terça-feira, 22 de outubro de 2013

Mudança de Rumo


 Juacy da Silva*
Estamos a menos de um ano das eleições de 2014, quando serão escolhidos deputados federais, senadores, Presidente da República, Governadores e deputados estaduais, enfim, toda a cúpula política nacional e estadual. Com certeza, ao longo deste tempo, o povo brasileiro terá oportunidade de ouvir  e conhecer as propostas dos candidatos, seus partidos e alianças.

O quadro partidário no Brasil é uma verdadeira mixórdia, onde as coligações estaduais e locais não guardam a mínima coerência programática,  ideológica ou doutrinária em relação ao plano nacional.

Sob o  manto das coligações que sustentam a base parlamentar do governo federal, por exemplo, estão vários partidos e candidatos que não se “bicam” nos estados e municípios. Tais alianças representam o que foi  idealizado pelo General Golbery, quando foram instituídas as sublegendas, tanto no partido do governo quanto da oposição consentida na época.

Muita gente se recorda ainda das figuras da ARENA 1, Arena 2, MDB 1, MDB 2, e assim por diante. Outra figura surgida naquela época foi a do senador biônico, além dos governadores “escolhidos” pelas   assembleias legislativas, depois que o  candidato tivesse, sido ungidos pelo poder central, idem quanto a “escolha” dos prefeitos das capitais e das cidades de fronteira ou de áreas de segurança nacional.

Várias dessas figuras políticas que estavam ao lado dos governos militares ainda estão presentes na atualidade política nacional, posando de democratas  convictos, todos ou a grande maioria em partidos que apoiam o governo federal desde a eleição de Lula e Dilma. Muitos desses também apoiaram os  Governos Sarney, Collor/Itamar e Fernando Henrique Cardoso, verdadeiros camaleões políticos.

Desta forma, apesar do discurso ainda um pouco “esquerdista” do Partido dos Trabalhadores- PT- e alguns  outros partidos aliados, desde  o  fim do regime militar, a cúpula política nacional segue praticamente um mesmo  modelo econômico e social, cujos resultados estão  deixando a desejar, seja no que tange ao desempenho econômico, seja na definição de políticas equivocadas, incluindo um assistencialismo de estado com clara manipulação política e eleitoral.

Prova disso é o agravamento da crise social, a escalada da violência, o caos  na saúde pública, a falta de rumo na educação, a precariedade da infraestrutura, o crescimento assustador da dívida pública, que consome praticamente metade do orçamento da União a cada ano, a situação vergonhosa do saneamento básico, a paralização da reforma agrária e o avanço do latifúndio.

Boa parte das terras agricultáveis já está em mãos de estrangeiros,  a corrupção que já está praticamente institucionalizada na  administração pública, a baixa produtividade de nossa economia, o aparelhamento do Estado pelo PT e demais partidos integrantes do bloco do poder, a inflação que deteriora o poder aquisitivo do trabalhador e intranquiliza do empresariado, a voracidade tributária e a baixa qualidade dos  serviços públicos e a degradação ambiental.

Outro problema que a cada ano está se agravando, uma das razões dos protestos populares mais recentes, é o caos urbano e a baixa qualidade dos transportes coletivos, um vexame nacional.

Enfim, não basta o povo ser obrigado a votar, sempre tendo que se submeter  às  decisões que os caciques e cúpulas partidárias costumam acertar em conchavos , longe do povo, atendendo às conveniências dos eternos donos do poder não para os reais interesses nacionais, mas, sim,  outros interesses econômicos  e financeiros.

Está na hora do país debruçar-se sobre uma nova agenda que encare  de frente  os grandes e verdadeiros desafios nacionais, incluindo um planejamento de longo prazo, com transparência e participação popular, articulado entre os três níveis de governo.

A eternização dos mesmos atores, partidos, grupos e esquemas que há décadas têm demonstrado como ineficientes e ineficazes e corruptos precisa sofrer uma mudança de rumo, buscando a construção de um novo modelo de desenvolvimento nacional com justiça, segurança, eficiência e melhor qualidade de vida para o povo e não apenas para as elites do poder e seus aliados de sempre.

*Professor universitário, titular e aposentado da Universidade Federal de Mato Grosso - UFMT, mestre em sociologia. Email professor.juacy@yahoo.com.br Blog www.professorjuacy.blogspot.com Twitter@profjuacy

 

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