A
onça começou a beber água com a operação Aletheia (do grego “Busca da Verdade”)
da Polícia Federal, no último dia 4, quando o ex-presidente Lula da Silva foi
submetido a condução coercitiva para prestar depoimento,
no Aeroporto de Congonhas, em São Paulo, à força-tarefa da “Operação Lava Jato”.
Mas, nesta semana que se inicia, o desfecho da crise política e econômica do
Brasil poderá ter lances eletrizantes.
Agora,
as delações do senador Delcídio do Amaral, publicadas pela imprensa e
envolvendo Lula e a Presidenta Dilma Rousseff como cientes dos desvios de dinheiro
da Petrobrás e, portanto, corresponsáveis, deixam o clima político mais tenso
ainda nesta semana, considerando-se o efeito negativo gerado pelo incêndio, no
último sábado, na famigerada usina de Pasadena, operada pela Petrobrás nos Estados
Unidos.
Seria
uma queima de arquivos ou o descarte de um verdadeiro armário de mutretas das
empreiteiras com os governos Fernando Henrique Cardoso, Lula e Dilma Rousseff?
Mutretas que causaram prejuízos enormes à Petrobrás e aos seus acionistas no
Brasil e no exterior.
Os
policiais foram bem cedo à residência de Lula, na cidade de São Bernardo do
Campo, no ABC paulista, e o levaram para depoimento numa das dependências do
acanhado Aeroporto de Congonhas, em São Paulo, o que facilitou a aglomeração de
simpatizantes petistas e antagonistas, gerando brigas e certo clima de
violência.
O
ex-presidente, com sua verve discursiva, conseguiu inflamar seus aliados e
chegou a zombar da Polícia mandando a Lava Jato “tomar no cu” num vídeo gravado
pela deputada petista Jandira Feghali, do Rio de Janeiro, que estava presente na sede do partido.
Lula
tenta hoje se postar como vítima e mobilizar os militantes petistas em todo o
País, em resposta à grande mobilização nas ruas que internautas vêm convocando pelas redes sociais para deposição
da Presidenta Dilma Rousseff, prevista para o próximo dia 13, fatos que deixam
as Forças Armadas em estado de alerta para coibir excessos que violem a
Constituição.
O
juiz Sérgio Moro, coordenador da Operação, determinou que Lula fosse ouvido a
respeito de várias acusações sobre suspeita de enriquecimento ilícito do
ex-presidente e familiares, com recursos das empreiteiras que teriam sido desviados
de obras da Petrobrás e repassados pelo Instituto Luiz Inácio Lula da Silva, em
São Paulo.
Cerca
de 200 policiais federais e 30 auditores da Receita Federal cumpriram 44 ordens
judiciais, sendo 33 mandados de busca e apreensão e 11 mandados de condução
coercitiva – quando a pessoa é levada para a delegacia a fim de prestar depoimento
e depois é liberada. As medidas foram cumpridas em São Paulo, Rio de Janeiro e
Bahia. A operação incluiu buscas em Guarujá, Diadema, Santo André, Manduri e
Atibaia.
Os
mandatos de condução coercitiva foram criticados pelos ministros Marco Aurélio
e Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, que consideram exorbitante a decisão do juiz
Moro. A posição desses ministros vem gerando críticas exacerbadas nas redes
sociais ao que se considera “bolivarianismo” da mais alta corte.
Não
se sabe ainda o que resultou dessa megaoperação para instruir o juiz Sergio
Moro na tomada das próximas decisões, mas a expectativa em Brasília é de que
outros políticos e empresários de grande porte serão denunciados com base na
delação premiada do senador Delcídio Amaral. O Supremo Tribunal Federal esteve
de plantão neste domingo, o que tem suscitado suspeitas de que a homologação da
delação premiada do senador Delcídio pode gerar até mesmo mandatos de prisões
de figuras importantes nos próximos dias.
Essa
operação de condução coercitiva de Lula desgasta o Partido dos Trabalhadores para
as eleições municipais deste ano e para as eleições presidenciais de 2018, à
medida que Lula não esclareceu nada, até agora, sobre as acusações que lhe
foram feitas e à própria Presidenta Dilma Rousseff de terem compactuado com atos
de corrupção na Petrobrás em comum acordo com diversas empreiteiras.
A
polícia federal revela que houve vazamento da operação do dia 4, o que a
obrigou a colher o depoimento no próprio aeroporto. Mas, os vazamentos, que
teriam prejudicado a coleta de provas, revelam que a PF e o juiz Moro terão que
reestruturar o esquema da própria Operação Lava Jato, que abrange um trabalho
conjunto da Polícia Federal, da Receita Federal e da Procuradoria Geral da
República.
Advogados e defensores de Lula reclamaram
junto ao Supremo Tribunal Federal que houve excesso dos procuradores da Lava
Jato, e o próprio ex-presidente, dizendo ter se sentido um preso no Brasil,
discursou na sede do partido colocando-se à disposição para disputar as
eleições de 2018. “Pisaram no rabo, e não na cabeça da jararaca.”
Mas,
não é bem assim como Lula diz... O ex-presidente é politicamente forte ainda, mas não tão forte
quanto imagina, pois o desgaste sofrido pelo PT é enorme e irreparável. E ainda
não se sabe o que vem por aí após as investigações da Lava Jato.
Lula
desgastado enfraquece mais ainda a Presidenta Dilma Rousseff e alimenta o
processo de impeachment, mas há quem acredite que a Presidenta possa renunciar
ao cargo em curto prazo, no máximo até final de abril, devendo assumir o vice-presidente
Michel Temer, do Partido do Movimento Democrático Brasileiro – PMDB-.
O
processo de impeachment de Dilma seria demorado, enquanto a velocidade do
crescimento da crise política e econômica que assola o Brasil é muito maior que
os prazos constitucionais, não deixando outra opção de saída honrosa à
Presidenta, que se encontra isolada no Palácio do Planalto, na verdadeira
reprodução do que diz Georges Balandier sobre a solidão do poder, em seu livro “O
Poder em Cena”.
Os
principais ministros do gabinete de Dilma, um deles Jacques Wagner, ex-ministro
da Defesa e atual Chefe da Casa Civil, estão sendo vaiados nos restaurantes e
logradouros públicos de Brasília e outras capitais, havendo hoje no País um
clima de caça aos corruptos. Nomeado para o Ministério da Justiça, por
influência de Lula, o baiano Wellington Lima e Silva teve sua posse vetada pelo
Conselho Nacional de Justiça, a pedido do partido oposicionista Democratas, com
a nação toda suspeitando que o novo ministro fosse desarticular a Operação Lava
Jato.
O
impacto do depoimento coercitivo de Lula no exterior já se revela na alta das
ações da Petrobras e da queda do dólar, porque os investidores internacionais
são sensíveis ao clima político, e a onda de corrupção no Brasil assusta o
mercado. A Operação Lava Jato desperta esperança dos investidores.
A
prisão do marqueteiro João Santana, a delação feita pelo senador Delcidio
Amaral, o depoimento coercitivo de Lula e o incêndio na refinaria de Pasadena
criam o ambiente efervescente para a passeata do próximo dia 13 em favor do impeachment
de Dilma ou de qualquer outra solução constitucional que afaste a atual ocupante
do Palácio do Planalto, que já não conta com o apoio unânime do Partido dos Trabalhadores,
conforme se depreende da entrevista do ex-governador e líder petista do Rio
Grande do Sul, Olívio Dutra, ao programa do último sábado do jornalista Roberto
D Ávila, da TV Globonews.
As
Forças Armadas já estariam de prontidão, diante das conclamações feitas pelo PT
e o próprio Lula à militância petista para que ocupem as ruas, enquanto generais
nos comandos regionais já vêm conversando com governadores estaduais e líderes
partidários para que utilizem as forças auxiliares no sentido de manter a ordem
pública, a fim de se evitar que as
Forças Armadas precisem de intervir constitucionalmente.
O
Presidente do PT, Rui Falcão, e as lideranças petistas no Senado e na Câmara, além
de ministros e governadores petistas, tentam reforçar a imagem de Lula como vítima
de excessos da Lava Jato e comprometer a autoridade do juiz Sérgio Moro. Este
afirma que a medida coercitiva não conteve nenhuma violência contra Lula
A
frágil oposição ao governo ainda não definiu sua estratégia, mas começa a propor
uma nova eleição presidencial, o que demandaria um prazo constitucional moroso
e impraticável para o atual momento crítico. Quer forçar o impeachment de
Dilma, porque não quer que ela renuncie e deixe o poder com o PMDB, em pleno
ano de eleições municipais.
A
denúncia da Procuradoria Geral da República sobre o presidente da Câmara,
Eduardo Cunha, agrava mais ainda o quadro de sucessão presidencial em caso de impeachment
ou renúncia da Presidenta Dilma. O acolhimento pelo Supremo Tribunal Federal –STF-
da denúncia impede Cunha de assumir a Presidência. Esse impedimento de Cunha favorece
Temer e o PMDB, daí que se pode concluir que a sucessão e o procedimento
legislativo se transformaram em verdadeiro quebra-cabeça, onde poucos sabem
quais são as jogadas e as peças decisivas.
O
pronunciamento da Presidenta Dilma à tarde, com 12 ministros civis ao seu lado,
para repudiar a delação premiada do senador Delcidio Amaral envolvendo Lula e
Dilma em irregularidades, com formal e rápida crítica à operação policial sobre
Lula e familiares, deixava evidente a
desvinculação entre o Lulopetismo e o Governo Dilma Rousseff, mas a presidenta,
mais do que depressa, resolveu fazer um pronunciamento e uma visita residencial a São Bernardo para desagravar o ex-Presidente
Lula, enquanto, paradoxalmente, chegou a pedir que a Operação Lava Jato siga em
frente para combater a corrupção, como se isto fosse uma conquista de seu
governo. Verdadeira contradição da Presidenta.
Obtendo,
junto ao Superior Tribunal de Justiça, liminar contra a posse do novo Ministro
da Justiça, Wellington Lima e Silva, o partido da oposição, o Democratas,
embaralha mais ainda o quadro político, indicando que a Operação Lava Jato
seguirá se prevenindo contra vazamentos decorrentes de mudanças interna corporis na Polícia Federal, quando a nação inteira sabe que a mudança
no ministério da Justiça, pedida por Lula, teve por objetivo desarticular a Operação
Lava Jato, porque novos figurões da política estão na mira da Operação
conduzida por Moro. A delação do senador Delcídio balança o os poderes Executivo e Legislativo, e são
poucos os poderosos que estão conseguindo dormir tranquilos...
Quando
Lula e seus aliados afirmam que "eles" agiram de forma
sensacionalista e o ex-presidente se coloca como vítima de um complô, gera uma
interrogação: "Eles" quem? Se a própria oposição também está minada
pelas denúncias de corrupção, assim como partidos da base aliada. O caso do
Banestado (Banco do Estado Paraná) envolvendo o envio, de 1996 a 2003, durante
o Governo de Fernando Henrique Cardoso, de recursos arrecadados para campanha
eleitoral da ordem de 150 bilhões de reais para paraísos fiscais, teria
vinculações com a própria corrupção que se apura na Petrobrás.A oposição, que
tem telhado de vidro, não quer radicalização do processo de investigações. A
quem interessa a Operação Lava Jato, além dos procuradores gerais da República,
da Receita Federal e da Polícia Federal?
Essa
é uma pergunta que paira no ar, ao mesmo tempo em que há uma curiosidade geral
sobre a origem da força de Sergio Moro, um juiz com uma equipe jovem de
auxiliares procuradores, teoricamente vulneráveis a qualquer tipo de retaliação.
Uma das forças que estariam apoiando
Moro e sua equipe seria a maçonaria brasileira, com sua capacidade de infiltração nos
centros de poder, ferrenha combatente do Comunismo que as esquerdas querem
implantar no Brasil.
Querem desmoralizar o
juiz Sérgio Moro, a Polícia Federal, a Receita Federal, mas a faxina ética
tende a prosseguir numa dinâmica de moto – contínuo-, mas não há, no momento,
nenhum ator político em cena capaz de deter a mão pesada de Moro, que voltará a
brandir, nas próximas horas, a clava forte da justiça contra figuras políticas
e empresariais importantes.
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