Adriano
Benayon *
As
TVs e a grande mídia promovem intensamente a candidata que surgiu com a morte
do desaparecido na explosão. Marina da Silva costuma ser apresentada como
defensora do meio-ambiente e como diferente de políticos que têm levado o País
à ruína financeira e estrutural, como foram os casos, em especial, de Collor e
de FHC.
2. Mas Marina não representa ambientalismo
algum honesto, nem qualquer outra coisa honesta. O que tem feito é, a serviço
do poder imperial angloamericano, usar a preservação do meio ambiente como
pretexto para impedir – ou retardar e tornar absurdamente caras – muitas obras
de infra-estrutura essenciais ao desenvolvimento do País.
3. Pior ainda, a tirania do poder mundial, com
a colaboração de seus agentes locais, já ocupa enormes áreas, notadamente na
região amazônica, para explorar não só a biodiversidade, mas os fabulosos
recursos do subsolo, verdadeiro delírio mineral, na expressão do falecido
Almirante Gama e Silva, profundo conhecedor da região e, durante muitos anos,
diretor do projeto RADAM.
4. Além da pregação enganosa sobre o meio
ambiente, o império vale-se de hipocrisia semelhante em relação à pretensa
proteção aos direitos dos indígenas, a fim de apropriar-se de imensas áreas,
que os três poderes do governo têm permitido segregar do território nacional,
pois brasileiro não entra mais nelas.
5. As ONGs ditas ambientalistas, locais e
estrangeiras, financiadas pela oligarquia financeira britânica, como a
Greenpeace e o WWF (Worldwide Fund for Nature) trabalham para quem as sustenta,
não estando nem aí para o meio-ambiente.
6. Isso é fácil de notar, pois não dão sequer
um pio contra a poluição dos mares, produzida pelo cartel anglo-americano do
petróleo: a mais terrível poluição que sofre o planeta, pois os oceanos são a
fonte principal do oxigênio e do equilíbrio da Terra.
7. Marina foi designada ministra do meio
ambiente, em Nova York, quando Lula, antes de sua posse, em janeiro de 2003,
foi peitado por superbanqueiros, em reunião após a qual anunciou suas duas
primeiras nomeações: Meirelles para o BACEN e Marina Silva para o MME.
8. Empossada no MME, Marina, nomeou
imediatamente secretário-geral do ministério o presidente da Greenpeace, no
Brasil.
9.
Marina foi dos poucos brasileiros presentes, quando o príncipe Charles reuniu,
na Amazônia, outros chefes de Estado da OTAN e caciques das terras que ele e
outros membros e colaboradores da oligarquia mundial já estão controlando por
meio de suas ONGs e organizações “religiosas”, como igreja anglicana, Conselho
Mundial das Igrejas etc.
10. Todos deveriam saber que os carteis
britânicos da mineração praticamente monopolizam a extração dos minerais
preciosos, e a maioria dos estratégicos, notadamente no Brasil, na África, na
Austrália e no Canadá.
11.
Os menos desavisados entenderam por que Marina desfilou em Londres, nas
Olimpíadas de 2012, única brasileira a carregar a bandeira olímpica.
12. É difícil inferir que o investimento da
oligarquia do poder mundial em Marina da Silva visa a assegurar o controle
absoluto pelo império angloamericano das riquezas naturais do País?
13.
Algo mais notório: a mentora ostensiva da candidatura de Marina é a Sra. Neca
Setúbal, herdeira do Banco Itaú, o que tem maiores lucros no Brasil,
beneficiário, como os demais, das absurdas taxas de juros de que eles se cevam
desde os tempos de FHC, insuficientemente reduzidas nos governos do PT.
14. Não há como tampouco ignorar as conexões
do Itaú e de outros bancos locais com os do eixo City de Londres e Wall Street
de Nova York.
15.
D. Marina nem esconde desejar que o Banco Central fique ainda mais à vontade
para privilegiar os bancos a expensas do País, que já gasta 40% de suas
receitas com a dívida pública, sacrificando os investimentos em
infra-estrutura, saúde, educação etc.
16. Contados os juros e amortizações pagos em
dinheiro e os liquidados com a emissão de novos títulos, essa é despesa anual
com a dívida pública, a qual, desse modo, cresce sem parar (já passa de quatro
trilhões de reais).
17. Ninguém notou que Marina – além de regida
pelo Itaú – já tem, para comandar sua política uma equipe de economistas tão
alinhada com a política pró-imperial como a que teve o mega-entreguista FHC, e
como a de que se cercou Aécio Neves?
18. Como assinalou Jânio de Freitas, Marina e
Aécio se apresentam com programas idênticos. Na realidade, é um só programa, o
do alinhamento com tudo que tem sido reclamado pela mídia imperial, tanto pela
do exterior, como pela doméstica.
19, Da proposta de desativar o pré-sal – a
qual fere mortalmente a Petrobrás, que ali já investiu dezenas de bilhões de
reais, e beneficia as empresas estrangeiras, as únicas, no caso, a explorá-lo –
até à substituição do MERCOSUL por acordos bilaterais – como exige o governo
dos EUA – Marina e o candidato do PSDB estão numa corrida montando cavalos do mesmo
proprietário, com blusas idênticas, diferenciadas só por uma faixa.
20. Por tudo, a figura de Marina antagoniza o
pensamento do patrono do PSB, João Mangabeira, e o de seu fundador, Miguel
Arraes, cujas memórias estão sendo rigorosamente afrontadas.
21.
Não há, portanto, como admitir que os militantes do PSB fiquem inertes vendo a
sigla tornar-se instrumento de interesses rapinadores das riquezas nacionais e
prestando-se a que oligarcas internos e externos se aproveitem do crédito que
os grandes nomes do Partido granjearam no coração de milhões de brasileiros de
todos os Estados.
22. Há, sim, que recorrer a medidas
apropriadas, previstas ou não, nos Estatutos do Partido, para que este
sobreviva e ajude o Brasil a sobreviver.
23.
De fato, estamos diante de um golpe de Estado perpetrado por meios
aparentemente legais, incluindo as eleições. Parafraseando o Barão de Itararé,
há mais coisas no ar, além da explosão de avião contratado por um candidato em
campanha.
24. A coisa começou quando políticos e parlamentares
notoriamente alinhados com os interesses da alta finança, e outros enrustidos,
articularam a entrada de Marina na chapa do PSB, acenando a Eduardo Campos com
o potencial de votos e de grana que ela traria.
25. Fazendo luzir a mosca azul, a Rede o pegou
como peixes de arrastão.
26.
Alguém viu a foto de Marina sorrindo no funeral do homem? Alguém notou que,
imediatamente após a notícia da morte dele, a grande mídia, em peso, dedicou
incessantemente o grosso de seus espaços à tarefa de exaltar D. Marina?
27. Os golpes, intervenções armadas e outras
interferências, por meio de corrupção, praticadas a serviço da oligarquia
financeira angloamericana, em numerosos países, inclusive o nosso, desde o
Século XIX, deveriam alertar-nos para dar mais importância a contar com bons
serviços de informação e de defesa.
28. Golpes de Estado podem ser dados através
de parlamentos, poderes judiciários, além de lances como os que estão em
andamento. Agora, a moda adotada pelo império angloamericano, como se viu em
Honduras e no Paraguai, na suposta primavera árabe, na Ucrânia etc., é promover
golpes de Estado, sem recorrer às forças armadas, as quais, de resto, no
Brasil, têm sido esvaziadas e enfraquecidas, a partir dos governos dirigidos
por Collor e FHC.
*
– Adriano Benayon é doutor em economia, autor do livro Globalização versus
Desenvolvimento e ainda filiado ao PSB.
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