O
que dizer de Nelson Mandela, que falece aos 95 anos, depois de imprimir a marca
de sua liderança na África do Sul lutando contra o aparteísmo?
É
um homem/síntese das contradições humanas, da força e da fragilidade, que soube traduzir para o lado
prático da política seu espírito conciliador e libertário. Foi preso, sofreu no
cárcere, se libertou e ajudou a construir a África do Sul moderna, que hoje
experimenta um desenvolvimento econômico digno de destaque no mundo inteiro,
não obstante as práticas antiéticas do apartheid,
que foram abolidas oficialmente, ainda persistam de forma mascarada em
alguns bolsões conservadores do país.
Mandela
se transformou num símbolo da luta contra o ódio e a desigualdade para o mundo inteiro,
mas seu caráter combativo e refinado não se forjou, por acaso, nas lutas que
travou. Ele pertenceu à linha monárquica
africana, tem sangue azul e consta do Almanaque de Gotha sobre as casas monárquicas do mundo inteiro.
Tinha
a visão de estadista e, ao mesmo tempo, conhecia a alma do povo sul-africano, a
sua cultura intrinsicamente tribalista e vocacionada para as ações libertárias.
Ele soube acionar esse gatilho espiritual de seu povo e assumir, no momento
certo, a liderança política que lhe permitiu combater o apartheid: Quando emergiam na África os movimentos de libertação,
como em Angola, Moçambique, Guiné-Bissau e Cabo Verde, os quais contavam, inclusive,
com o apoio do Brasil, sob o Governo Ernesto Geisel.
Era aquele o momento
certo para acabar com a luta sangrenta entre brancos e negros na África do Sul
e na Rodésia (desde 1980, atual República do Zimbabwe), e não há como dissociar
as transformações na África negra, nas últimas décadas, da figura carismática de Nelson Mandela.
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