pouco
“esquerdista” do Partido dos Trabalhadores- PT- e alguns outros partidos
aliados, desde o fim do regime militar, a cúpula política nacional
segue praticamente um mesmo modelo econômico e social, cujos resultados
estão deixando a desejar, seja no que tange ao desempenho econômico, seja
na definição de políticas equivocadas, incluindo um assistencialismo de estado
com clara manipulação política e eleitoral.
Prova disso é o agravamento da crise social, a
escalada da violência, o caos na saúde pública, a falta de rumo na
educação, a precariedade da infraestrutura, o crescimento assustador da dívida
pública, que consome praticamente metade do orçamento da União a cada ano, a
situação vergonhosa do saneamento básico, a paralização da reforma agrária e o
avanço do latifúndio.
Boa parte das terras agricultáveis já está em mãos
de estrangeiros, a corrupção que já está praticamente institucionalizada
na administração pública, a baixa produtividade de nossa economia, o
aparelhamento do Estado pelo PT e demais partidos integrantes do bloco do
poder, a inflação que deteriora o poder aquisitivo do trabalhador e
intranquiliza do empresariado, a voracidade tributária e a baixa qualidade
dos serviços públicos e a degradação ambiental.
Outro problema que a cada ano está se agravando,
uma das razões dos protestos populares mais recentes, é o caos urbano e a baixa
qualidade dos transportes coletivos, um vexame nacional.
Enfim, não basta o povo ser obrigado a votar,
sempre tendo que se submeter às
decisões que os caciques e cúpulas partidárias costumam acertar em conchavos ,
longe do povo, atendendo às conveniências dos eternos donos do poder não para
os reais interesses nacionais, mas, sim, outros interesses
econômicos e financeiros.
Está na hora do país debruçar-se sobre uma nova
agenda que encare de frente os grandes e verdadeiros desafios nacionais,
incluindo um planejamento de longo prazo, com transparência e participação
popular, articulado entre os três níveis de governo.
A eternização dos mesmos atores, partidos, grupos e
esquemas que há décadas têm demonstrado como ineficientes e ineficazes e
corruptos precisa sofrer uma mudança de rumo, buscando a construção de um novo
modelo de desenvolvimento nacional com justiça, segurança, eficiência e melhor
qualidade de vida para o povo e não apenas para as elites do poder e seus
aliados de sempre.
*Professor universitário, titular e aposentado da
Universidade Federal de Mato Grosso - UFMT, mestre em sociologia. Email professor.juacy@yahoo.com.br Blog www.professorjuacy.blogspot.com
Twitter@profjuacy
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