Conheço
e tenho amigos maranhenses que se manifestam envergonhados com a barbárie
imperante no presídio de Pedrinhas, em São Luiz, capital do Estado do Maranhão.
As cenas divulgadas pela web, de tortura e decapitação de presos dentro do
presídio, chocam não apenas os brasileiros, mas o mundo inteiro.
Em
pleno século XXI, o comportamento cavernoso dos presos daquele estabelecimento
desperta indagações sobre a autoridade pública do Estado do Maranhão e do
próprio Brasil, pois o desgaste da governadora Roseane Sarney respinga na
presidente Dilma Rousseff e no próprio Ministro da Justiça, José Eduardo
Cardozo, que, curiosamente, é um dos membros do governo mais bem avaliados em
seu desempenho por jornalistas e empresários.
A
Força Nacional manda homens para restabelecer a ordem em Pedrinhas e os
bandidos continuam agindo dentro e fora do presídio, assassinando colegas,
estuprando visitantes e mandando incendiar ônibus nas ruas da capital?
Televisões
e jornais do mundo inteiro repercutem as cenas horripilantes filmadas pelos
próprios algozes das vítimas, e as autoridades federais e do Maranhão continuam
tranquilas, reagindo como se houvesse um trabalho estratégico da mídia para
desgastar o clã dos Sarney, que domina há décadas aquele estado.
Não
é apenas o ex-presidente José Sarney, pai da governadora, que tem seu nome
associado ao Maranhão. O atual ministro das Minas e Energia, Edison Lobão, foi
governador do estado, fundando um novo clã político, com sua esposa Nice,
deputada federal, e seu filho senador Edison Lobão Filho.
São
Luiz, a única cidade brasileira fundada por franceses, em 1612, tem mais de um
milhão de habitantes e é considerada uma espécie de “Atenas brasileira”, por
causa da grande quantidade de escritores e intelectuais que gerou para o
Brasil, muitos deles escritores da Academia Brasileira de Letras. Sarney também
pertence à Academia. Agora, a cidade vive momentos inéditos de terror, que devem
levar Gonçalves Dias, os irmãos Arthur e Aluísio Azevedo e tantos outros
falecidos a se remexerem no túmulo.
O
que ocorre em Pedrinhas e vem sendo divulgado amplamente também poderia ocorrer
em outras penitenciárias do País e do mundo, atestando a falência do sistema
prisional. Organização complexa tem suas regras no Maranhão, em São Paulo ou
nos Estados Unidos, nos presídios de segurança máxima, onde impera a ética do
medo. Por esse ângulo, o Brasil não é um caso raro de violência nos presídios.
O
que causa perplexidade, diante das imagens divulgadas, é a banalização do crime
e da morte e a dificuldade que as autoridades vêm encontrando para dissipar a
máfia que domina aquele presídio, com poderes internos e externos, reproduzindo
e retroalimentando um processo que se
consolida em outros estados. Pedrinhas torna-se emblemática...
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