As esquerdas tentam
aplicar no Brasil a estratégia do filósofo italiano socialista Antonio Gramsci
(1891-1937), que, em seus “Cadernos do Cárcere” (1975), recomenda a conquista
do poder gradativamente, através da superestrutura e da hegemonia cultural,
esta obtida via controle dos agentes culturais, em especial os meios de
comunicação.
No meu último
artigo, em que alerto sobre o início da censura na web, com a edição do Marco
Civil da Internet no Brasil, observo o esforço dos atuais detentores do poder
aqui, em especial o Partido dos Trabalhadores – PT-, para estender ao universo
virtual, onde as redes sociais se comportam como fatores de alto risco para a
conformação política, o domínio que já exercem sobre a imprensa falada e
escrita (jornais, revistas, rádios e televisões, etc.).
Por mais respeito
que Gramsci mereça e por mais incensado que venha sendo no Brasil, não vejo
condições de êxito para as esquerdas estabelecerem essa hegemonia e implantarem
o Socialismo, como regime eficaz para seus objetivos colimados, porque a
governabilidade teria por principal óbice a cultura arraigada do Positivismo comteano,
que, na verdade, continua regendo o poder no Brasil, desde a implantação da
República, em 1889.
Não importa que
haja um plano das esquerdas, inspiradas no Foro de São Paulo, para implantação
do Socialismo no Brasil e alhures na América Latina, nos moldes da antiga União
Soviética. É possível que até logrem êxito nessa empreitada, bancada por
centros de poder que se mantém ocultos na manipulação dos cordéis políticos
mundiais, com bases em disputas e interesses econômicos vitais, entre os quais
o controle dos mananciais de petróleo e minérios estratégicos.
Mas será um êxito
ilusório e por pouco tempo, porque escolheram a ideologia errada. Pelo menos no
Brasil, teriam que arrancar da Bandeira Nacional o dístico Ordem e Progresso e
expurgar do pensamento militar brasileiro a influência de Augusto Comte (1798-1857).
E qual é o pensamento militar brasileiro? É aquele sintetizado nos Objetivos
Nacionais Permanentes, cultivados pela Escola Superior de Guerra: Democracia, Soberania, Justiça Social, Integração Nacional e Integridade do Patrimônio Cultural.
Não vale nenhuma leitura mascarada desses conceitos, como fizeram Marx e Feuerbach em relação a Hegel. Com a globalização
e o petismo, alguns deles foram retocados com ajuste à nova ordem,
mas, no fundo permanecem essencialmente os mesmos. Não se pode ignorar que o
Positivismo persiste como regente do poder no Brasil, e o próprio Lula já andou,
em outros tempos, reconhecendo essa realidade à qual se curvaram outros líderes
da esquerda brasileira em outros tempos, como Leonel Brizola, Mário Covas e
Ulysses Guimarães.
Não há nenhuma
filosofia idealista transcendental, de Kant a Marx, chegando-se a Gramsci, que
consiga suplantar o Positivismo nos bolsões nevrálgicos do poder político
brasileiro. E qual é a razão dessa sedimentação do Positivismo no Brasil? Ele transformou
as Forças Armadas em vanguarda do desenvolvimento tecnológico
brasileiro. Com Gramsci, o conceito de Estado ampliado (com sociedade política
e sociedade civil ), e a presença da intelectualidade orgânica reduziriam o “stablishment”
militar a mero coadjuvante, servo do processo de decisão e condução do País aos
Objetivos Nacionais Permanentes. Com Comte, os militares permanecem senhores.
Há muitos anos,
ouvi de um coronel do Exército que o Comunismo só teria chance de ser
introduzido no Brasil se o fosse com apoio das Forças Armadas. Em alguns momentos, cheguei
a considerar como válida essa reflexão, mas hoje a considero apenas uma “boutade”,
porque as condições culturais brasileiras, que poderiam servir eventualmente
para a estratégia gramsciana, pendem para o Positivismo comteano. Um país em
desenvolvimento não tem como se sustentar no idealismo transcendental, sem o
risco de ficar como Peter Pan...O estágio brasileiro atual requer a otimização
do emprego majoritário das forças sensoriais
Alerto o
PMDB, PT, PSDB e todas as demais forças de esquerda e os centros de poder internacionais,que transformam países em fantoches, impondo governantes manipuláveis e
ideologias estranhas à cultura nacional, que o Brasil continua positivista e
que Augusto Comte impera aqui sem nenhum
rival. Comprarão prejuízos e incorrerão em estupidez apostando contra essa realidade.
Lendo recente obra
de Stephen Trombley, “50 Pensadores que formaram o mundo moderno” (Texto Editores Ltda., 2014), apreciei a importância
e atualidade de Augusto Comte até como influenciador de socialistas como Saint
Simon e Karl Marx. Gramsci está fora dos 50. Essa é a distância que existe
entre o Positivismo e o Gramscianismo no Brasil e que não deve ser subestimada pelos
afoitos “revolucionários” e seus financiadores.
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