Os atentados do último dia 13, em
vários pontos de Paris, que resultaram, conforme as estatísticas até agora
efetuadas, em 129 mortos e 352 feridos, foram assumidos pelo Estado Islâmico,
grupo radical jihadista que tem pretensões de hegemonia sobre os muçulmanos do
mundo inteiro.
O trágico acontecimento revela ao
mundo que o terrorismo, como forma de pressão psicológica coletiva, assumiu dimensões
globais e que nenhum país está livre de manifestações como a registrada em
Paris, capital que o grupo radical adotou como um dos seus alvos preferidos. Mas essas dimensões globais se consolidam com a onda migratória mundial, boa parte causada pelos conflitos regionais.
Quando alçado à condição de
Imperador da França, em 1804, Napoleão Bonaparte anunciou que ambicionava fazer
de Paris “não apenas a cidade mais bela do mundo, mas a mais bela que já existiu,
e também a mais bela que jamais poderia existir.”
Hoje, Paris, com 2,24 milhões de
habitantes, já não encanta tanto quanto encantava os turistas do mundo inteiro,
até há algumas décadas. A cidade é misto de agonia e êxtase. Agonia com tantos
imigrantes de várias partes do mundo, que imprimem um caráter multicultural que
desfigura o ambiente francês, desde a culinária até outros hábitos mais
peculiares. Dos cinco milhões de imigrantes recebidos pela França, a maioria
africanos, conforme censo de 2010, cerca de 1,2 milhão vive em Paris, já
dominando o subúrbio.
O fenômeno da imigração na Europa
é um fato decorrente de uma série de fatores, sendo o mais visível desses os
conflitos existentes no Oriente Médio e na África subsaariana. Entre 2014 e
2015, mais de um milhão de imigrantes chegaram à Europa pelo Mediterrâneo,
segundo dados da Organização das Nações Unidas. Os países mais visados são a
Grécia e Itália.
Há 250 milhões de imigrantes no
mundo, e o Brasil recebeu cerca de 1,8 milhão, segundo estatísticas da Polícia
Federal. A Presidente Dilma Rousseff, recentemente, afirmou que o Brasil está
de braços abertos para receber refugiados, como fez com cerca de dois mil
sírios.
O “cadinho cultural” brasileiro
original, formado por brancos, negros e índios, vem, há décadas, sendo
miscigenado com asiáticos, europeus, africanos, árabes e americanos,
transformando o Brasil na maior potência lusófona do mundo, hoje com população de 200,4 milhões de habitantes.
O tempo dirá se isso é bom ou ruim.
Oxalá o norte-americano Samuel
Huntington, com a sua teoria do choque das civilizações, esteja enganado. Segundo
essa teoria, formulada em 1993, as identidades culturais e religiosas dos povos
serão a principal fonte de conflito no mundo pós-guerra-fria.
O acontece no mundo de hoje, de
modo especial no Oriente Médio e na Europa, vem confirmando a teoria de Huntington,
que esteve no Brasil na década dos 70, como consultor do Governo João
Figueiredo, quando sugeriu a descompressão gradual do regime militar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário