Depois de residir seis anos no Estado de São Paulo,protótipo da iniciativa privada,procurando conhecer em
seus mais salientes detalhes o funcionamento dessa “locomotiva brasileira’,retorno
ao mirante político de Brasília constatando a marcha estatizante do Partido dos
Trabalhadores no poder, em oito anos de governo Lula e dois anos de governo
Dilma Roussef.
Lula criou seis empresas estatais(Hemobras,Empresa de Pesquisa
Energética,Empresa Brasil de Comunicação,Ceitec,Banco Popular e Empresa de
Serviços Hospitalares),e Dilma,até o final deste ano, pretende criar mais três (Pré-Sal
S/A,Autoridade de Gestão Portuária e
Embrapii),além das quatro já criadas(Segurobras,Amazul,Empresa de Planejamento
e Logística e Empresa de Legado Esportivo),totalizando 13 estatais nos dois
governos.
É certo que duas dessas empresas cuidarão de projetos que a Presidenta Dilma tem como pontos de honra de sua gestão: A implantação do trem-bala integrando as principais capitais do Brasil, a cargo da Empresa de Planejamento e Logística, e a construção do submarino nuclear brasileiro, pela Amazul.
Buscar,com essas empresas,parcerias com a iniciativa privada seria o
argumento do governo,a não ser que haja oculta alguma estratégia para
confrontação com o poder financeiro internacional inserido de forma alienígena
e predatória na estrutura produtiva do Brasil, como bem descreve o artigo
abaixo do professor Adriano Benayon.
O Brasil tem 123 empresas estatais,das quais 73 empresas estão sob seu
controle(66 do setor produtivo e sete ligadas à área financeira),empregando 500
mil funcionários e um volume de 900 bilhões de reais,segundo excelente
reportagem do jornal “Metrobrasil,edição de 24/09/2012.
A publicação afirma que os investimentos nas estatais neste ano chegam a
107 bilhões de reais,superior ao orçamento de 80 bilhões de reais para
investimentos nos poderes Executivo,Legislativo e Judiciário.
Depois da febre desestatizante do Governo Fernando Henrique Cardoso, o
tamanho do estado brasileiro chegou a ser motivo de debate nos meios
políticos,intelectuais e empresariais, mas a bandeira dos tucanos já está sendo
reavaliada como prejudicial aos interesses nacionais. A palavra “privatização”
parece maldita hoje,diante do quadro crítico da Europa.
Não se fala mais em “welfare state”, “capitalismo de estado”, “terceiro
setor”, “público não-estatal” e outras expressões saborosas para os
economistas. A globalização empurra países como o Brasil,China e India para
posições tradicionais de defesa diante da bolha financeira mundial crescente e
da encarniçada disputa pelas fontes energéticas e matérias-primas estratégicas.
A estatização atual no Brasil é um fato antigo com versão nova, e o único
governante que soube interpretar (e aproveitar) a cultura cartorialista,patrimonialista e estatista
brasileira foi Getúlio Vargas, cuja figura
vem sofrendo toda sorte de vitupérios nas últimas décadas,embora
continue a inspirar as elites nacionais.
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