terça-feira, 10 de março de 2015

Mas, quem no lugar de Dilma?


A massa de manobra que se articula contra a Presidenta Dilma Rousseff, neste domingo, dia 15, tem o propósito de desestabilizá-la e provocar sua renúncia ou ,mais à frente,seu impeachment, além de expurgar do governo o Partido dos Trabalhadores –PT, que administra a coalizão governamental com o Partido do Movimento Democrático Brasileiro- PMDB, ao qual pertence o vice-presidente Michel Temer, que (assumiria?) a chefia da nação em caso de saída de Dilma.
Espera-se  que mais de uma milhão de pessoas compareçam às ruas das principais cidades brasileiras, convocadas por intermédio das redes sociais e dos aparelhos celulares de telefonia, os novos instrumentos de mobilização popular utilizados no mundo inteiro e irreversíveis como tais, com tendência ao aprimoramento das inovações tecnológicas na área da float information.
Cenário, sem dúvida, capaz de desafiar os mais experimentados cientistas políticos e analistas de marketing, porque, convocando-se pelas redes sociais, sabe-se que o efeito é como epidemia, mas ainda não se tem um antídoto contra esse fenômeno. Só resta aos ocupantes do Palácio do Planalto usar as mesmas armas da internet para neutralizar a ação adversária, cuja consequência é imprevisível.
Com a situação atual, foi um erro cometido pelo Palácio do Planalto enviar a Presidenta Dilma Rousseff ao Salão Internacional da Construção Internacional, em São Paulo, na manhã desta terça-feira, quando a Presidenta foi estrondosamente vaiada e correu até risco de vida, pois a exaltação dos manifestantes revelava sua disposição de atacar o comboio presidencial até as últimas consequências.
Será que a segurança presidencial não previu que a presença de Dilma em São Paulo, hoje, soaria como uma espécie de provocação à massa, depois do que ocorreu na semana passada, com o “panelaço” registrado nas principais capitais durante o discurso de Dilma pela televisão. Pelo menos, o fato de hoje serviu c para a segurança como teste ao que vem no domingo...
O que fazer? Só resta à Presidenta aguardar o domingo e se preparar para responder, com palavras e ações, aliados a uma boa comunicação social ( o que o regime militar sabia muito bem fazer|) aos clamores que vêm das ruas, que, desta vez, parecem que serão mais intensos do que os registrados em junho de 2013, quando não houve tanta articulação como vem ocorrendo hoje da parte dos internautas. As Forças Armadas e a Força Nacional de Segurança Pública estão bem alertas ao desfecho desse movimento, que pode significar o início de uma ruptura político-institucional, pois o conflito social tem natureza epidemiológica, como escrevi no artigo anterior.
Mas, vale o exercício de uma pergunta aos que desejam a saída de Dilma Rousseff: Quem seria colocado no lugar dela, sem se considerar o vice Michel Temer, talvez contaminado por pertencer ao PMDB? Qual nome seria capaz de resolver a situação econômica e política em que o Brasil se encontra? As medidas que vêm sendo adotadas para sanar a economia estão erradas? As investigações sobre corrupção na Petrobrás e noutras áreas estão falhas? A classe mais pobre (20 milhões de brasileiros) e os recém-incorporados à classe média (29 milhões de brasileiros), que ajudaram a eleger Dilma, concordam com a sua saída?
O melhor caminho para mudanças no Brasil, que não é nenhuma republiqueta, ainda é o voto, a menos que o Governo Dilma/Temer não consiga restabelecer, em médio prazo, a confiança em sua administração. Nesse caso, a legitimidade da defenestração seria estabelecida pela perda da eficácia, lembrando-se que governabilidade= legitimidade + eficácia, velha equação política.
Eficácia que, como ponto nevrálgico do processo em curso, começa a ser torpedeada pelos Presidentes do Senado Federal, Renan Calheiros, e da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, que ameaçam dar uma cama-de-gato na Presidenta por ela ter permitido que seus nomes fossem incluídos na lista negra da corrupção na Petrobrás pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Ambos teriam, mesmo, coragem de esfaquear o próprio PMDB? Essa crise só terá solução com a coalizão fortalecida. Se ela for cindida, haverá estilhaços para todos os lados.

O ex-Presidente Fernando Henrique Cardoso, que defende a manutenção de Dilma no Governo, prefira, talvez, a mudança pela via democrática do que ver o PMDB novamente na Presidência, situação que reduziria chance do Partido da Social-Democracia - PSDB-chegar à Presidência, em 2018, aproveitando-se do desgaste da coalizão atual.

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