Codificações indecifráveis
marcaram ontem a posse da ministra Carmen Lúcia como presidente do Supremo
Tribunal Federal-STF-, numa cerimônia surrealista, que tinha como convidados alguns nomes
importantes da política brasileira atolados em denúncias de corrupções
apuradas pela “Operação Lava Jato”, coordenada pelo juiz Sérgio Moro, que, aliás,
não foi convidado.
Quando não se fala mais no
escândalo proporcionado pelo presidente do STF que passou o cargo para Carmem
Lúcia, ministro Ricardo Lewandowski, que rasgou a Constituição para livrar a ex-presidente
Dilma Rousseff da perda de seus direitos políticos em decorrência do impeachment, os brasileiros puderam
conferir as presenças de famigerados naquela posse.
Que recado ou quais recados quis
a Ministra transmitir à sociedade brasileira, convidando figuras suspeitas para
a sua posse, ao mesmo tempo em que vem brandindo sua clave contra a corrupção,
no mesmo tom em que fê-lo seu colega ministro Celso de Mello, diante de um Lula
e um ex-presidente José Sarney acabrunhados e um Renan Calheiros calado e
bebendo água diversas vezes para amenizar a secura da garganta.
Será que a ministra quis indicar que não permitirá a mão da justiça sobre tão nefastas figuras convidadas para sua posse? E o pior, diante do futuro, é os brasileiros verem que o novo vice-presidente do STF é o ministro Dias Toffoli, petista de carteirinha.
Emblematicamente, o ex-presidente
da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, teve ontem à noite seu mandato cassado
e seus direitos políticos suspensos por oito anos, numa votação que registrou
450 votos a favor da sua cassação, 10 votos contra e nove abstenções. Um número de votos surpreendente, para quem
considerava Cunha como homem forte e decisivo no cenário político brasileiro e
símbolo da impunidade por atos de corrupção. Cunha não derrubou o Partido dos
Trabalhadores –PT- como se apregoa. O PT caiu de podre por corrupção e incapacidade de governar.
Até hoje, nenhum dos 180
políticos, empresários e funcionários citados e sob suspeita de práticas de
corrupção, segundo apurações pela “Operação Lava Jato” foi condenado e preso
por determinação do STF, um tribunal que consegue transmitir à sociedade uma
interrogação: É a judicialização da política ou politização do Judiciário no
Brasil?
E vem o presidente do Senado, Renan
Calheiros, com desprezo aos milhares de servidores públicos, propor que os
ministros do STF tenham seus salários desvinculados dos demais funcionários, para
que possam ter reajuste em seus vencimentos. Pouco ética e visivelmente
oportunista essa proposta de quem tem pendências com a justiça e quer a todo custo fazer média com o STF.
Fazer os servidores pagarem pela
roubalheira e outros desmandos de políticos
é um risco para a consolidação de Brasília como Capital do Brasil e para a
própria democracia brasileira, pois sem assessoria qualificada os parlamentares
não conseguirão cumprir a contento a sua função de representação política. Processo legislativo é um mecanismo caríssimo, mas indispensável para qualquer pais que aspire a um clima político estável e essencial para atrair investidores.
O Presidente Michel Temer
descartou o reajuste aos ministros do STF, mas deve refletir que Brasília, como
capital federal e sede político-administrativa do País, é mantida pelos
servidores públicos, que movimentam todos os setores de atividades do Distrito
Federal. As restrições de remuneração aos servidores afetariam a estabilidade
política e econômica de todo o Distrito Federal criando um clima desfavorável
ao bom governo.
A ex-presidente Dilma Rousseff
foi afastada, mas terá direito a oito funcionários, dois automóveis e recebera
68 mil reais por mês, quase um milhão de reais por ano. São três milhões já
gastos com Fernando Henrique Cardoso, Lula e Sarney. Então, com Dilma, o País
gastará quatro milhões de reais na manutenção de ex-presidentes, entre os quais
não se conhece nenhum necessitado; todos se encontram muito bem financeiramente,
distantes do cidadão soberano desejado pela ministra Carmem Lúcia.
O Presidente Michel Temer, capaz de tricotar com três agulhas, bom timoneiro, vai levando o País de olho nesse Judiciário, que é visto com desconfiança por muitos brasileiros. Temer mantem-se atento ao resgate dos compromissos republicanos, ponto de honra da Maçonaria mundial, que se reflete nos trabalhos da "Operação Lava Jato".
Nenhum comentário:
Postar um comentário