terça-feira, 25 de setembro de 2012

De volta a estatização brasileira



Depois de residir seis anos no Estado de São Paulo,protótipo da iniciativa privada,procurando conhecer em seus mais salientes detalhes o funcionamento dessa “locomotiva brasileira’,retorno ao mirante político de Brasília constatando a marcha estatizante do Partido dos Trabalhadores no poder, em oito anos de governo Lula e dois anos de governo Dilma Roussef.

Lula criou seis empresas estatais(Hemobras,Empresa de Pesquisa Energética,Empresa Brasil de Comunicação,Ceitec,Banco Popular e Empresa de Serviços Hospitalares),e Dilma,até o final deste ano, pretende criar mais três (Pré-Sal S/A,Autoridade de  Gestão Portuária e Embrapii),além das quatro já criadas(Segurobras,Amazul,Empresa de Planejamento e Logística e Empresa de Legado Esportivo),totalizando 13 estatais nos dois governos.
É certo que duas dessas empresas cuidarão de projetos que a Presidenta Dilma tem como pontos de honra de sua gestão: A implantação do trem-bala integrando as principais capitais do Brasil, a cargo da Empresa de Planejamento e Logística, e a construção do submarino nuclear brasileiro, pela Amazul.

Buscar,com essas empresas,parcerias com a iniciativa privada seria o argumento do governo,a não ser que haja oculta alguma estratégia para confrontação com o poder financeiro internacional inserido de forma alienígena e predatória na estrutura produtiva do Brasil, como bem descreve o artigo abaixo do professor Adriano Benayon.

O Brasil tem 123 empresas estatais,das quais 73 empresas estão sob seu controle(66 do setor produtivo e sete ligadas à área financeira),empregando 500 mil funcionários e um volume de 900 bilhões de reais,segundo excelente reportagem do jornal “Metrobrasil,edição de 24/09/2012.

A publicação afirma que os investimentos nas estatais neste ano chegam a 107 bilhões de reais,superior ao orçamento de 80 bilhões de reais para investimentos nos poderes Executivo,Legislativo e Judiciário.

Depois da febre desestatizante do Governo Fernando Henrique Cardoso, o tamanho do estado brasileiro chegou a ser motivo de debate nos meios políticos,intelectuais e empresariais, mas a bandeira dos tucanos já está sendo reavaliada como prejudicial aos interesses nacionais. A palavra “privatização” parece maldita hoje,diante do quadro crítico da Europa.

Não se fala mais em “welfare state”, “capitalismo de estado”, “terceiro setor”, “público não-estatal” e outras expressões saborosas para os economistas. A globalização empurra países como o Brasil,China e India para posições tradicionais de defesa diante da bolha financeira mundial crescente e da encarniçada disputa pelas fontes energéticas e matérias-primas estratégicas.

A estatização atual no Brasil é um fato antigo com versão nova, e o único governante que soube interpretar (e aproveitar) a cultura  cartorialista,patrimonialista e estatista brasileira foi Getúlio Vargas, cuja figura  vem sofrendo toda sorte de vitupérios nas últimas décadas,embora continue a inspirar as elites nacionais.

 

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