terça-feira, 12 de novembro de 2013

"A Segunda Guerra Fria",livro de Moniz Bandeira

Francisco das Chagas Leite Filho
 
Os Estados Unidos por trás das revoltas da chamada “Primavera Árabe” e como mentor dos atos de terrorismo de Estado no Oriente Médio. Eis algumas das conclusões do novo livro do cientista político Luiz Alberto Moniz Bandeira, há 17 anos residindo na Alemanha, e que chega ao Brasil sob o título “A Segunda Guerra Fria – Geopolítica e dimensão estratégica dos Estados Unidos – Das rebeliões na Eurásia à África do Norte e Oriente Médio”.

É lançado pela Editora Civilização Brasileira, com prefácio do embaixador Samuel Pinheiro Guimarães. Aprofundando e atualizando as questões apresentadas em “Formação do Império Americano”, seu último livro sobre a região, de 2005, traduzido até para o chinês, o autor de mais de 20 obras e considerado a maior autoridade na análise da influência da política norte-americana no Brasil e no continente, faz algumas revelações, nesta obra, que deixariam pasmado qualquer observador menos atento da cena internacional:

“Foram a CIA e o Inter-Services Intelligence (ISI) do Paquistão e o Ri’ãsat Al-Istikhbãrãt Al-’Ãmah, o serviço de inteligência da Arábia Saudita, que institucionalizaram o terrorismo em larga escala, com o estabelecimento de campos de treinamento no Afeganistão, a fim de combater as tropas da União Soviética (1979-1989), fornecendo aos mujahin toda sorte de recursos e sofisticados petrechos bélicos - de 300 a 500 mísseis antiaéreos Stinger, dos Estados Unidos”.

Antes, ele havia assinalado logo no início, à página 37, que o terrorismo, na realidade, não era novo e nos anos 1960 e 1970, tanto a Organização para a Liberação da Palestina (OLP), quanto a Frente de Libertação Nacional (FLN), da Argélia, e a Frente de Libertação da Eritreia (FLE) recorreram a esse método de luta, sem que configurasse ameaça internacional. Tais ações seriam parte da estratégia dos Estados Unidos e da Europa para travar a influência, primeiro da União Soviética, e depois da Rússia e da China naquela parte do mundo que controla dois terços da produção mundial de petróleo.

Lição para a América Latina”

No prefácio à “Segunda Guerra Fria, o embaixador e ex-ministro Samuel Pinheiro Guimarães, um dos arquitetos da política externa independente do presidente Lula da Silva, adverte: “Há uma lição a tirar para os países da América do Sul, que procuram um caminho de autonomia ao Império Americano. As informações recolhidas e analisadas por Moniz Bandeira revelam a atuação orquestrada de grandes potências, de ONGs, da mídia, de fundações privadas e públicas para financiar a mudança de governos nos países que consideram relevantes e sua determinação de usar técnicas mais atentatórias dos direitos humanos tais como kill-capture, isto é, matar e depois capturar o corpo, o uso da tortura, os assassinatos seletivos e o uso de drones, aviões sem piloto, e agora o controle global das informações, que prenunciam as batalhas futuras automatizadas e eletrônicas contra as províncias rebeldes que buscarem sua independência em relação à metrópole imperial”.

Samuel termina o prefácio fazendo um novo alerta: “Enquanto o Brasil não procurar controlar as megaempresas multinacionais em seu território para levá-las a cooperar com seu desenvolvimento tecnológico e torna-lo autônomo; enquanto não procurar ter competência militar para se defender e dissuadir; enquanto não decidir democratizar a mídia, instrumento de poder, democratizando a opinião; enquanto limitar suas ambições de desenvolvimento, ficaremos a salvo e aplaudidos. A salvo, subjugados, satisfeitos e conformados em nossa condição de grande Estado periférico. Assim nos ensina Moniz Bandeira”.

 

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