segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Oito observações sobre as eleições municipais


 
Terminadas as apurações do primeiro turno das eleições municipais e restando a disputa em segundo turno em 22 cidades brasileiras (das quais 15 capitais), considero válidas as seguintes observações:
1.     O PMDB, mesmo encolhendo, mas vencedor em 1.032 municípios, continua sendo, com sua bancada na Câmara e no Senado, pedra angular da coligação  atual de governo do Brasil  e principal protagonista das eleições presidenciais em 2014;
2.     O PSDB (701 prefeituras) encolheu em São Paulo, Minas Gerais e Ceará, seus principais redutos, embora se mantenha na segunda colocação geral entre os partidos mais influentes, seguido pelo PT (642 prefeituras), PSD (497) e PSB (436);
3.     O DEM (277 prefeituras, entre as quais a de Aracaju) teve considerável declínio, que ameaça a sua própria sobrevivência, a menos que busque sua fusão com alguma legenda, mesmo que venha a conquistar a prefeitura de Salvador;
4.     A oposição à atual coligação de governo fica enfraquecida, conquistando apenas as prefeituras de Maceió, com Rui Palmeira (PSDB), e Aracaju, com João Alves (DEM). Só após o resultado do segundo turno, quando outras capitais estarão em disputa, principalmente São Paulo, se saberá quais os desafios ou facilidades que a Presidente Dilma enfrentará com a sua base parlamentar.
5.     O PV teve um crescimento pífio (97 prefeituras), para quem teve uma candidata à presidência, Marina Silva, com 19,6 milhões de votos, quando disputou com Dilma Rousseff. Descartando Marina Silva, o partido abortou, assim, a sua expectativa de se tornar uma via alternativa de conquista do poder, abrindo espaço para o PSB de Eduardo Campos;
6. O “Mensalão” não influiu muito nos resultados desse primeiro turno, mas a
tendência é que seja explorado no segundo turno pelos adversários do PT;
7. O Rio de Janeiro, tradicionalmente foco de oposição, consolida sua transformação em centro estratégico de apoio ao governo, com o prefeito Eduardo Paes e o governador Sérgio Cabral;
8. A abstenção recorde de 22 milhões de eleitores, segundo dado divulgado pelo TSE, pode ser sintoma de apatia ou descrença do eleitorado no atual sistema de governo. Esse dado merece estudos, principalmente pelos parlamentaristas.
O quadro político apresenta essas nuances, após o primeiro turno, mas o segundo turno dessas eleições municipais projetará cenários mais precisos para as eleições presidenciais de 2014 e o controle do poder no Brasil nas próximas décadas.
 

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