O clima em Brasília é de trégua política, por causa das festas carnavalescas em todo o Brasil,depois do vendaval de delações feitas por 77 executivos da empresa empreiteira Odebrecht à "Operação Lava Jato", envolvendo os nomes de 120 políticos, entre os quais o próprio Presidente Michel Temer e os ex-presidentes Lula, Dilma, Collor e Sarney, além dos atuais presidentes do Senado Federal, Eunício de Oliveira, e da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia e do líder do governo no Senado, Renan Calheiros. As reformas anunciadas pelo governo Temer também vêm causando agitação social.
Uma suspeição geral foi lançada pelos delatores obre a cúpula atual da política brasileira, que tenta manobras discretas e até escancaradas para desacreditar as delações. Dois ministros fortes de Temer, o chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, e Moreira Franco, secretário-geral da Presidência da República, além de outros notáveis personalidades do Congresso, como o senador Edson Lobão, presidente da Comissão de Constituição e Justiça do Senado, e Romero Jucá, presidente nacional do Partido do Movimento Democrático Brasileiro -PMDB-, também tentam articular sua defesa perante as graves acusações de corrupção, mas as redes sociais se manifestam atentas a casa manobra desses delatados.
A indicação do ex-ministro da Justiça, Alexandre Morais, para o Supremo Tribunal Federal, é vista como parte dessa estratégia de reação desses acusados para acabar com a "Operação Lava Jato", coordenada pelo juiz austero juiz Sérgio Moro, de Curitiba, que já teria provas suficientes para interrogar os acusados e prendê-los.
Os Procuradores Gerais do Brasil têm recebido apoio dos seus colegas de 19 países interessados em vasculhar as operações da Odebrecht e outras empreiteiras brasileiras no exterior, em especial na América Latina e na África, onde a empresa e suas similares executam projetos com propinas pagas a políticos brasileiros. Já se encontram presos o ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, o ex-ministro da Fazenda, Antônio Palloci, o ex-ministro José Dirceu e o empresário Eike Baptista, além do ex-governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral.Todos acusados de enriquecimento ilícito.
O Presidente Michel Temer acelera as reformas da previdência, trabalhista e tributária no Congresso Nacional, numa tentativa de reverter o quadro negativo da economia brasileira e melhorar o astral de seu governo com vistas as eleições de 2018, que, por ironia das pesquisas de opinião realizadas na semana passada pela Confederação Nacional dos Transportes -CNT- apontam o ex-presidente Lula como favorito.
Nas redes sociais, as pesquisas da CNT não são dignas de crédito, pois a imagem de Lula é de derrotado e criminoso e estimula o rancor da classe média, que deseja a sua prisão imediata. Para alguns analistas, o sistema político, discretamente, estimula a permanência do Partidos dos Trabalhadores -PT- na disputa do poder como fator de equilíbrio eleitoral-partidário, diante da ausência de outro partido mais forte de esquerda. Sem Lula, podem emergir candidatos da direita radical, como Jair Bolsonaro, ou da direita moderada, como o prefeito João Dória, de São Paulo, associados ao fenômeno Donald Trump, nos Estados Unidos.
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