Francisco das Chagas Leite Filho
Os Estados Unidos por trás
das revoltas da chamada “Primavera Árabe” e como mentor dos atos de terrorismo
de Estado no Oriente Médio. Eis algumas das conclusões do novo livro do
cientista político Luiz Alberto Moniz Bandeira, há 17 anos residindo na
Alemanha, e que chega ao Brasil sob o título “A Segunda Guerra Fria –
Geopolítica e dimensão estratégica dos Estados Unidos – Das rebeliões na Eurásia
à África do Norte e Oriente Médio”.
É lançado pela Editora
Civilização Brasileira, com prefácio do embaixador Samuel Pinheiro Guimarães.
Aprofundando e atualizando as questões apresentadas em “Formação do
Império Americano”, seu último livro sobre a região, de 2005, traduzido até
para o chinês, o autor de mais de 20 obras e considerado a maior autoridade na
análise da influência da política norte-americana no Brasil e no continente,
faz algumas revelações, nesta obra, que deixariam pasmado qualquer observador
menos atento da cena internacional:
“Foram a CIA e o
Inter-Services Intelligence (ISI) do Paquistão e o Ri’ãsat Al-Istikhbãrãt
Al-’Ãmah, o serviço de inteligência da Arábia Saudita, que institucionalizaram
o terrorismo em larga escala, com o estabelecimento de campos de treinamento no
Afeganistão, a fim de combater as tropas da União Soviética (1979-1989),
fornecendo aos mujahin toda
sorte de recursos e sofisticados petrechos bélicos - de 300 a 500 mísseis
antiaéreos Stinger,
dos Estados Unidos”.
Antes, ele havia
assinalado logo no início, à página 37, que o terrorismo, na realidade, não era
novo e nos anos 1960 e 1970, tanto a Organização para a Liberação da Palestina
(OLP), quanto a Frente de Libertação Nacional (FLN), da Argélia, e a Frente de
Libertação da Eritreia (FLE) recorreram a esse método de luta, sem que
configurasse ameaça internacional. Tais ações seriam parte da estratégia dos
Estados Unidos e da Europa para travar a influência, primeiro da União
Soviética, e depois da Rússia e da China naquela parte do mundo que controla
dois terços da produção mundial de petróleo.
Lição para a América Latina”
No prefácio à “Segunda Guerra Fria, o embaixador e ex-ministro
Samuel Pinheiro Guimarães, um dos arquitetos da política externa independente
do presidente Lula da Silva, adverte: “Há uma lição a tirar para os países da
América do Sul, que procuram um caminho de autonomia ao Império Americano. As
informações recolhidas e analisadas por Moniz Bandeira revelam a atuação
orquestrada de grandes potências, de ONGs, da mídia, de fundações privadas e
públicas para financiar a mudança de governos nos países que consideram
relevantes e sua determinação de usar técnicas mais atentatórias dos direitos humanos
tais como kill-capture,
isto é, matar e depois capturar o corpo, o uso da tortura, os assassinatos
seletivos e o uso de drones, aviões sem piloto, e
agora o controle global das informações, que prenunciam as batalhas futuras
automatizadas e eletrônicas contra as províncias rebeldes que buscarem sua
independência em relação à metrópole imperial”.
Samuel termina o prefácio fazendo um novo alerta: “Enquanto o
Brasil não procurar controlar as megaempresas multinacionais em seu território
para levá-las a cooperar com seu desenvolvimento tecnológico e torna-lo
autônomo; enquanto não procurar ter competência militar para se defender e
dissuadir; enquanto não decidir democratizar a mídia, instrumento de poder,
democratizando a opinião; enquanto limitar suas ambições de desenvolvimento,
ficaremos a salvo e aplaudidos. A salvo, subjugados, satisfeitos e conformados
em nossa condição de grande Estado periférico. Assim nos ensina Moniz
Bandeira”.
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