sábado, 24 de novembro de 2012

PMDB teme processo de facçionização


"Todo partido político nasce de uma facção e morre numa facção, e seu objetivo vital deve ser a disputa do poder."

Esta lei da Ciência Política, reconhecida pelos mais renomados especialistas em sistemas eleitorais e partidários -como Maurice Duverger, Giovanni Sartori, Norberto Bobbio, David Fleischer e Diete Nolan-, parece assustar agora os dirigentes do PMDB, que decidiu disputar o poder em 2018 com um candidato próprio à Presidência da República, conforrme anunciou o presidente do partido, senador Waldir Raupp.

Segundo o presidente da Fundação Ulysses Guimarães, deputado Eliseu Padilha (PMDB-RS), ex-ministro dos Transportes, a decisão de evitar que o partido, atual esteio da coalizão liderada pelo PT, se transforme numa facção foi tomada após sondagem das bases, representadas por dirigentes de todos os estados presentes em Brasília, que reclamaram da posição secundária da agremiação no governo, embora ela tenha conquistado 20% das prefeituras brasileiras nas últimas eleições municipais.

Parlamentares expressivos de outros partidos interpretam a decisão como estratégia de preservação de espaço para uma possível aliança do PMDB, em 2018, com o Partido Socialista Brasileiro -PSB-, do governador Eduardo Campos, legenda de esquerda que mais cresceu nas últimas eleições.

Outro objetivo estratégico dos dirigentes peemedebistas seria acalmar os novos valores do PMDB, insatisfeitos com a falta de espaço e que podem migrar para outras legendas, com vistas à composição das chapas para as eleições de 2018, posto que o deputado Michel Temer se garantiu para compor a chapa de reeleição da Presidente Dilma Rousseff, em 2014.

Visto por muitos como uma federação de alianças regionais e com muitas rachaduras internas, o PMDB tem, contudo, a fama de partido altamente profissional e competente no Congresso Nacional e na disputa dos cargos federais, tornando-se espinha dorsal da coalizão atual com o PT, em virtude de reunir o maior número de deputados e senadores.

Disputar a presidência, como fizeram Ulysses Guimarães e Tancredo Neves, é uma estratégia para revigorar o partido e ajustá-lo à renovação que se faz necessária até para sua sobrevivência, com ou sem aliança com o PT ou PSB em 2018, pois ao eleitor é uma forma de sinalização de que sua agremiação não pretende ficar a reboque de outra legenda.

Diante da fragmentação partidária atual, até o PPS, presidido pelo deputado Roberto Freire, anuncia sua disposição de lançar candidato próprio em 2018,firmando-se como legenda oposicionista e saindo da órbita do PSDB.

Nenhum comentário:

Postar um comentário