quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Mandela, homem/síntese e libertário


O que dizer de Nelson Mandela, que falece aos 95 anos, depois de imprimir a marca de sua liderança na África do Sul lutando contra o aparteísmo?

É um homem/síntese das contradições humanas, da força e da fragilidade, que soube traduzir para o lado prático da política seu espírito conciliador e libertário. Foi preso, sofreu no cárcere, se libertou e ajudou a construir a África do Sul moderna, que hoje experimenta um desenvolvimento econômico digno de destaque no mundo inteiro, não obstante as práticas antiéticas do apartheid, que foram abolidas oficialmente,  ainda persistam de forma mascarada em alguns bolsões conservadores do país.

Mandela se transformou num símbolo da luta contra o ódio e a desigualdade para o mundo inteiro, mas seu caráter combativo e refinado não se forjou, por acaso, nas lutas que travou.  Ele pertenceu à linha monárquica africana, tem sangue azul e consta do Almanaque de Gotha sobre  as casas monárquicas do mundo inteiro.

Tinha a visão de estadista e, ao mesmo tempo, conhecia a alma do povo sul-africano, a sua cultura intrinsicamente tribalista e vocacionada para as ações libertárias. Ele soube acionar esse gatilho espiritual de seu povo e assumir, no momento certo, a liderança política que lhe permitiu combater o apartheid: Quando emergiam na África os movimentos de libertação, como em Angola, Moçambique, Guiné-Bissau e Cabo Verde, os quais contavam, inclusive, com o apoio do Brasil, sob o Governo Ernesto Geisel.
Era aquele o momento certo para acabar com a luta sangrenta entre brancos e negros na África do Sul e na Rodésia (desde 1980, atual República do Zimbabwe), e não há como dissociar as transformações na África negra, nas últimas décadas, da figura carismática de Nelson Mandela.

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